sábado, 2 de novembro de 2013

e por falar em saudade...

Shakespeare disse uma vez:
"Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente."



AMOR INCONDICIONAL

 

 

Ontem quando cheguei em casa senti uma vontade imensa de abraçar minha filha. Parecia uma desejo vindo de dentro, como um alento para meu coração apertado. Quando ela me viu, correu com um sorriso no rosto e me abraçou como se a saudade não coubesse mais dentro de seu coraçãozinho. Eu a abracei e fiquei por um instante com a sensação de que aquele momento poderia se eternizar e nunca mais me separaria dela. Se pudesse fazer um pedido a Deus naquele momento, mesmo que fosse um pedido insano, ele seria para que um pai nunca precisasse enterrar seu filho. Mas como Deus não me permite pedidos insanos, pedi a Ele então, um alento para os pais que acabavam de enterrar o seu, apesar também de saber que esse pedido dificilmente iria ser atendido.

 

Ontem quando vi as lágrimas correrem nos olhos de muitos, quando vi a consternação estampada no rosto de todos ao verem um pai e uma mãe conversarem com seu filho como se ele ainda estivesse vivo, lembrando a si mesmos quantos momentos bons haviam passado juntos, me lembrei que fazia muito tempo que não abraçava os meus pais. Que fazia muito tempo que não dizia a eles o quanto os amava. E me lembrei que eu ainda tinha essa oportunidade diferente do filho que jazia imóvel diante das lágrimas dos seus.

 

Ontem quando fui dormir, não conseguia tirar de meu pensamento o quarto vazio que havia deixado aquele filho. Derramei mais uma lágrima imaginando a dor de seus pais ao entrarem naquele quarto e não encontrarem mais seu filho. Somente objetos. Somente lembranças. O quarto de minha filha também estava vazio aquela noite. Ela estava dormindo comigo. Nem que fosse por aquela noite. Eu podia sentir seu calor e sua respiração tranquila. Olhei para ela e segurei sua mão com força como numa tentativa insana de acalentar dois corações distantes que não tinham mais aquela aportunidade.

 

 

* em memória de Tiago de Melo.

 

Guilherme Augusto Santana


Goiânia, 17/03/2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário