sexta-feira, 3 de agosto de 2018

o menino, a bola e o perdão


O menino, a bola e o perdão

 

          Nada mais comentado essa semana que finda, que o pedido de desculpas gilettiano do menino Ney. Olha que a metáfora vem bem a calhar já que o mesmo cortou dos dois lados. Ou seja, provocou reações ambíguas nas pessoas. Não sendo unanimidade, resta-nos a análise.

Eu estava lá no intervalo do Fantástico. Eu vi. Não me contaram. Querem que lhes diga o que senti? Emocionei-me. Fiquei tocado por aquela mensagem. Achei-a de uma coragem fora do comum. Logicamente que após o enternecimento, veio a razão ponderar os fatos. Uma propaganda em cadeia nacional, o patrocínio milionário, uma certa presunção de ídolo do povo, uma estratégia de marketing. Todos os fatos pulularam em minha mente e a conclusão do positivismo ou não do ato não ficou claro. Resumindo. Fiquei como a grande maioria dos brasileiros. Dividido. Talvez o fiel da balança tenha sido a emoção que senti quando assisti o comercial. Quando a razão não consegue julgar o fato, entregue-o a sensibilidade. Ela quase nunca erra. Não o sentimentalismo barato da comoção. Mas aquela sensibilidade que vem do fundo da alma. Essa manda pagar o cheque. E eu acabei pagando.

          Mereço ser crucificado por ouvir meu coração? O menino Ney o merece? Essa pergunta pontuou minha análise sobre todo o processo. Não só o polêmico pedido de desculpas, mas todo o processo que o jogador vem passando ao longo de sua carreira e a nossa última frustrada tentativa de conquista do hexa. E a conclusão que já tinha chegado é que Neymar não merecia essa pecha de responsável. E muito menos ser execrado em praça pública. Suas deficiências como jogador já estavam gerando consequências a sua carreira. O exagero de suas quedas resultou em um exagero de memes, piadas, escárnios. Mas esse não foi o maior dano. O arranhão em sua credibilidade como jogador restou na maior das consequências. Brincadeiras de internet passam, mas as cicatrizes na credibilidade demoram a sarar. E no fundo, no fundo, o pedido de perdão em cadeia nacional veio para tentar resgatar um pouco dessa credibilidade perdida. Mas as consequências estão aí. Visíveis. E com certeza um pedido de perdão, por mais sincero que seja, não fará com que as mesmas cessem. Aliás, no meu entendimento, não há necessidade desse pedido. Inócuo. Não concordo com o perdão de outrem. Agora a própria redenção de Neymar, o auto perdão, essa sim importante, ele só obterá com o tempo. Pensando e melhorando suas atitudes em campo, evoluindo como ser humano e fazendo o que sabe melhor. Jogando futebol. Então... bola para frente menino!                          

   

           Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 03 de agosto de 2018

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