sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Sobre Pareto e ervilhas


Sobre Pareto e ervilhas



          Determinada século atrás, um cidadão chamado Vilfredo Pareto percebeu que 20% das vagens plantadas em seu quintal, produziam 80% das ervilhas. Sendo o mesmo, provavelmente um apreciador de sopa de ervilhas, e entendendo não se tratar de uma coincidência, formulou uma teoria. Não sobre ervilhas, mas sobre economia, probabilidade, natureza e vida. Surgiu então uma das mais controversas e certas leis apresentadas até hoje pelo homem. O Princípio de Pareto. Se não está familiarizado com o que digo, logo esclareço através de exemplo.

          Imagine um estudante se preparando para a prova. Ele fez o dever de casa e participou das aulas sistematicamente. Quando se propõe a estudar para a prova, provavelmente gastará 20% do tempo disponível para tirar 80% da nota máxima. E o inverso também faz sentido, pois, estatisticamente, gastará 80% do seu tempo restante estudando para conseguir o restante dos 20% faltantes para a nota máxima. Ficou claro ou não?

          E agora vem a pergunta cabal: E o que isso tem a ver com a nossa vida, já que não somos produtores de ervilhas? Simples. O princípio de Pareto, se entendido de maneira mais ampla corrobora muito com outra lei. Mas dessa vez confeccionada pelo Criador. A Lei de Tempo. Se nós entendemos que para realizar bem uma tarefa, podemos gastar 20% do nosso tempo, em detrimento da perfeição da mesma tarefa, estamos de certa forma economizando 80% do tempo para realizar outras tarefas. Matematicamente parece perfeito né? Porém resta a pergunta de quando mirar a perfeição no ato e quando se contentar com o bom. Porque se levamos Pareto ao entendimento errôneo, podemos estar incorrendo em uma propensão danosa. A propensão ao fácil. Aí com certeza gastaremos 20% do nosso tempo para ter 20% de sucesso. Esse se chama princípio do preguiçoso. E com certeza não é esse o nosso objetivo. E também não é o objetivo passarmos a vida obstinados. Porque muitos não entendem a diferença entre persistência e obstinação. Sendo a primeira uma qualidade e a segunda uma deficiência. Ao final chego à conclusão própria (friso a individualidade da conclusão) de que os extremos infringem as Leis Universais e assim sendo geram sanções indesejadas. Facilidade e obstinação podem ser substituídos por persistência e ganho de tempo. Basta observar Pareto e as nossas ervilhas. As nossas, não as dos vizinhos.  

          Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 25 de agosto de 2017

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Top Five


Top Five

 

          Se tem uma coisa que eu gosto de ler são as famigeradas listas dos melhores. Se tem a palavra “top” eu já corro para discordar. Isso mesmo. Discordar. Porque as listas só têm duas características definitivas: Tentar simplificar algo mais complexo e causarem divergências. Mesmo assim, ciente do risco do clichê, irei empreender nessa seara. Hoje farei uma crônica com as cinco reformas que entendo serem essenciais ao nosso país. Segue o top five!

 

Five: Reforma Trabalhista !

          Não vou aqui citar datas das leis trabalhistas e nem entrar na esfera jurídica. Vou me ater ao custo que um trabalhador chega ao final do mês. É exorbitante. O que se recolhe de taxas, contribuições, impostos, auxílios e outros penduricalhos, chegam a custar quase o dobro do que se paga diretamente ao empregado. E pior, a maioria desse recurso simplesmente se esvai pelas frestas dos cofres públicos. Ou ainda pior, são utilizados em segmentos que em nada se relacionam com os trabalhadores. Tudo reflexo do nosso Estado paternalista que se arvora em “defesa” do elo mais fraco em detrimento do “bandido” capitalista. Ao final todos pagam a conta. Os empregados e os empregadores.

  

Four: Reforma Previdenciária !

Sabe pirâmide financeira? Aquela que os primeiros a entrar se dão bem e os últimos se f...? Pois é bem isso que se tornou nossa previdência. Não só porque o modelo se tornou obsoleto para a realidade que estamos vivendo no país hoje. Não. Mas muito por conta dos milhares de beneficiários que se penduraram nas tetas da previdência sem ter contribuído com um tostão. Não que essas pessoas, muitas carentes, não mereçam auxílio do Estado. Não de novo. Mas isso deveria entrar na conta da assistência social e não na da previdência.

 

Three: Reforma Tributária !

Todas as variações da letra “i” existem na legislação tributária brasileira. A análise combinatória não consegue mais resolver caso seja criado novo imposto. Já partiram inclusive para as alternativas taxas e contribuições. E, como no caso dos custos trabalhistas, não sabemos para que canto vai o dinheiro. Tem recurso dividido entre União, Estados, Municípios e corruptos. Não nessa mesma ordem. Pasmem que a figura mais importante dentro de uma empresa hoje é o contador e sua equipe, pois o trabalho de geração e recolhimento desse caminhão de impostos é hercúleo. Precisamos de simplificação e desoneração tributária para ontem. Quem paga a conta eu não preciso nem dizer né?

 

Two: Reforma Política !

 O mesmo tanto que tem de “i” no campo impostos, encontramos de “p” no campo político. Com certeza devemos estar no Guinness Book como país que tem a maior quantidade de partidos políticos da galáxia. E o pior de tudo é que a grande maioria não realiza o que lhe é de dever. Ficam orbitando em torno dos grandes partidos em busca de migalhas de poder numa relação simbiótica onde todos saem ganhando menos o eleitor brasileiro. Vivemos num hiato de regime igual pizza de domingo. Meio Presidencialista e meio Parlamentarista. Ao final não sentimos o gosto bom de nenhum dos dois sabores e amargamos com a confusão institucional.

 

One: Reforma Cultural !

  Vou chamar assim, mas na verdade deveria se chamar Reforma Pessoal. Porque essa tem que ser individual. Essa tem que reformar os conceitos morais do cidadão brasileiro sendo plasmado posteriormente na ética do trato com o semelhante. Resumindo: os nossos representantes não vieram de Marte e sim de dentro da nossa própria sociedade. Não adianta jogar a culpa do Estado, governantes, políticos, etc. sendo que fomos nós que os colocamos lá para nos representar. Se eles não têm ética e decência, com certeza a sociedade que os elevou aqueles cargos também não o tem. Necessitamos urgente de uma reforma nos conceitos, princípios e valores morais. E isso não se faz através de votação, emenda parlamentar ou projeto de lei. Se faz no interno de cada ser. E sem essa reforma não teremos nenhuma das outras citadas acima. Afinal não podemos colher morangos se plantamos abacaxi.

 

          Discorda? Então faça sua própria lista. Adoraria lê-la.

 

 

Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 04 de agosto de 2017