sexta-feira, 1 de abril de 2016

Verdades e mentiras


Verdades e Mentiras

         

         

Hoje faz exatos 52 anos de um fato histórico que mudou os rumos do país. Passado todo esse tempo, deveríamos poder tecer reais e exatas análises sobre as consequências benéficas e maléficas do fato. E mesmo “com esse tempo todo” ainda guardamos imprecisões e divergências de opinião sobre alguns efeitos do citado fato. Revolução ou Golpe de Estado? Governo ou Ditadura? Milagre econômico ou Propaganda Militar? Castração da Democracia ou Preparação para Democracia? 31 de março ou 1º de abril? Entendo que para a maioria das pessoas, que se dispõe a pensar sobre o assunto, as conclusões levam para um mesmo rumo. Uma opinião convergente guardadas as margens de erro. Restam as vozes dissonantes que ecoam como em todo assunto de grande vulto e importância. O desvio padrão. Mas o que resta de mais importante nesse momento, talvez não sejam essas perguntas que foram feitas anteriormente, sendo-as essenciais mais para os livros de História. O que restam de perguntas imediatas seriam: O que os fatos ocorridos há mais de meio século podem nos ensinar sobre como lidar com o que enfrentamos hoje? Será que nossa democracia está suficientemente madura para prescindir dessa “proteção” militar que ocorreu em 64? Estarão nossas instituições fortalecidas para gerir um processo de crise política/financeira sem perder a razão democrática que regem suas funções? Mesmo não respondendo de forma cabal a todas essas perguntas, vejo que as respostas tendem a mostrar uma diferença substancial entre os tempos propostos. 2016 não é 1964. Os nossos problemas e soluções parecem ser diferentes. O Brasil parece ser diferente. Talvez a síndrome do “gato escaldado” remeta memórias não muito agradáveis e o torturado mostre medo da faca de cozinha por lembrar do uso torto e vil, mas entendo que uma análise pragmática dos fatos nos mostre que é só trauma mal curado. Nada mais que isso. Reminiscências de falta de luz em porões da repressão. Mas mesmo diante dessa conclusão, não nos é autorizado negligenciar a missão de continuar no amadurecimento democrático e institucional de nosso país. Pelo contrário, nos impõe uma responsabilidade maior por não almejarmos retornar em tão recente cadafalso. A corda ainda doí ao pescoço. Posso estar enganado? Claro. O passado sempre pode se repetir. Basta que o povo se repita. Mas hoje sinto uma paz no coração que alenta minhas palavras e meus pensamentos. Pressinto que nesse dia 1º de abril tão significativo restarão no final mais verdades do que mentiras.        

              

Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 01 de abril de 2016

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