Para o alto e avante
Chega o final de ano e com ele
alguns eventos endêmicos. Daqueles que acontecem preferencialmente no mês de
dezembro. Tipo confraternização, amigo secreto, show do Roberto Carlos e entrega
de boletim de menino. Posso dissertar sobre os quatro temas com a maior facilidade,
mas nenhum me provoca mais reflexão do que o último. Apesar de que o show do
Rei sempre provoca muita reflexão. Mas, voltando ao assunto, estava eu hoje,
junto com uma centena de pais, recebendo as notas de fim de ano dos filhos. É
nesse momento que a porca torce o rabo. Culmina todo um ano de trabalho
pedagógico. Desnudam-se as capacidades e deficiências desses pequenos seres,
que aos olhos dos pais parecem perfeitos. Tá não exageremos... têm algumas
deficiências, mas só nós podemos aponta-las. Como alguém se atreve a fazê-lo?!
Respira. É nesse momento de reflexão, sentado aguardando ser chamado para falar
com a professora, ou mesmo sentado diante dela, que divaguei. O que é educar um
filho. Quais as responsabilidades de um ser imperfeito, no caso eu, em educar outro
ser. O quanto da felicidade daquele pequeno ser depende desse ser que vos fala.
O quanto do sucesso dele depende do que eu puder transmitir. O quanto eu só
queria que eles fossem felizes. O quanto eu queria que tivesse um comprimido da
boa educação (quem inventar fica rico). Há quem diga que educar filhos
atualmente é mais complexo. Que o mundo é mais complexo. Que os perigos são
maiores. Não sei se devo concordar. Seria como afirmar que Pelé foi o melhor
jogador de todos os tempos sem vê-lo jogar no nosso tempo. Será que ele hoje,
faria o mesmo sucesso? Penso que a análise não pode ir por esse caminho. Cada
época tem sua complexidade e o homem evolui conforme a necessidade. Partindo
desse princípio penso que meus avós foram criados com tanta complexidade quanto
eu fui criado e meus filhos estão sendo. Se hoje nós temos a internet a atormentar
a cabeça dos pais, outrora tivemos a ideologia política, o movimento hippie, os
cabeludos Beatles, as grandes guerras e Caim. Há outros ainda que digam o
contrario. Criar filhos nos tempos atuais é muito mais simples. Jogam grande
facilidade na tecnologia e no conhecimento avançado. Mas esquecem-se esses, que
assim como os pais tem acesso à informação, os filhos também o têm. Então
continuamos empatados. Alias, os educadores tem que correr muito mais para não
ficar para trás diante da fome de conhecimento desses meninos. Crianças que
hoje são educadas e no futuro educarão. Terão também essa missão árdua e ao
mesmo tempo gratificante. Quais serão as dificuldades pelas quais eles passarão
quando chegar seu tempo? Só o tempo dirá. Hoje de manhã, na entrega dos
boletins, recebi mais notícias boas do que ruins. Isso mostra que o caminho é
árduo mas parece certo. Como recompensa sairei mais cedo do trabalho e assistirei
a um filme com eles. Com direito a pipoca e refrigerante. Qual o filme
escolhido? Levarei a primeira versão de Superman de 1978. Por incrível que
pareça eles gostam de filmes da época de seus pais. E eu gosto de ver as
carinhas deles achando tudo engraçado. Porque os tempos podem ser distintos,
mas o afeto os une.
Guilherme Augusto Santana
Goiânia, 13/12/13