O Algoritmo e a Alma
Senta que lá vem história.
Não faz muito tempo, em um desses dias em que a tela do computador parece mais
viva que a janela lá fora, me peguei divagando sobre a tal Inteligência
Artificial. Não a IA dos filmes de ficção científica, com robôs dominando o mundo
ou carros voadores, mas aquela que já se aninhou em nosso cotidiano, sutil e
quase imperceptível. Aquela que sugere o próximo vídeo, que completa a frase
antes mesmo de a pensarmos, que organiza a vida em planilhas e algoritmos. E,
como um pai que observa o filho crescer e se tornar um estranho familiar,
comecei a me questionar: para onde estamos caminhando com essa nova criatura
que criamos? Seria ela apenas uma ferramenta, um aprimoramento da nossa própria
capacidade de pensar, ou algo mais? Algo que, sem que percebamos, começa a
moldar não apenas o que fazemos, mas quem somos?
Lembro-me de uma tarde,
dessas em que a gente se perde nas redes sociais, e me deparei com um anúncio
de um aplicativo que prometia organizar a vida financeira. Com um clique, ele
analisava gastos, sugeria investimentos, e até mesmo, com uma audácia quase
humana, indicava onde eu poderia economizar. Fiquei embasbacado. Aquilo não era
apenas um programa de computador; era um conselheiro financeiro, um confidente
digital que sabia mais sobre minhas finanças do que eu mesmo. E, num relance,
me veio à mente a imagem da loja de bonecas American Girl, que visitei com
minha filha em Nova York, onde o que se vendia não era um brinquedo, mas um
sonho, uma experiência. Será que a IA não estaria fazendo o mesmo? Vendendo a
ilusão de uma vida mais organizada, mais eficiente, mais perfeita, enquanto nos
afasta, sutilmente, da necessidade de desenvolvermos nossas próprias
habilidades de organização, de planejamento, de autoconhecimento? A IA, nesse
sentido, seria um novo tipo de “bebê reborn” digital, preenchendo lacunas que
talvez devessem ser preenchidas por nós mesmos, por meio do afeto, da
simplicidade, do altruísmo.
E por falar em afeto, me
pergunto se essa crescente dependência da inteligência artificial não estaria,
de alguma forma, atrofiando nossa capacidade de lidar com a falta, com a
imperfeição, com o que é genuinamente humano. Se a IA nos oferece respostas prontas,
soluções rápidas e um mundo de conveniências, onde fica o espaço para o erro,
para a busca, para a descoberta que nasce da carência? Será que, ao delegarmos
cada vez mais tarefas e decisões a algoritmos, não estamos nos tornando seres
mais rasos, menos empáticos, menos capazes de enfrentar as complexidades da
vida real? A humanidade, afinal, não é feita de certezas, mas de dúvidas, de
tropeços, de recomeços. E o autoconhecimento, essa jornada árdua e solitária,
não pode ser terceirizado para uma máquina, por mais inteligente que ela seja.
A IA pode nos dar informações, mas a sabedoria, essa, ainda é um atributo
exclusivamente humano, forjada na experiência, na dor, no amor e na capacidade
de se relacionar com o outro, com o diferente, com o imperfeito.
Penso nos adolescentes de
hoje, imersos em um universo digital onde a comunicação é mediada por telas e
algoritmos. Se, como pai, já enfrento o desafio de fazê-los levantar os olhos
do celular para uma conversa real, o que será quando a IA se tornar ainda mais
onipresente? Será que a capacidade de escutar sem julgamento, de oferecer
amparo e de se importar genuinamente, qualidades que tanto prezo na educação
dos meus filhos, não se tornarão obsoletas em um mundo onde a máquina “escuta”
e “responde” com uma eficiência que o humano jamais alcançará? O perigo não
está na IA em si, mas na nossa tendência de nos afastarmos do que nos torna
humanos, de terceirizarmos a nossa própria humanidade. A IA é um espelho, e o
que vemos nele reflete mais sobre nós do que sobre a máquina. Se ela nos mostra
um mundo de conveniências e respostas prontas, talvez seja porque, no fundo, é
isso que estamos buscando, esquecendo-nos da beleza da jornada, da riqueza da
imperfeição, da profundidade do afeto.
No fim das contas, a
inteligência artificial, por mais avançada que seja, é apenas um algoritmo. E a
alma, essa, ainda é um mistério, um emaranhado de emoções, de contradições, de
anseios que nenhuma linha de código pode replicar. Talvez o grande desafio do
nosso tempo não seja criar máquinas mais inteligentes, mas sim, nos tornarmos
humanos mais conscientes, mais empáticos, mais presentes. Que a IA nos sirva
como um lembrete constante da nossa própria essência, da nossa capacidade de
amar, de criar, de nos conectar. Que ela seja um catalisador para a nossa
evolução, e não um vírus que nos destrua. Pensemos sobre isso.
Guilherme Augusto Santana (e um pouco de
Manus AI)
Goiânia, 11 de agosto de 2025
ps. O texto “o algoritmo e a alma” foi criado
por IA tendo como base os meus textos publicados no blog Diário de um Coveiro https://santanagui.blogspot.com/.
Confesso que relutei um tempo em fazer essa experiência, primeiro por receio de
perder a inspiração para escrever, segundo por pavor de que a IA escrevesse
meus textos melhor do que eu. Ao final gostei da experiência, apesar de achar
que faltou um pouquinho de espírito ao resultado. Realidade ou recalque eu não
sei. Só sei que ainda temos algumas coisas que a IA não consegue nos responder
com certeza e uma delas são os mistérios humanos.)
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