sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Impávido Colosso

Política é um assunto para se pensar sempre.

aproveitem.



Impávido Colosso



         Não costumo voltar a tema da semana anterior, a não ser que o mesmo não tenha sido totalmente esgotado ou que tenha havido uma repercussão bem acima do esperado. Penso que a repetição de hoje se deve aos dois fatores em conjunto. Politização é um tema que nunca se esgota, principalmente para nós brasileiros que vivemos em uma democracia tão incipiente e remendada. E no caso da minissérie “Brado Retumbante”, tenho percebido uma manifestação acima do considerado normal. Notei também uma mudança de perfil dos telespectadores da citada minissérie. Vejo formadores de opinião de alto quilate discutindo sobre os feitos do nosso Presidente da República de faz de conta. Pessoas que não costumam se apegar a televisão muito facilmente, a não ser que vejam nisso uma oportunidade de enriquecer seus conceitos (coisa rara na nossa TV contemporânea). Também vejo muitas pessoas ligadas diretamente ao meio político. O que leva esses formadores de opinião, políticos ou não, a estarem acompanhando um programa de caráter fictício? Estariam os nossos pensadores carentes de conceitos como ideal, retidão, honestidade e democracia?

         Outra dúvida que me bate agora, só que agora falando como telespectador, é quanto ao final da minissérie. Porque vai sofrer assim lá na baixa da égua (como dizia meu avô)! Parece que a função de Presidente da República é amaldiçoada. O cidadão tem um filho trans sexual, uma filha viciada em medicamentos, um genro traíra, um bando de políticos safados querendo puxar seu tapete, um quase conflito armado com a Bolívia do Sul (nome proposital né?), uma mãe doida, um tio “mala”, um atentado a bala e uma mulher que o trai com um argentino?!?! Isso não é vida. É um purgatório! Considerando o desconto da teledramaturgia, será que o autor dará um final feliz para o personagem, ou mostrará o que é a vida real? Afinal, nem sempre no final todo mundo é feliz. Nem todo mundo se casa (não que casamento signifique felicidade), nem todo mocinho fica rico e principalmente, nem todo bandido vai para a cadeia ou explode num acidente de avião. Isso é fato. Mas não adianta locupletar, pois só saberemos o desfecho dessa história no capítulo final de hoje à noite. E espero sinceramente que o autor se mostre um pouco “Rodriguiano” e nos surpreenda com um final inesperado. Logicamente que não vamos levar muito ao pé da letra a invocação por Nelson Rodrigues, afinal não precisamos de nenhum incesto no fim dessa história.

         Independente do desfecho gostaria de voltar ao cerne da questão que me motivou retornar a esse assunto. Não foi pelo heroísmo sofredor do Presidente e sim pelo contexto deteriorado do nosso cenário político. Não cabe e nunca caberá a nós cidadãos desse país, elegermos um salvador da pátria. Isso só funciona em livros e séries de TV. Cabe a nós, aí sim de maneira consciente, escolher pessoas mais responsáveis e com princípios mais retos para comandarem essa nação. E temos que começar pelos que estão mais próximos de nós. Prefeitos e Vereadores. Nada mais apropriado para um ano de eleições municipais. E cabe a esses mesmos formadores de opinião que se interessaram pela minissérie, influenciar pessoas nesse sentido. A política desse país requer mudanças, e elas só virão se forem gestadas por nós. Ou ficaremos eternamente observadores do nosso “Impávido Colosso”? Já pensaram nisso?

Guilherme Augusto Santana

Goiânia, 27/01/12

Um comentário:

  1. Meu amigo como sempre brilhante no seu blog, espero um dia chegar aos seus pés ! Grande abraço

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