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é o administrador
Esses
dias fui adicionado a um grupo de WhatsApp sobre um determinado assunto
específico. Daqueles que tem início e deveria ter um fim quando o assunto que o
motivou cessasse. Coisa simples para entendedor parco. Mas as coisas não
funcionam bem como são programadas não é mesmo? O assunto proposto logo se
perdeu entre outros periféricos que se tornaram principais e ao final, todos
esqueceram o real objeto do grupo. Manifestações tipo “pop up” sobre política,
religião e intimidades que ninguém é obrigado a compartilhar. Mensagens prontas
coladas de internet e rituais de emojis colados aos montes para tentar substituir
o cara a cara. Aí, concomitantemente, começam os grupos paralelos que não
concordam com os posicionamentos e precisam expor suas opiniões, mas não podem
se dirigir aos “infratores” diretamente para não criar rusga. Ou simplesmente
por que gostam de falar mal de outros de outros grupos. E os grupos vão
crescendo e se embolando criando uma sociedade, com todas as suas cores e
diversidades, no mundo digital. Muitos questionam que isso não existiria se não
fosse a internet e eu discordo frontalmente. Sempre existiu. Porém a velocidade
era infinitamente menor. Discussões e não concordâncias sempre permearam as
relações humanas, mas nunca de maneira tão célere. Resumindo, as pessoas nunca
tiveram tantos desacordos em tão pouco tempo. Ofensas, deselegâncias, descolocamentos,
pedidos de desculpas num átimo de segundo. Quando não tem uma treta acontecendo
em algum grupo do “Whats” parece que estamos vivendo em câmera lenta num mundo
sem emoção. O vício da velocidade alimenta as deficiências dos seres humanos os
tornando, erroneamente, bem inteirados dos acontecidos pelo mundo. Tive a
curiosidade de contar quantos grupos eu fazia parte no aplicativo entre ativos
e inativos e deram para lá de cinquenta. Fazendo uma média de dez pessoas por
grupo, teríamos um total de quinhentos indivíduos trocando ideias certas ou
erradas e correndo um imenso risco de se atritarem sem precisão. Ou não. E no
fundo tenho que confessar meu gosto por isso. Vejo muito mais possibilidades
que deméritos. Entendo os riscos às relações humanas, mas colocando na balança
vejo mais ganhos que perdas. Ao final o WhatsApp e demais congêneres se tornam
um BBB digital cheio de personalidades se digladiando por um prêmio. No caso
dos grupos por um objetivo. Tudo muito rico em análise humana para quem gosta
do assunto. Eu, por exemplo, que sou fã do aquário de personalidades,
divirto-me e aprendo. E aprendi principalmente, que resta o bom senso. No meu
caso optando por interferir e manifestar o mínimo possível nessas redes.
Buscando sempre aproveitar as boas coisas que nos trazem a modernidade. Afinal,
apesar de não o ser na maioria dos grupos, sou administrador da minha própria vida.
E nela faço as minhas próprias escolhas.
Guilherme
Augusto Santana
Goiânia, sexta feira 24 de junho de 2016