Eles
não
Na
eminencia de uma nova eleição para presidente, e diante da situação
periclitante da campanha, esse cronista resolveu, diferentemente de sua
trajetória, opinar com maior veemência. Espero que o possa fazer de maneira
democrática como é inerente ao nosso princípio constitucional, sem derramamento
de sangue com facadas ou derramamento de ódio por represálias. Afinal é somente
a opinião de um cidadão eleitor.
Lembro-me
da eleição de Fernando Collor. Recém egressos de períodos de chumbo, queríamos
retomar as rédeas do nosso direito cívico depositando em urna a vontade de uma
nação. Por isso tantos candidatos a esse protagonismo surgiram. Todos querendo
ser esse que figuraria como o primeiro presidente pós regime de ditadura
militar. E a eleição do então jovem político alagoano refletia isso. Um grito
contido na garganta. O desenrolar da história mostraria que a decisão talvez
não tenha sido acertada, mas era muita empolgação para um momento histórico.
Talvez tenha faltado experiência, mas nunca juízo.
E
depois desse recomeço turbulento veio o sociólogo Fernando Henrique Cardoso.
Nesse momento mais economista do que propriamente social. Era o que a população
ansiava. A estabilidade econômica após malfadados planos Bresser, Verão,
Cruzeiro, Cruzado Novo, congelamento de poupança, entre outras experimentações
e aberrações. Era só isso que queríamos. Elegemos um presidente que
representava essa estabilidade. Essa oportunidade de conseguirmos enxergar um
futuro. Talvez tenha faltado opção, mas nunca juízo.
Eis
que surge o presidente mais popular do Brasil após JK. Não sem antes ter tomado
um banho de loja, de bons modos e de ótimos marqueteiros. Era a esquerda,
finalmente, assumindo as rédeas do país. O metalúrgico Luís Inácio Lula da
Silva ascendia ao posto máximo da nação após várias tentativas. Era o triunfo
da classe operária com aval do empresariado. Depois da estabilidade econômica
viria o galopar rumo ao desenvolvimento e ao protagonismo mundial. Chegamos a
sentir o gosto de sermos a bola da vez. Talvez tenha faltado clarividência, mas
nunca juízo.
A
primeira presidente do Brasil foi festejada em verso e prosa. Passava da hora
das mulheres assumirem esse papel principal. Mesmo que fosse uma mulher que
batesse a mão na mesa como um homem. Para fugir da alcunha de fantoche, Dilma Rousseff
bateu mais que a mesa podia suportar. Num presidencialismo de coalizão, a mesa
precisa estar de pé, senão o presidente cai. E diante da sua falta de
capacidade de articulação, característica primaz da natureza feminina, o seu
mandato ruiu diante da crise financeira e institucional. Mais um impeachment no
currículo do país. Talvez tenha faltado firmeza, mas nunca juízo.
E aí chegamos na encruzilhada da história
brasileira. Literalmente em frangalhos. Só a capa do Batman e em pé de guerra.
Os caminhos estão à nossa frente e precisamos decidir por onde ir. Direita de
Bolsonaro ou esquerda de Haddad. Diametralmente opostos. Indubitavelmente incertos.
Igualmente danosos. E diante do cenário pergunto: ainda temos tempo de optar por
um caminho de centro mais equilibrado? Tenho medo da resposta e do resultado.
Porque nesse momento não está faltando aos brasileiros experiência, opção,
clarividência e nem firmeza, mas pelo visto está faltando juízo.
Guilherme
Augusto Santana
Goiânia, sexta feira 27 de setembro de
2018