O balde de gelo da
discórdia
Sabe esses assuntos que tomam conta
da semana e é impossível não tecer comentários a respeito? Pois é. Como não
falar do caso “balde de gelo”? Impossível. Confesso que comecei a assistir os
primeiros vídeos sem entender muito bem do que se tratava. Para aqueles que não
sabem do que estou falando (acho meio difícil isso acontecer), faço um
esclarecimento breve: começaram a circular na internet cenas de celebridades
(ou não) se auto flagelando com um balde de água com gelo e desafiando mais
três pessoas a realizar o mesmo ato. A princípio pensei ser mais uma
brincadeira de internet viral. Depois do décimo vídeo procurei esclarecimentos
sobre o ato insano-infantil e então descobri a motivação. Tratava-se de uma
campanha para arrecadar fundos para pesquisa e tratamento da Esclerose Lateral
Amiotrófica, vulgo ALS organizada por uma ONG que cuida desse assunto. Pois
bem. Achei a ideia interessante e divertida. A causa me parecia nobre e tudo
transcorria numa boa. Celebridades e pseudo celebridades molhadas doando
dinheiro por um bom motivo. Mas como nada na internet e no mundo globalizado é
simples, começaram a aparecer as críticas. “Essas celebridades estão querendo
aparecer”, “isso é só autopromoção”, “A ALS atinge uma parcela mínima da
população mundial”, “essas pessoas deveriam focar em doenças mais
significativas como a AIDS e o ebola”, “isso é ativismo de internet”. Diante
desse tiroteio todo descobri até uma expressão que não conhecia. “Slacktivism”.
Que é a junção de “slack” com “activism”, o que na pratica significaria algo
como “ativismo preguiçoso” ou similar. Depois que você escuta esses comentários
de diversas fontes, começa a questionar a legitimidade, eficácia e seriedade
dos atos. Passa até a sentir uma vergonha alheia pelas pessoas que se
submeteram a brincadeira travestida de boa causa. E agora? Qual das opiniões se
encaixa mais no que pensamos? Quer saber a minha? Continuo achando legal a
campanha. Nesses assuntos sou adepto de Maquiavel. Os fins justificando os
meios. Se as celebridades querem aparecer ou posar de socialmente responsáveis
ou caridosos, não é problema meu. Se eles entendem que sua responsabilidade
perante a sociedade se restringe a uma doação de vez em quando para uma
campanha, eu não tenho nada a ver com isso. Nesse caso o fim, qual seja, os
fundos arrecadados para uma causa nobre, foram satisfeitos. Outra. Se a causa
não é das top 10 mais urgentes do planeta, não quer dizer que não mereça olhos.
Entendo que existem problemas muito mais graves e imediatos, porém não quer
dizer que tenhamos que abandonar outras causas que também merecem atenção. Talvez
seja hora das ONG´s prestarem atenção em campanhas mais criativas para angariar
fundos ao invés de criticar quem implementa uma boa ideia. Outra ainda. Entendo
que a consciência social se forma aos poucos. Utopia é achar que o cidadão vai
nascer totalmente politizado e consciente de suas responsabilidades sociais, e
muito mais utopia achar que a sociedade vai se transformar num passe de mágica.
A evolução se processa aos poucos. Lenta e gradual. E por último. Tão chato
quanto a semi celebridade em busca de dez segundos de fama baseado numa causa
nobre, é o pseudo socialista que critica tudo e todos baseado numa irreal visão
de sociedade. Pronto falei.
Guilherme Augusto
Santana
Goiânia, 22/08/14
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