Mais uma das antigas:
Carta de pai para filho
Meu querido filho,
Hoje o dia nasceu como de costume. Frio e seco. Começamos com o sol e com certeza terminaremos com as estrelas. Ou vice versa. Sábado. Ultimo dia da semana. Julho. Cinco. Dois mil e oito. Você não irá se lembrar do calor dos raios do sol desse dia, mas com certeza seu pai irá se lembrar. Você também não irá se lembrar do sorriso de sua mãe ao te ver pela primeira vez, mas seu pai irá se lembrar. E com certeza você não irá se lembrar do sabor das lágrimas que escorrerão pelo rosto, mas seu pai irá se lembrar. Seu pai irá se lembrar, meu filho, a partir desse dia, de cada gesto seu. De cada sorriso seu. De cada queda sua. De cada lágrima que for derramada, quer seja de tristeza ou de alegria.
Hoje o dia nasceu como de costume. Cheio de lições. Se valer o conselho, aproveite-as. Cada lição aprendida é um tombo que se evita. Primeira delas. O dia sempre amanhece mesmo que a noite tenha sido de trevas. E se algum dia você perder a esperança de que o sol virá, feche os olhos que seu pai encontrará sua mão para lhe guiar. Sempre. Como seu avô um dia o fez por seu pai e você irá fazer por seus filhos.
Hoje o dia nasceu como de costume. Repleto de gratidões. E a melhor coisa a se fazer é expressá-las. Não se esqueça um dia sequer de beijar sua mãe. Ela se transformou para te conceber. Ela abdicou para te ver nascer. Ela se dividiu para te ver crescer. E se algum dia você duvidar que ela te ame, abrace-a bem forte. O cordão umbilical que um dia levou vida à sua vida te lembrará que esse amor é incondicional. Sempre. Como sua avó um dia o fez por sua mãe e você verá sua esposa fazer por seus filhos.
Hoje o dia nasceu como de costume. Transbordando de missões. Pequenas e grandes. Possíveis e impossíveis. Reais ou simplesmente frutos da imaginação. Mas todas elas convergindo para o mesmo ponto. Ser feliz. Se alguma for em sentido contrário, duvide. E se em algum momento de sua vida você duvidar que seja capaz de alcançar a felicidade, lembre-se de Deus. Ele que acendeu em cada ser humano a centelha da felicidade e cabe a cada um de nós soprá-la.
Hoje o dia nasceu como de costume. Para a maioria das pessoas. Para seu pai não. Hoje o dia me pareceu mais claro. Mais colorido. Mais bonito. Talvez até chova. E você definitivamente não se lembrará dele. Mas não se preocupe. Seu pai se lembrará. Definitivamente se lembrará, porque nesse dia, a centelha da felicidade foi soprada mais uma vez. E o calor provocado por ela aquecerá o coração de seu pai por todos os dias de sua vida.
Bem vindo meu filho.
Guilherme Augusto Santana
Goiânia, 05/07/2008