Sem teoria da conspiração ok?
Big Brother is watching you!
Nos idos de 1948 o escritor e
jornalista inglês George Orwell escreveu um livro intitulado “Nineteen
Eighty-Four” (mil novecentos e oitenta e quatro). Conta a estória, passada no
ano do titulo do livro, de uma sociedade totalmente vigiada pelas autoridades e
com notada pitada de alusão Stalinista. O livro ficou mais conhecido por uma
expressão que se perpetua até hoje no cotidiano contemporâneo. “Big Brother”
era uma referência ao governo totalitário e frases como “O Grande Irmão zela
por ti” e “O Grande Irmão está te observando” mostrava um cenário ficcional
distorcido sobre um suposto “zelo” do Estado para com seu cidadão. A pergunta
parcial que fica nesse momento é: “imitaria a arte, a vida?”.
Despontava 1993 quando foi lançado o
longa metragem “Sliver” (Invasão de Privacidade). A então serial killer
preferida de Hollywood, Sharon Stone, estrelava mais um filme aos moldes de
Agatha Christie. Suspense, crimes e tórridas cenas de enlace corporal fizeram
contracena a um fato inédito na época. A invasão de privacidade. O cenário do
filme, um edifício residencial, era todo monitorado por câmaras. E digo todo
mesmo. Quartos, banheiros, cozinhas e quaisquer dependências passíveis do olho do
proprietário do prédio. Nada escapava a seu controle visual, principalmente as
cenas de banho da protagonista (todos invejaram Willian Baldwin). Aí fica mais
uma pergunta parcial a ser respondida: “ainda existe privacidade a ser
invadida?”.
Semana do mês de maio desse ano, 2012.
A atriz Carolina Dieckmann tem fotos íntimas reveladas ao público por meio da
internet. Coisas tipo nu, vaso sanitário e apimentando a relação. Na mesma hora,
como um rastilho de pólvora, se torna “trending topics” de todas as redes
sociais do mundo (até do Orkut que está praticamente morto). Como se mulher
pelada fosse alguma novidade. Mas o inusitado (nem tão inédito assim) vinha do
fato de que as fotos forma afanadas do computador pessoal da atriz. O primeiro pensamento
que todos tiveram com certeza foi: “mas vai ser burra assim de tirar fotos
pelada lá na casa do Carvalho!”. Mas essa indagação só serve para ofuscar o
real intervero que ela sofreu. Ela foi roubada! Foi invadida! Foi praticamente
estuprada em sua privacidade! A repercussão foi tão grande porque tínhamos ali
uma artista global, mas poderia ter acontecido com qualquer um. Aliás, acontece
com qualquer um. Fotos ingênuas tomam contextos nefastos pelo olhar distorcido
dos ávidos por privacidade alheia. Outra pergunta parcial que fica sem
resposta: “Nossa ânsia por intimidades dos outros não estaria devassando a
nossa própria?”.
Não pensem vocês que responderei a
todas essas perguntas assim de maneira cabal. Não tenho essa capacidade. Pesquisem
na internet. Google. Ou melhor, reflitam. De maneira individual. Pessoal.
Intransferível. Coisa que o ser humano não tem feito muito ultimamente. Pensar
sobre as atitudes individuais e a reverberação disso no processo coletivo. Ainda
existe um único campo humano onde as lentes da exposição não conseguiram alcanças.
A mente. Por isso temos que pensar. Antes que coloquem placas de “Sorria! Seus
pensamentos estão sendo filmados”.
Guilherme Augusto
Santana
Goiânia, sexta feira 18 de maio de 2012