O que diria Nelson
Essa semana, mais precisamente ontem
dia 23 de agosto, comemoraria 100 anos de nascimento, se vivo estivesse, o
impagável Nelson Rodrigues. Recifense de nascimento e carioca de paixão foi
considerado por muitos o maior dramaturgo brasileiro. Talvez não seja essa a
unanimidade em sua vida, e sim sua irreverência e acidez politicamente incorretas.
Autor de diversas peças, crônicas e contos, Nelson tentou de uma forma
freudiana colocar toda a culpa das mazelas da sociedade brasileira no sexo. E
sejamos francos quanto ao ineditismo de abordagens de temas como incesto, homossexualismo
e adultério. Peças como “Vestido de noiva” e “O beijo no asfalto”, contos como “A
dama do lotação” e “A vida como ela é” imortalizaram o escritor e o colocaram
no rol dos mais lidos da literatura brasileira. Fanático torcedor do Fluminense
estendeu suas talentosas mãos para a crônica esportiva e junto com seu irmão
Mário Filho fez história nos ritos da grande paixão nacional. Além de todo
talento controverso para a literatura e a polêmica, Nelson é conhecido como um
dos maiores frasistas do país, tendo destilado sua acidez para todo canto
possível e imaginado. Lendo sua biografia, descobri que no dia do seu
falecimento ele havia acertado os 13 pontos da loteria esportiva (sem saber do
fato visto que faleceu pela manha e o resultado da loteria só saiu à tarde) e
pensei numa frase célebre proferida por ele: “Deus está nas coincidências.”. Pensando
nisso resolvi fazer uma homenagem ao mestre da dramaturgia, propondo um
exercício no mínimo interessante. Caso Nelson Rodrigues estivesse vivo, que
frases ele diria para algumas personalidades nacionais e internacionais? Senão
vejamos.
Diria para Maria da Penha:
“Nem todas as mulheres
gostam de apanhar, só as normais. As neuróticas reagem.”
Diria para o Papa Bento XVI:
“Não se apresse em perdoar. A
misericórdia também corrompe.”
Diria para Sandy:
“O pudor é a mais afrodisíaca das
virtudes.”
Diria para os brasileiros favoritos que
sucumbiram nas Olimpíadas de Londres:
“O brasileiro não está preparado para
ser o maior do mundo em coisa nenhuma. Ser o maior do mundo em qualquer coisa,
mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante
responsabilidade.”
Diria para o físico Stephen Wawking:
“Qualquer individuo é mais importante
do que a Via Láctea”
Diria para o Cadinho da novela Avenida
Brasil:
“Os homens mentiriam menos se as
mulheres fizessem menos perguntas.”
Diria para Mônica Lewinsky:
“Sem paixão não dá nem para chupar um
picolé.”
Diria para Hugo Chaves:
“Se os fatos são contra mim, pior para
os fatos.”
Diria para todos das redes sociais que
cultuam a sexta feira:
“Sexta feira é o dia em que a virtude
prevarica.”
Diria para Gretchen:
“Qualquer um de nós já amou errado, já
odiou errado.”
Diria para o Tiririca:
“Não reparem que eu misture os
tratamentos de “tu” e “você”. Não acredito em brasileiro sem erros de
concordância.”
Diria para Gisele Bundchen:
“Toda mulher bonita, é namorada lésbica
de si mesma.”
Diria para Adriano O Imperador:
“O Flamengo tem mais torcida, o
Fluminense tem mais gente.”
Diria aos coveiros:
“A morte é um grande despertar.”
Diria ao Lula:
“O Presidente que deixa o poder passa
a ser, automaticamente, um chato.”
Diria de si mesmo:
“Chegou às redações a notícia da minha
morte. E os bons colegas trataram de fazer a notícia. Se é verdade o que
disseram de mim os necrólogos, com a generosa abundância de todos os
necrólogos, sou de fato um bom sujeito.”
Guilherme Augusto
Santana
Goiânia, sexta feira 24 de agosto de 2012
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