Mando direto de New York.
COVEIRO INTERNACIONAL
Hoje, como muitos sabem, a crônica será escrita direto de New York. Sim caros leitores, o coveiro que vos fala está em terras de Tio Sam. Coveiro Internacional. Arrumei um tempinho entre uma batida de perna e outra para falar aos meus cativos leitores sobre as impressões que estou tendo da Big Apple. O que não são poucas. A começar pelo local onde estou instalado. Acreditem ou não, estou hospedado no apartamento que pertencia ao empresário musical Guilherme Araújo, que dentre muitos, esteve ligado diretamente a turma da Tropicália e ao garoto rebelde Cazuza. Só isso já seria, para mim, um motivo de muito orgulho. Os quadros e móveis foram conservados da época em que Guilherme ainda morava em New York. Se não bastasse isso, o edifício é vizinho de… adivinha?! Do Dakota Building!! Para puxarmos um pouco a memória, era onde John Lennon morava e foi assassinado em dezembro de 1980. É ou não é de arrepiar. É história na veia. Fugindo um pouquinho da parte histórica, gostaria de comentar algumas coisas que depois daremos um jeito de amarrar em nosso desfecho. Existem grandes colônias de estrangeiros na cidade, aliás, estamos dentro de um caldeirão de raças, cores e credos impressionante. São chineses, coreanos, indianos, palestinos, judeus, latinos, russos entre outros. Observa-se claramente isso nas ruas, metrô, restaurantes, museus e principalmente no marco zero do Memorial 9/11 do World Trade Center. Entre os mais de 2.000 nomes grafados nas piscinas onde ficava o WTC encontram-se nomes de todas as grafias possíveis, inclusive brasileiros. Outro lugar que o arrepio é inevitável. E inevitável também é não olhar para cima e vigiar os aviões sobrevoando o local, imaginando o dia da tragédia. Aí, caros leitores, entrarei no assunto principal da nossa crônica. Nota-se uma solidariedade muito grande com a tragédia passada pela cidade, por seus habitantes e pelas milhares de famílias que perderam os seus. E isso é extremamente natural. A solidariedade advém de uma comoção dolorida diante de uma tragédia tão amplamente divulgada. A pergunta que me fiz é: Será que os habitantes da cidade ficaram mais próximos dinte disso? Ou será que foi um ato isolado de solidariedade? Respondo pelas impressões que tive nesses poucos dias de observação. As pessoas ficaram mais desconfiadas. Cada um no seu mundinho e com seu fone de ouvido, vão transitando uns sobre os outros sem dar tempo para uma conversa furtiva. Não se conhecem e nem fazem questão. Cada um com sua desconfiança pessoal a imaginar o que o outro pode vir a ser ou fazer de mal a ela. A cidade onde as pessoas falam sozinhas. Cada um a sua língua. Aí entram nossos personagens de começo de crônica, Guilherme Araújo, John Lennon, as vítimas do WTC, os transeuntes no metrô… pessoas tão diferentes que escolhem a Big Apple para viver. Pessoas tão próximas e ao mesmo tempo tão distantes. Como se a cidade tivesse várias cidades. Uma para cada habitante. E como o tempo não para, corro a me arrumar para jantar. Qualquer restaurante magnífico, dessa esplendorosa cidade. Ainda bem que estou em boa companhia. Gosto muito de conversar.
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