sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Quem tem medo do Horário de Verão?

Amigos

Vocês têm medo do Horário de Verão?


Quem tem medo do horário de verão?



         Amanhã, sábado, termina o famoso Horário de Verão. Bom ou ruim? Com certeza se coletarmos opiniões nas ruas das diversas regiões do país, que estão sob sua influência, não conseguiremos uma unanimidade. Escutaremos defesas entusiastas de ambos os lados e muitas do tipo: “Não tô nem aí”. Mas o que é esse mecanismo que mexe com a vida de tantos brasileiros e que costuma estar frequente nas mesas de discussões assim como os resultados do futebol do fim de semana? Vamos há um pouco de história e depois tentaremos concluir.



         Poucos sabem, mas o Horário de Verão foi idealizado por Benjamim Franklin, o inventor da lâmpada elétrica nos idos de 1784. Muitos podem se perguntar do porque um cidadão inventar a lâmpada e ao mesmo tempo pensar numa maneira de se economizar no uso da mesma. Mas, pasmem, ele pensou na artimanha de economia antes da invenção da lâmpada. Por quê? Para economizar cera de vela. Realmente era um cidadão a frente do seu tempo. Infelizmente, ou felizmente, Benjamim não conseguiu convencer o governo de seu país e a ideia foi esquecida. O primeiro país a adotar o dito horário foi a Alemanha por ocasião da Primeira Guerra Mundial quase 150 anos depois de gestada a ideia. No Brasil a semente foi lançada no verão de 1931/1932, mas de forma esporádica e só veio a ser permanente no verão de 1985/1986. Outro dado importante de se salientar é o ganho de economia energética do Brasil. Esse número gira em torno de 4 a 5% da capacidade de geração do país em horário de pico e em média 0,5% ao longo de todo dia. Pouco? Para termos uma dimensão real desse significado, seria como desligar 1/3 das turbinas da Usina de Itaipu, nossa maior geradora hidroelétrica e a segunda maior do mundo (perde para a Usina de Três Gargantas na China) em horário de pico de consumo. Não é pouca coisa não. Essa energia (do horário de pico) daria para abastecer quase o dobro da população do Estado de Goiás. As polêmicas sobre a real economia ou sobre a melhor maneira de se melhorar a eficiência energética do Brasil, eu deixarei por conta dos especialistas. Mas afinal, quem tem medo do Horário de Verão?



         Uma coisa é certa: a uma unanimidade não conseguiremos chegar. Quando se inicia o horário ouvem-se aplausos e vaias. Então vou dar minha opinião pessoal logicamente levando em consideração o quanto a mesma me afeta. Os leitores devem ter se acostumado com minha tentativa de pensar sempre pelo lado positivo. Então vamos lá. Quando se inicia o Horário do Verão, acordamos mais cedo e com isso o dia fica mais longo. Aproveite para andar de bicicleta com seus filhos ou fazer aquela caminhada que tanto seu cardiologista fala aproveitando o fim da tarde com sol. Tenho certeza que com o dia maior, todos acabamos produzindo mais. Essa é uma oportunidade impar de curtir o nascer do sol, já que acordamos mais cedo, e o por do sol, já que saímos do trabalho ainda com luz. Quando finda o Horário, aproveite que seu corpo se acostumou há acordar uma hora mais cedo e vá para a academia. Ou até estenda seu café da manhã com a família. Tenho certeza que eles adorarão. Desse modo continuaremos discutindo os prós e contras do Horário de Verão e até poderemos chegar à conclusão por sua extinção, mas sem deixar de aproveitar os benefícios que ele nos trás no momento.             

          



Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 24 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

ficha limpa de cara pintada

Amigos

seguem uma análise pouco jurídica e muito brasileira da Lei da Ficha Limpa.

abs e bom carnaval


Ficha limpa de Cara pintada

        

Ontem o país deu um passo imenso para a continuidade do que chamam “moralização” do meio político brasileiro. A polêmica Lei da Ficha Limpa foi aprovada pelo STF e será aplicada ainda nas eleições municipais deste ano. Mas o que isso tem de importante para nosso país? O que esse fato muda no contexto do cidadão comum? Afinal temos poucos políticos condenados por colegiados ou em segunda instância que ficarão fora das disputas eleitorais. O que isso servirá para “limparmos” a política? Penso que o ocorrido ontem, numa quinta-feira pré carnaval (aí já temos uma raridade), tem inúmeros pontos simbólicos e de extrema representatividade para a politização do cidadão brasileiro. Discorro.

