Messi não é Maradona
Temos que confessar que essa foi uma
das finais de Copa do Mundo mais sem graça dos últimos tempos. Pelo menos para
nós brasileiros. Ficou um misto de “me belisca que devo estar sonhando” com “não
sei onde estou” misturado com “não sei para quem vou torcer” que perdurou até o
apito final do juiz. Isso devido a vários fatores que se misturaram num
caldeirão de emoções que colocaram em dúvida qualquer amante ou não de futebol.
Junte uma joelhada nas costas da estrela da Seleção Brasileira, uma goleada sem
precedentes, uma seleção alemã que fez de tudo para cativar o brasileiro e um
Messi com cara de cachorro pidão. Coloque uma pitada de rivalidade às avessas e
a confusão esta formada. Mas de qualquer forma o objetivo principal dessa crônica
não é analisar a final e nem o embate Alemanha/Argentina, e muito menos tentar
explicar por esquemas táticos e técnicos a vexatória goleada que sofremos, mas levantar
um fator pitoresco da ferida dos nossos hermanos. Vocês percebem a celeuma?
Messi não é Maradona! Segue adiante um comparativo com a liberdade poética e o
tempero ácido tupiniquim.
Maradona,
Diego Armando. Messi, Lionel Andrés.
Maradona
de Lanús. Messi de Rosário.
Maradona
é a cara do argentino. Messi é a cara do menino criado pela avó.
Maradona
tem Che tatuado. Messi nem tatuagem de henna.
Maradona
é marrento. Messi é Mary Poppins.
Maradona
bebe. Messi é bebê.
Maradona
cheira. Messi não cheira e nem fede.
Maradona
é um produto da massa. Messi é um produto para a massa.
Maradona
é Boca. Messi Barcelona.
Maradona
queria ser Pelé. Messi é amigo de Ronaldinho Gaucho.
Maradona
em campo, brasileiro não torce. Messi é quase brasileiro.
Maradona
não larga o futebol. Messi, largando, vai fazer trabalho voluntário na África.
Maradona
provocou paixão nos argentinos. Messi é o melhor dos argentinos.
Maradona
provocou ódio do resto do mundo. Messi jogaria em qualquer time do mundo.
Maradona
é polêmico. Messi é o genro que toda sogra gostaria de ter.
Maradona
ganhou uma Copa. Messi ganhou o Mundo.
No fundo, bem no fundo, tenho certeza
que os argentinos gostariam de misturar as duas figuras. A genialidade de um
com a concentração de outro. A capacidade de movimentar as massas de um com
regularidade do outro. Sem dúvida nenhuma dois gênios separados por mais de
duas décadas, mas que se diferem visceralmente. Messi não é Maradona. E
consequentemente Maradona não é Messi. Ponto final. Mas aí resta-nos a pergunta
crucial. Qual quereria no meu time? De bate pronto respondo: Pelé!
Guilherme Augusto
Santana
Goiânia, sexta feira 25 de julho de 2014
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