Só
queria embalar meu filho
“Só queria lembrar o
tormento
Que fez o meu filho suspirar...”
Que fez o meu filho suspirar...”
Ontem quando abracei um pai que tinha o olhar marejado na porta
do IML, escutei-o justificar a depressão. Da imensa judiação em se perder um
ser pleno em função do traiçoeiro mal do século. Aquele que chega sorrateiro e
mina as forças. Só o escutei. Ele queria. Ele precisava. Como justificando
aquilo que não tem justificativa. Como que explicando a seu coração que aquela
dor imensa tinha um porquê. Por que? E ficamos ali abraçados. Um pai tentando
doar uma parte de seu coração, aquele outro pai que perdera parte do seu
naquele dia triste de junho.
“Só queria agasalhar meu
anjo
E deixar seu corpo descansar...”
E deixar seu corpo descansar...”
Ontem quando vi o sofrimento e as lágrimas dos seus, entendi o
imenso vazio que sua ausência traria. Aquele menino que era exemplo em tudo
quanto fazia. Educado e gentil como poucos. Um anjo errante que nos deixou
muito cedo, levando junto com ele parte dos corações daqueles que por ele
choravam naquele instante. E em uma tentativa de compensar a perda vieram os
abraços. Como que numa esperança de doar uma parte de seu coração, aquele
familiar que perdera parte do seu naquele dia choroso de junho.
“Queria cantar por meu
menino
Que ele já não pode mais cantar...”
Que ele já não pode mais cantar...”
Ontem quando cheguei em casa abracei meus filhos como se não os
visse há muito. Precisava. Queria. Fiquei pensando naqueles pais que não tinham
mais a oportunidade de abraçar o seu. Que iriam para casa sem uma parte de seus
corações. Pensei nos abraços e lagrimas daqueles que procuravam um porquê.
Pensei nas palavras não ditas ou ditas desnecessariamente. Pensei na
efemeridade da vida e o quanto precisamos aproveitá-la. Com corações inteiros
ou pela metade. E como que por reflexo fiquei agarrado aos meus filhos querendo
eternizar aquele momento. Como que em um desejo do calor de nossos corações, aquecer
aqueles que perderam parte do seus naquele dia frio de junho.
* em memória de Pedro Torquato Ramos
Guilherme
Augusto Santana
Goiânia, sexta feira 10 de junho de 2016
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