Começo salientando que a Lei surgiu de um requerimento popular com mais de 1,5 milhões de assinaturas. Isso de certa forma mostra o sentimento de descontentamento da população em relação a seus representantes. Se olharmos dentro da história do nosso país, uma raridade, visto que não somos muito conhecidos por brigar pelos direitos cívicos. Em raras exceções tivemos manifestações de desagrado como as radicais oposições ao regime militar, a midiática campanha pelas diretas e a frugal manifestação dos caras pintadas pelo impeachment do Presidente Collor. De resto sempre somos mais conhecidos pelo permissivo carnaval do que por manifestações às portas da “Casa Rosada” como nossos hermanos. E, além disso, temos uma medida popular chegando as barras do principal tribunal do país. O famoso STF. Aliás, vocês já perceberam que o Supremo nunca esteve tão próximo do cidadão comum? Antes nem se conheciam os Ministros. Eram doutores de toga inacessíveis ao povo. Hoje seus nomes estão nas bocas dos brasileiros. E tem até torcida quando vaga uma cadeira. Até suas posições já são conhecidas de antemão. “Eu gosto mais das posições do Ministro Gilmar Mendes”. “Pois eu acho as defesas do Ministro Celso de Melo mais consistentes”. “Adoro os embates do Ministro Joaquim Barbosa”. Será que o Tribunal se aproxima do povo ou o contrário? O povo que se aproxima do Tribunal? Isso é assunto para outra crônica.

Muito se discutiu em relação à constitucionalidade ou não da Lei. Alias, parafraseando o Presidente Lula: “nunca antes nesse país” se discutiu tanto sobre validade ou não de uma lei. Não pretendo aqui entrar em aspectos jurídicos, até porque não é uma especialidade do coveiro que vos fala, mas acho que nesse momento isso não é muito relevante. Ouvi muitos dizerem que abriríamos um precedente de desrespeito a Constituição que seria terrível. Pode ser. Mas ouço dizer há décadas que o sistema judiciário brasileiro precisa ser reformado e que para se condenar alguém nesse país é extremamente lento e moroso. A quantidade de instâncias e recursos impede resoluções mais rápidas e por conseqüência, privilegia os infratores. Se precisamos mudar a Constituição ou o nosso sistema judiciário, deixo para os nobres juristas. O que sei é que a população de uma maneira geral se cansou de esperar pela inelegibilidade de alguns políticos. Tá bom! De muitos políticos. Se isso vai resolver? Provavelmente não. Mas é um começo. Melhor. É um meio, afinal a politização do brasileiro já começou tem tempo. Podem apostar nisso.        







Guilherme Augusto Santana

Goiânia, 17/02/12

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

BBB do Coveiro

amigos leitores

Mando essa crônica direto do saguão principal do shopping Flaboyant onde participo da promoção #MegaFlamboyant. Todo lugar é lugar.



BBB do Coveiro

        

Nesse momento me encontro no saguão principal do maior shopping do estado de Goiás. Não como consumidor, mas como consumido. Explico melhor para não irem por caminhos tortuosos. Estou dentro do que chamam QG virtual, que na minha época tinha a ver com espionagem, mas hoje classifica o local onde blogueiros, twitteiros e facebooqueiros transmitem seus megas virtuais. Uma ou duas mesas, várias cadeiras, umas meninas de agência desfilando (espero que minha esposa não leia), uma geladeira, sonhos de valsa, água e uma conexão wifi. Afinal não precisamos de mais nada para emitir opiniões de 140 caracteres. Um rodízio de blogueiros e o cidadão que vos fala no meio. O tema? Moda e promoção. Tudo a ver com o coveiro né não? Na faculdade de funerária tinha essa matéria: Moda 1 e 2. Tomei bomba por falta. Mas fora as brincadeiras para quebrar o gelo, o que eu queria dizer mesmo é que estou me sentindo em pleno BBB. Sendo observado. Fisicamente e virtualmente. Vocês têm idéia de quantas pessoas passam no saguão principal de um shopping dessa envergadura? Nem eu! Mas é gente para encardir. Um prato cheio para quem gosta de observar as pessoas como eu, mas aqui não está sendo o caso. Todos passam olhando e com certeza se perguntando: “o que aquele cidadão está fazendo sentado ali?”. “Será que aquele desocupado não tem trabalho não?”. “Como pode uma pessoa a toa desse jeito?”. “Ou, ele até que dá um caldo...”(espero que minha esposa não leia essa também). No final das contas é como se mil câmeras estivessem ligadas em cima de mim. Tenho que tomar cuidado com o que falo, com o jeito que sento e não posso tirar o sapato. Colocar a mão no nariz nem pensar. Aí fico pensando na sensação que as pessoas confinadas na casa do BBB têm. A princípio me parece constrangedor. Descobrem-se seus pontos fracos, seus vícios e suas manias. Aquele cacoete de roer unha parece crime hediondo. Aos poucos você vai se habituando. Aliás, essa deveria ser a grande virtude do homem. Adaptabilidade. Depois de um tempo começa a achar bom. Aquela mesma mania de roer unha é cultuada por alguns e você se sente uma pessoa importante. Sente-se um espelho em quem as pessoas podem se mirar. Quase um herói. Foda! O tempo vai passando e a coisa vai descendo a ladeira. Aquela mania horrorosa de roer unha é odiada por muitos e começam a dizer que isso não é exemplo que valha para a juventude. Como assim? E os defensores dos roedores de unha? E aí a superexposição torna-se um fardo. A primeira reação é mandar todo mundo para aquele lugar e dizer que sua família te ama assim, roendo unha. Pelo menos a mãe ama. Amor incondicional. Depois vem o choro. Stress mental. Insanidade. Suicídio ou posar na G Magazine (o que dá no mesmo).

