sexta-feira, 22 de agosto de 2014

o balde de gelo da discórdia


O balde de gelo da discórdia

 

           

Sabe esses assuntos que tomam conta da semana e é impossível não tecer comentários a respeito? Pois é. Como não falar do caso “balde de gelo”? Impossível. Confesso que comecei a assistir os primeiros vídeos sem entender muito bem do que se tratava. Para aqueles que não sabem do que estou falando (acho meio difícil isso acontecer), faço um esclarecimento breve: começaram a circular na internet cenas de celebridades (ou não) se auto flagelando com um balde de água com gelo e desafiando mais três pessoas a realizar o mesmo ato. A princípio pensei ser mais uma brincadeira de internet viral. Depois do décimo vídeo procurei esclarecimentos sobre o ato insano-infantil e então descobri a motivação. Tratava-se de uma campanha para arrecadar fundos para pesquisa e tratamento da Esclerose Lateral Amiotrófica, vulgo ALS organizada por uma ONG que cuida desse assunto. Pois bem. Achei a ideia interessante e divertida. A causa me parecia nobre e tudo transcorria numa boa. Celebridades e pseudo celebridades molhadas doando dinheiro por um bom motivo. Mas como nada na internet e no mundo globalizado é simples, começaram a aparecer as críticas. “Essas celebridades estão querendo aparecer”, “isso é só autopromoção”, “A ALS atinge uma parcela mínima da população mundial”, “essas pessoas deveriam focar em doenças mais significativas como a AIDS e o ebola”, “isso é ativismo de internet”. Diante desse tiroteio todo descobri até uma expressão que não conhecia. “Slacktivism”. Que é a junção de “slack” com “activism”, o que na pratica significaria algo como “ativismo preguiçoso” ou similar. Depois que você escuta esses comentários de diversas fontes, começa a questionar a legitimidade, eficácia e seriedade dos atos. Passa até a sentir uma vergonha alheia pelas pessoas que se submeteram a brincadeira travestida de boa causa. E agora? Qual das opiniões se encaixa mais no que pensamos? Quer saber a minha? Continuo achando legal a campanha. Nesses assuntos sou adepto de Maquiavel. Os fins justificando os meios. Se as celebridades querem aparecer ou posar de socialmente responsáveis ou caridosos, não é problema meu. Se eles entendem que sua responsabilidade perante a sociedade se restringe a uma doação de vez em quando para uma campanha, eu não tenho nada a ver com isso. Nesse caso o fim, qual seja, os fundos arrecadados para uma causa nobre, foram satisfeitos. Outra. Se a causa não é das top 10 mais urgentes do planeta, não quer dizer que não mereça olhos. Entendo que existem problemas muito mais graves e imediatos, porém não quer dizer que tenhamos que abandonar outras causas que também merecem atenção. Talvez seja hora das ONG´s prestarem atenção em campanhas mais criativas para angariar fundos ao invés de criticar quem implementa uma boa ideia. Outra ainda. Entendo que a consciência social se forma aos poucos. Utopia é achar que o cidadão vai nascer totalmente politizado e consciente de suas responsabilidades sociais, e muito mais utopia achar que a sociedade vai se transformar num passe de mágica. A evolução se processa aos poucos. Lenta e gradual. E por último. Tão chato quanto a semi celebridade em busca de dez segundos de fama baseado numa causa nobre, é o pseudo socialista que critica tudo e todos baseado numa irreal visão de sociedade. Pronto falei.      

 

 

 

Guilherme Augusto Santana

Goiânia, 22/08/14

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