Verdades e Mentiras
Hoje faz exatos 52 anos de
um fato histórico que mudou os rumos do país. Passado todo esse tempo,
deveríamos poder tecer reais e exatas análises sobre as consequências benéficas
e maléficas do fato. E mesmo “com esse tempo todo” ainda guardamos imprecisões
e divergências de opinião sobre alguns efeitos do citado fato. Revolução ou
Golpe de Estado? Governo ou Ditadura? Milagre econômico ou Propaganda Militar? Castração
da Democracia ou Preparação para Democracia? 31 de março ou 1º de abril? Entendo
que para a maioria das pessoas, que se dispõe a pensar sobre o assunto, as
conclusões levam para um mesmo rumo. Uma opinião convergente guardadas as margens
de erro. Restam as vozes dissonantes que ecoam como em todo assunto de grande
vulto e importância. O desvio padrão. Mas o que resta de mais importante nesse
momento, talvez não sejam essas perguntas que foram feitas anteriormente,
sendo-as essenciais mais para os livros de História. O que restam de perguntas
imediatas seriam: O que os fatos ocorridos há mais de meio século podem nos
ensinar sobre como lidar com o que enfrentamos hoje? Será que nossa democracia
está suficientemente madura para prescindir dessa “proteção” militar que
ocorreu em 64? Estarão nossas instituições fortalecidas para gerir um processo
de crise política/financeira sem perder a razão democrática que regem suas
funções? Mesmo não respondendo de forma cabal a todas essas perguntas, vejo que
as respostas tendem a mostrar uma diferença substancial entre os tempos
propostos. 2016 não é 1964. Os nossos problemas e soluções parecem ser
diferentes. O Brasil parece ser diferente. Talvez a síndrome do “gato
escaldado” remeta memórias não muito agradáveis e o torturado mostre medo da
faca de cozinha por lembrar do uso torto e vil, mas entendo que uma análise
pragmática dos fatos nos mostre que é só trauma mal curado. Nada mais que isso.
Reminiscências de falta de luz em porões da repressão. Mas mesmo diante dessa
conclusão, não nos é autorizado negligenciar a missão de continuar no amadurecimento
democrático e institucional de nosso país. Pelo contrário, nos impõe uma
responsabilidade maior por não almejarmos retornar em tão recente cadafalso. A
corda ainda doí ao pescoço. Posso estar enganado? Claro. O passado sempre pode
se repetir. Basta que o povo se repita. Mas hoje sinto uma paz no coração que
alenta minhas palavras e meus pensamentos. Pressinto que nesse dia 1º de abril
tão significativo restarão no final mais verdades do que mentiras.
Guilherme Augusto Santana
Goiânia, sexta feira 01 de abril de 2016
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