sexta-feira, 18 de maio de 2012

Big Brother is watching you!

Caros amigos leitores

Sem teoria da conspiração ok?


Big Brother is watching you!





Nos idos de 1948 o escritor e jornalista inglês George Orwell escreveu um livro intitulado “Nineteen Eighty-Four” (mil novecentos e oitenta e quatro). Conta a estória, passada no ano do titulo do livro, de uma sociedade totalmente vigiada pelas autoridades e com notada pitada de alusão Stalinista. O livro ficou mais conhecido por uma expressão que se perpetua até hoje no cotidiano contemporâneo. “Big Brother” era uma referência ao governo totalitário e frases como “O Grande Irmão zela por ti” e “O Grande Irmão está te observando” mostrava um cenário ficcional distorcido sobre um suposto “zelo” do Estado para com seu cidadão. A pergunta parcial que fica nesse momento é: “imitaria a arte, a vida?”.

Despontava 1993 quando foi lançado o longa metragem “Sliver” (Invasão de Privacidade). A então serial killer preferida de Hollywood, Sharon Stone, estrelava mais um filme aos moldes de Agatha Christie. Suspense, crimes e tórridas cenas de enlace corporal fizeram contracena a um fato inédito na época. A invasão de privacidade. O cenário do filme, um edifício residencial, era todo monitorado por câmaras. E digo todo mesmo. Quartos, banheiros, cozinhas e quaisquer dependências passíveis do olho do proprietário do prédio. Nada escapava a seu controle visual, principalmente as cenas de banho da protagonista (todos invejaram Willian Baldwin). Aí fica mais uma pergunta parcial a ser respondida: “ainda existe privacidade a ser invadida?”.

Semana do mês de maio desse ano, 2012. A atriz Carolina Dieckmann tem fotos íntimas reveladas ao público por meio da internet. Coisas tipo nu, vaso sanitário e apimentando a relação. Na mesma hora, como um rastilho de pólvora, se torna “trending topics” de todas as redes sociais do mundo (até do Orkut que está praticamente morto). Como se mulher pelada fosse alguma novidade. Mas o inusitado (nem tão inédito assim) vinha do fato de que as fotos forma afanadas do computador pessoal da atriz. O primeiro pensamento que todos tiveram com certeza foi: “mas vai ser burra assim de tirar fotos pelada lá na casa do Carvalho!”. Mas essa indagação só serve para ofuscar o real intervero que ela sofreu. Ela foi roubada! Foi invadida! Foi praticamente estuprada em sua privacidade! A repercussão foi tão grande porque tínhamos ali uma artista global, mas poderia ter acontecido com qualquer um. Aliás, acontece com qualquer um. Fotos ingênuas tomam contextos nefastos pelo olhar distorcido dos ávidos por privacidade alheia. Outra pergunta parcial que fica sem resposta: “Nossa ânsia por intimidades dos outros não estaria devassando a nossa própria?”.

Não pensem vocês que responderei a todas essas perguntas assim de maneira cabal. Não tenho essa capacidade. Pesquisem na internet. Google. Ou melhor, reflitam. De maneira individual. Pessoal. Intransferível. Coisa que o ser humano não tem feito muito ultimamente. Pensar sobre as atitudes individuais e a reverberação disso no processo coletivo. Ainda existe um único campo humano onde as lentes da exposição não conseguiram alcanças. A mente. Por isso temos que pensar. Antes que coloquem placas de “Sorria! Seus pensamentos estão sendo filmados”.             







Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 18 de maio de 2012

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Amor de mãe

Queridos LeitoresDizem que não se pode colocar a mãe no discurso por que senão é choradeira na certa.
Corroboro.



Amor de mãe



           

Estava eu sentado na sala de espera do oftalmologista pela hora do almoço de hoje. Comigo estavam minha esposa e nossos dois pimpolhos. Montem a cena: sexta-feira, mais de hora de espera, passada a hora do almoço, meninos com pupilas dilatadas querendo desesperadamente correr pelos corredores. Montaram? Pois era esse meu cenário. No meio da balburdia, bem de soslaio, consegui ver o que passava no noticiário da pequena TV instalada na sala de espera. Era a mãe do suspeito da chacina de Doverlândia (quem não é de Goiás basta jogar no Google para descobrir) que havia falecido na queda do helicóptero da Polícia Civil no começo da semana no município de Piranhas. Percebi que seu semblante era de sofrimento. Justificado certamente pela perda do filho. A primeira reação que me veio à mente foi de desentendimento e revolta. “Como pode uma pessoa sofrer pela morte de um cidadão que supostamente assassinou sete pessoas e, por tabela, provocou a morte de mais sete na queda do helicóptero?”. “Não teriam as mães dos outros falecidos nas duas tragédias muito mais razões para chorarem?”. Acredito que teriam sidos os primeiros pensamentos da maioria das pessoas que me leem. Na maioria das vezes a revolta com as atrocidades não nos deixa ver o sentimento puro e o ponto de vista alheio. Na mesma hora olhei para meus filhos a minha volta, lembrei-me que se aproximava o dia das mães e recordei-me de palavras da minha. “Amor de mãe é incondicional”. E outras. “Você só vai entender esse amor incondicional quando for pai”. Hoje as entendo perfeitamente. Cada letra soa no meu ouvido como se fosse verdade. Verdade que descobri depois de ser pai. E vamos aqui dar a César, o que é de César. Nosso amor, de pai, não chega aos pés do amor materno. Despi-me de toda injúria pelo filho assassino e me compadeci da dor daquela mãe. Aquela que deu a luz, alimentou, educou, criou. Não analisemos aqui a qualidade e eficácia dessa educação. Se o desvio daquele cidadão foi educacional, psicológico, provocado pelo meio ou outro motivo qualquer, não nos cabe discutir nesse momento. Vendo aquela mãe com os olhos chorosos imaginei-a em seus momentos de reflexão se perguntado onde tinha errado. Por que sempre se culpam. Sempre. Isso faz parte do amor incondicional. Trazer a culpa para elas. “Preferia que fosse comigo”. Transpus a dor materna de uma mulher que já não tinha mais nada a fazer por seu filho para aquela sala de espera. Ali estavam os meus. Pequenos. Mentes em formação. Quisera eu naquele momento que suas pupilas continuassem dilatadas por toda a vida. Assim poderia guia-los com meus olhos. Evitaria que eles se iludissem com as luzes da vida e que esbarrassem nas pedras do caminho. Mas eis o amor incondicional novamente. Aquele que nos faz sentir que os filhos devem caminhar com as próprias pernas. Esbarrar em suas próprias pedras. Enxergar sua própria luz. Trilhar seu próprio caminho. É desse amor que estou falando. Do que vê o filho saindo de casa, mas nunca do coração. Que vê o filho dando um passo errado, mas nunca lhe nega colo. Que vê o filho querer singrar o mundo, mas nunca lhe nega abrigo. Esse é o amor incondicional. Esse que enche meus olhos de lágrimas ao escrever essas palavras. O mesmo que as mães sentem por seus filhos. O mesmo que aquela mãe sentia por seu filho. Aberração para nós. Filho para ela. Incondicional.





