Comédia
Romântica
Qual
homem já não torceu a nariz quando a parceira bateu o pé para assistirem uma
comédia romântica? Qual homem não preferiu, em sã consciência, um filme de ação?
Garanto que isso aconteceu e ainda ocorre com muita frequência. Parece que esse
gênero de filme não combina com a masculinidade, como se romance fosse inerente
ao “sexo frágil”. Pois estava eu procurando um filme para assistir com os meus
filhos e esposa quando me deparei com o clássico “Um lugar chamado Notting
Hill”. Pois é. Tenho que confessar minha predileção por essa película. E faço
aqui um desabafo em nome de uma grande porção do público masculino. Ele é quase
uma unanimidade entre os homens. Por que? Essa é a pergunta que sempre me fiz
quando, passando os canais da TV, me deparava com ele e me via compelido a assisti-lo.
Independente do trecho em que se encontrava. Fora os personagens icônicos e a
trilha sonora incrível, confesso que nunca tinha analisado com profundidade o
anzol que me prendia a ele. Até que descobri quando resolvi assisti-lo com meu
filho mais novo. Em determinado momento do filme, a protagonista representada
por Julia Roberts com os olhos marejados de lágrimas, se dirige ao par
romântico representado por Hugh Grant e diz o seguinte texto: “A fama é uma ilusão.
Não se esqueça. Eu sou apenas uma garota, parada em frente a um garoto...
pedindo para amá-la”. Foi nesse momento que o filho de 8 anos, de maneira
espontânea, comentou: “Nossa... que profundo isso”. Pronto. Mais um homem
estava fisgado pela estória romântica da atriz famosa que se apaixona pelo
plebeu inglês. Ao avesso de tudo aquilo que costumamos ver em estórias de amor
idealizadas. Ao invés da pobre moça que cai de amores pelo rico príncipe
montado no cavalo branco, temos Ana Scott se apaixonando por Will Tracker. Tudo
às avessas do que lemos nas clássicas estórias de amor. Talvez esse seja o
grande mote do filme e o que atrai tão fortemente a natureza masculina. A
inversão de um valor arraigado nas criações tanto de homens quanto de mulheres.
Nem a menina criada para ser a moça pobre que espera o príncipe e nem o menino imbuído
de se tornar o príncipe forte e rico. Nada disso. Uma troca saudável entre
papeis para entendermos a desnecessidade de estereótipos quando se trata de
relações humanas. Nada de obrigatoriedades que na maioria das vezes oprime e
inibe a sensibilidade. Em tempos de casos flagrantes de machismo, talvez uma
assistida em “Notting Hill” possa ser um sinal de que as coisas podem dar
certo. Independente de finais felizes romanceados. Apesar de que quem não
gostaria de terminar, ou começar, uma história de amor ao som de Elvis Costello
entoando “She”? Quem nunca?
Guilherme
Augusto Santana
Goiânia, sexta feira 06 de janeiro de
2017
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