Logicamente que os leitores entenderam que foi uma liberdade poética da minha parte. Ou como alguns preferem chamar: exagero. Mas tenho certeza que entenderam onde quis chegar. O ser humano é cheio de deficiências, assim como é cheio de qualidades, mas a superexposição tem nos mostrado que a lente de aumento sempre recai sobre as imperfeições. E muitas vezes as qualidades acabam virando defeitos horrorosos em visões deturpadas. Com certeza não é o que quero para minha vida. Eu prefiro andar no supermercado anônimo. Deixem que dos meus defeitos cuido eu.



ps. Eu não tenho o hábito de roer unha









Guilherme Augusto Santana

Goiânia, 10/02/12

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Casual Day

Amigos leitores

Aproveitem a sexta


Casual Day



         Sabe aquele dia que você não está disposto a falar nada de sério? Pois é. É hoje. Sexta feira. O famoso “Casual Day”. Moda inventada pelos executivos americanos para economizar com psicólogos. Um dia onde algumas regras básicas de vestuário podem ser flexibilizadas. Daí foi estendido a outras áreas além das vestimentas e acabou virando um semifinal de semana. A sexta, em muitos casos, é mais aguardada que o sábado ou o domingo. Virou dia nacional da cerveja e passou a ser o melhor dia da semana. Mas o que podemos concluir com isso? Somente uma tradição que se impôs pelo simples uso e costume? Ou ela reflete algo mais profundo do que isso?

         Há mais ou menos cinco anos atrás, fui apresentado à teoria do “Slow Friday” (esse nome em inglês é pura frescura para tentar tornar o negócio mais sério um pouco). Quem me contou sobre isso foi um sócio. Em sua teoria, a sexta deveria ser dedicada a assuntos menos sérios. Coisas que você deixou pendentes a semana inteira. E muitas vezes, coisas de cunho pessoal. Mas tudo feito de uma maneira mais lenta e observativa. Tipo assim: se for engraxar os sapatos, ao invés de verificar seus emails no smatphone, converse com o engraxate. Pergunte sobre o tempo, a família e o futebol. Caso for andar de carro pela rua, fazê-lo de uma forma mais lenta observando a paisagem e a arquitetura das edificações. Caso for ao escritório, perguntar a secretária como sua mãe tem passado e se ela resolveu aquele problema do financiamento da casa própria. Entenderam? Deixar um pouco o turbilhão das atividades diárias e se relacionar mais amiúde com seu próximo. Ele, meu sócio, falava que com isso percebia coisas que não via durante o dia a dia. A partir desse dia eu passei a adotar essa teoria. Achei que seria de muita valia para a minha pessoa que vivia numa correria sem fim. Mas volto a mesma pergunta. A reflexão é mais profunda que isso?

         Penso que sim. A reflexão é mais profunda. E digo que essa tendência de flexibilizar a sexta ou qualquer outro dia da semana deve-se ao fato de que as pessoas estão vendo que existe vida além do turbilhão do dia a dia. E uma vida mais saudável. Menos estressante. Mas será que só um ou dois dias da semana resolvem o problema? Penso que não. Nesse ponto entra uma máxima que defendo com unhas e dentes. O equilíbrio. Penso que não adianta passar a semana inteira em um emaranhado de trabalho e de repente soltar o freio como se nada mais importasse. Entendo que essa não seja a melhor receita para a felicidade. A dosagem de “Slow Life” deve ser diária e gradativa. Não estou propondo aqui que todos abandonemos nossos afazeres e fundemos uma comunidade hippie. Não é isso. Mas que encontremos mais gosto nas atividades diárias. Não tratemos nossas obrigações como fardos pesados e insuportáveis de carregar. E com isso não deixemos de observar as pessoas que estão ao nosso redor e principalmente não deixemos de nos relacionar com elas. Observar a vida que passa. Interagir com ela. Caso contrário ela se esvai. E aí não adiantará esperar a sexta se a vida acabar na segunda.   





Guilherme Augusto Santana

Goiânia, 03/02/12