Palmada, vara de
goiabeira, puxão de orelha e afins
Ultimamente assistindo aos noticiários
tenho sentido uma vontade irrefreável de utilizar de um artifício antigo,
utilizado na época de nossos pais e avós, para punir determinados atos de
insubordinação de moleques levados. É um desejo quase primitivo de punir atos
que a princípio parecem impensados, inconsequentes, irresponsáveis ou até mesmo
absurdos. Coisas como atirar pedras nas vidraças dos vizinhos e sair correndo,
ou atear fogo à batina do padre no meio da procissão, ou tirar as calças do
menino mais novo e força-lo a andar pela rua pelado, ou ainda urinar nas
garrafas de leite deixadas nas soleiras das portas pelo leiteiro. Parece que
estou falando de coisas do século passado né? Pois é. Mas os noticiários também
têm mostrado coisas que nos fazem refletir se realmente nos encontramos no
século XXI. Senão vejamos.
Tirando o fato trágico do menino que
teve o braço arrancado pelo tigre no zoológico de Cascavel, e de toda comoção
nacional que um acontecimento desses causa por se tratar de uma criança, quem
em sã consciência não sentiu vontade de pegar aquele menino pelo braço e
traze-lo a força para detrás das grades? E de lhe aplicar uma bronca bem dada?
E de coloca-lo de castigo sem doces por uma semana pela desobediência? Não me interpretem
mal. Lembre-se que estou aqui fazendo um exercício de vontade irrefreável. Não
quer dizer que o fato irá se materializar. E quem não sentiu vontade de dar um
tapa naquele cidadão que filmava a cena e não interviu para tentar tirar aquele
pestinha de dentro do limite proibido? E quem ainda não sentiu vontade de dar
uma surra de vara de goiabeira naquele pai que permitiu que o filho brincasse
com um felino daquela periculosidade? E depois de tudo isso ainda vazaram fotos
na internet da criança no hospital! Olha se essa pessoa que divulgou isso não
merecia um bom puxão de orelha? O excesso de exposição e a falta de limites cria
uma sociedade inconsequente de seus atos.
Toda vez que vejo notícias sobre a
eterna briga entre árabes e israelenses, lembro-me de minha mãe contar sobre o
método que meu avô materno utilizava para resolver quizilas entre irmãos.
Colocava os infringentes abraçados por determinado tempo e depois tinham que se
beijar e pedir desculpas. Logicamente que dependendo do delito sobravam umas lambadas
de chinelo de sola de pneu. Aí fico pensando na liberdade poética de poder
amarrar os radicais dos dois povos que tanto se estapeiam. Amarrar todos juntos
no deserto. Debaixo do sol escaldante. Só vão sair daí quando resolverem suas
diferenças. E depois terão que se abraçar e se beijar e prometer que não farão
mais isso. Crianças traquinas. Capaz de eles morrerem secos no sol ao invés de
resolverem suas pendências. A falta de tolerância e aceitação das diferenças
cria uma sociedade absurda.
Não gosto de falar mal de vizinho, mas
que a Excelentíssima Senhora Presidente da Argentina anda merecendo umas boas
palmadas nas nádegas, ah isso anda. Daquelas de deitar de bruços sobre as
pernas e deitar a mão. Vejo até a cena ao som de “Não chores por mim Argentina”.
Uma nação historicamente tão culta, aguerrida, determinada, se deixar levar
mais uma vez por esse discurso populista bolivariano do século XIX? Parece
coisa irreal. E enquanto os discursos vão para o tom de “todos estão contra nós”,
ou “querem nos dominar”, a economia argentina antes tão pujante vai para o
buraco. Quem anda viajando as terras dos hermanos nos últimos tempos tem notado
a decadência da sociedade argentina e visto que parecem caminhar cegos atrás de
líderes populistas. Só espero que em terras brasileiras não sigamos os mesmos
caminhos de nossos vizinhos e sinceramente espero que alguém tenha coragem de
dar as boas “palmadas” nos nossos governantes antes desse fato acontecer. A
ignorância ufanista cria uma sociedade irresponsável.
No final das contas fico pensando que
a vontade das palmadas, vara de goiabeira, puxões de orelha e afins vão ter que
ficar realmente no campo hipotético, porque além da famosa Lei da Palmada
(assunto para uma outra e polêmica crônica), temos que evoluir os métodos de
tratamento da sociedade. Voltar a tratativas antigas e superadas remete a uma
incapacidade do ser humano de pensar e evoluir, se bem que em determinados
momentos dá uma vontade...
Guilherme Augusto
Santana
Goiânia, sexta feira 08 de agosto de 2014
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