sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

comédia romântica


Comédia Romântica

 

          Qual homem já não torceu a nariz quando a parceira bateu o pé para assistirem uma comédia romântica? Qual homem não preferiu, em sã consciência, um filme de ação? Garanto que isso aconteceu e ainda ocorre com muita frequência. Parece que esse gênero de filme não combina com a masculinidade, como se romance fosse inerente ao “sexo frágil”. Pois estava eu procurando um filme para assistir com os meus filhos e esposa quando me deparei com o clássico “Um lugar chamado Notting Hill”. Pois é. Tenho que confessar minha predileção por essa película. E faço aqui um desabafo em nome de uma grande porção do público masculino. Ele é quase uma unanimidade entre os homens. Por que? Essa é a pergunta que sempre me fiz quando, passando os canais da TV, me deparava com ele e me via compelido a assisti-lo. Independente do trecho em que se encontrava. Fora os personagens icônicos e a trilha sonora incrível, confesso que nunca tinha analisado com profundidade o anzol que me prendia a ele. Até que descobri quando resolvi assisti-lo com meu filho mais novo. Em determinado momento do filme, a protagonista representada por Julia Roberts com os olhos marejados de lágrimas, se dirige ao par romântico representado por Hugh Grant e diz o seguinte texto: “A fama é uma ilusão. Não se esqueça. Eu sou apenas uma garota, parada em frente a um garoto... pedindo para amá-la”. Foi nesse momento que o filho de 8 anos, de maneira espontânea, comentou: “Nossa... que profundo isso”. Pronto. Mais um homem estava fisgado pela estória romântica da atriz famosa que se apaixona pelo plebeu inglês. Ao avesso de tudo aquilo que costumamos ver em estórias de amor idealizadas. Ao invés da pobre moça que cai de amores pelo rico príncipe montado no cavalo branco, temos Ana Scott se apaixonando por Will Tracker. Tudo às avessas do que lemos nas clássicas estórias de amor. Talvez esse seja o grande mote do filme e o que atrai tão fortemente a natureza masculina. A inversão de um valor arraigado nas criações tanto de homens quanto de mulheres. Nem a menina criada para ser a moça pobre que espera o príncipe e nem o menino imbuído de se tornar o príncipe forte e rico. Nada disso. Uma troca saudável entre papeis para entendermos a desnecessidade de estereótipos quando se trata de relações humanas. Nada de obrigatoriedades que na maioria das vezes oprime e inibe a sensibilidade. Em tempos de casos flagrantes de machismo, talvez uma assistida em “Notting Hill” possa ser um sinal de que as coisas podem dar certo. Independente de finais felizes romanceados. Apesar de que quem não gostaria de terminar, ou começar, uma história de amor ao som de Elvis Costello entoando “She”? Quem nunca?         

   

           Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 06 de janeiro de 2017

Nenhum comentário:

Postar um comentário