Quem tem Ética?
Volto ao meu prazeroso ofício das sextas-feiras, após pausa necessária e revitalizante, que é de escrever a quem goste de ler opiniões formuladas nos intervalos das ocupações diárias ou mesmo em mesas de botecos. O que me provoca desta feita são as notícias, cada vez mais freqüentes, de escândalos políticos e principalmente o mau uso da palavra ética. Aliás, essa palavra, a danada da ética, tem sido utilizada de forma corriqueira e cotidiana como um elixir para os problemas brasileiros. Mas será que entendemos o que seja ética? Vamos recorrer ao pai dos burros para melhor elucidação: “parte prática da filosofia social, que indica as normas a que devem ajustar-se as relações entre os diversos membros da sociedade”. Resumindo é o conjunto de procedimentos acordados para convivência em sociedade. Ou seja, se a sociedade acordar que roubo é uma coisa correta, então roubar será considerado dentro da ética. Correto? Mas não vamos partir para o absurdo, já que na maioria das sociedades civilizadas, o roubo não é considerado uma arte lícita. Vamos partir para o cerne da questão: Você, que está me lendo agora, se considera ético? Trinta segundos para pensar... acabou. Então vamos a um questionário básico para aferir sua resposta. Mas antes, vamos estabelecer as regras, ok? Não existe tamanho de coisas erradas. Errado é errado, seja roubar uma galinha ou assassinar uma pessoa. Cada “sim” respondido valem 10 pontos e cada “não” valem 0 pontos. Estabelecido? Então vamos ao nosso questionário:
Responda sim ou não de maneira sincera (afinal, só você está lendo)
1) Você já prevaricou com dinheiro público igual, aparentemente, alguns políticos andam fazendo? (considere nessa pergunta sonegação de impostos de qualquer natureza, principalmente mentir para o leão e aquisições de mercadorias sem nota fiscal).
2) Você já se apossou de algo que não lhe pertencia? (considere nessa pergunta a aquisição de CDs e/ou DVDs pirata e downloads de músicas e/ou filmes sem autorização).
3) Você já infringiu alguma lei deliberadamente? (considere nessa pergunta atravessar o sinal fechado porque esta com pressa, estacionar em local proibido porque não achou outro lugar e conversar ao celular no volante porque o assunto é extremamente importante).
4) Você já prejudicou alguém em detrimento próprio? (considere nessa pergunta as desculpas fantasiosas para faltar ao trabalho e a confecção de carteira de estudante fria).
Pronto! Não doeu nada né? Agora some os pontos. Se sua pontuação ficou entre 0 e 9 pontos, parabéns, você definitivamente é uma pessoa ética. Agora se você ficou no intervalo entre 10 e 40, sinto muito, mas está precisando melhorar.
Aí com certeza você deve estar se perguntando: “então quer dizer que a ética é uma utopia?”. No meu entendimento, não. Mas, utópica sim, é a maneira pela qual estamos tentando alcançá-la. Sempre vendo a deficiência do outro. Não conseguiremos uma sociedade ética somente apontando o dedo para nossos infratores e crucificando-os, como se fossemos julgadores sem vícios. Isso não quer dizer que os culpados não devam ser punidos. Longe de mim suscitar um Estado Anárquico. Mas devemos principalmente apontar o dedo para nós mesmos e nos perguntarmos: “De que forma darei minha contribuição para fortalecer a ética em minha sociedade?”. Aprendendo a lidar com nossas próprias deficiências, a mudança com certeza acontecerá. Não nos esquecendo que de forma lenta e gradual. Assim sendo, nos tornaremos exemplos e poderemos almejar que nossos filhos sejam seres melhores. Pensemos?
Guilherme Augusto Santana
Goiânia, 19/08/2011