Meus sentimentos às mães que perderam seus filhos na chacina de Doverlândia e na queda do helicóptero em Piranhas. Todas as mães.





Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 11 de maio de 2012

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Gratidão

Se a vida é feita de pequenas porções de felicidade, essa é uma big size com sobremesa. (com fotos)


Gratidão



Os leitores amigos já sabem que procuro dedicar minhas sextas-feiras a programas mais lúdicos e menos estressantes, como escrever crônicas a quem se interessar em lê-las. Pois bem. A dessa feita é muito especial. Não que as anteriores e as vindouras não sejam, mas sempre temos um xodó. Uma predileção. No ano de 2010 escrevi, com a colaboração de minha esposa, meu segundo livro intitulado “Viagem divertida pela Biodiversidade”. Esse livro foi um projeto especial da Orientação Pedagógica do colégio onde meus filhos estudam. A dificuldade de se encontrar publicações no mercado com o enfoque nas bases da educação logosófica, culminou em um projeto interessante onde os pais escreveriam os livros didáticos de seus filhos. O tema escolhido foi a biodiversidade e os personagens seriam a nossa própria família. Papai, mamãe e filhos fariam uma viagem desvendando as fito fisionomias do Brasil. Nada mais interessante e atual. Convidamos o talentoso Willian Fernando para as ilustrações e sob a batuta do competente Wesley Cesar, publicamos o que seria um simples livro didático restrito à turma de Helena, minha filha mais velha. No mesmo ano fizemos a entrega dos exemplares e as crianças cumpriram seu ano letivo utilizando os ensinamentos para enriquecer suas mentes em formação. Um presente para nós, autores e pais, que pudemos contribuir com a educação escolar de nossa filha e de seus colegas. Uma sensação de gratidão ímpar. Guardei alguns exemplares para distribuir entre os amigos e o projeto findou-se ai. Engano. A palavra lançada nunca volta vazia.

Hoje, pela manha e a tarde, voltamos a viver a mesma experiência. Fomos convidados a entregar os livros para mais duas turmas do colégio. A professora titular dessas turmas era, na ocasião do primeiro projeto, professora assistente, e tocada com a sensibilidade do livro resolveu efetuar-nos o mesmo convite. Prontamente aceitamos. Emoção revivida ao ver o brilho nos olhos das crianças folhando o livro. Cada página passada era uma expressão diferente nos rostinhos infantis e um sorriso nos lábios dos autores que observavam as manifestações. Num emaranhado de pensamentos em formação os pequenos seres se atropelavam para fazer perguntas e expressarem, de alguma forma, que haviam gostado do presente recebido. Mal sabiam eles que nós, os autores, éramos os maiores presenteados por termos contribuído, minimamente, com a formação daquelas pequenas mentes. Depois de sorrisos, abraços e felicitações, recitaram uma quadrinha em nossa homenagem e partimos para o lanche. A alegria que haviam sentido se expandiu em brincadeiras e muita fome. Comum no mundo das crianças. Eu quase não comi. A sensação de gratidão já havia me alimentado.

Penso que se morresse hoje, partiria satisfeito. Não diz o ditado que temos que ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro para dar nossa missão na Terra como completa? Pois é. Filhos já os tenho. Dois maravilhosos por sinal (pai coruja não né?). Livros também já tenho dois e árvores, perdi a conta de quantas plantei. Já estou com crédito para a vida que vem. Mas de tudo isso ficam sempre as lições. Ficam os olhos de gratidão. Ficam os ensinamentos de bem. Hoje entendo perfeitamente o significado do ditado. Na verdade temos que deixar nossa herança para o mundo. De preferência as boas. Essa é uma maneira de perpetuar nossa memória e ensinar as gerações futuras um pouco do que aprendemos. É a chamada Lei de Herança. Pensando melhor não partiria satisfeito não. Ainda tenho muitas árvores a plantar, livros a escrever e filhos a criar. Melhor assim.

           



(agradecimentos especiais a Professora Pollyanna e aos amigos Willian Fernando e Wesley César. Minha eterna gratidão)





Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 04 de maio de 2012

 Capa do livro

 Leitores concentrados

Personagens do livro (Otávio e Helena)