segunda-feira, 11 de agosto de 2025

o algoritmo e a alma

 

O Algoritmo e a Alma

 

Senta que lá vem história. Não faz muito tempo, em um desses dias em que a tela do computador parece mais viva que a janela lá fora, me peguei divagando sobre a tal Inteligência Artificial. Não a IA dos filmes de ficção científica, com robôs dominando o mundo ou carros voadores, mas aquela que já se aninhou em nosso cotidiano, sutil e quase imperceptível. Aquela que sugere o próximo vídeo, que completa a frase antes mesmo de a pensarmos, que organiza a vida em planilhas e algoritmos. E, como um pai que observa o filho crescer e se tornar um estranho familiar, comecei a me questionar: para onde estamos caminhando com essa nova criatura que criamos? Seria ela apenas uma ferramenta, um aprimoramento da nossa própria capacidade de pensar, ou algo mais? Algo que, sem que percebamos, começa a moldar não apenas o que fazemos, mas quem somos?

Lembro-me de uma tarde, dessas em que a gente se perde nas redes sociais, e me deparei com um anúncio de um aplicativo que prometia organizar a vida financeira. Com um clique, ele analisava gastos, sugeria investimentos, e até mesmo, com uma audácia quase humana, indicava onde eu poderia economizar. Fiquei embasbacado. Aquilo não era apenas um programa de computador; era um conselheiro financeiro, um confidente digital que sabia mais sobre minhas finanças do que eu mesmo. E, num relance, me veio à mente a imagem da loja de bonecas American Girl, que visitei com minha filha em Nova York, onde o que se vendia não era um brinquedo, mas um sonho, uma experiência. Será que a IA não estaria fazendo o mesmo? Vendendo a ilusão de uma vida mais organizada, mais eficiente, mais perfeita, enquanto nos afasta, sutilmente, da necessidade de desenvolvermos nossas próprias habilidades de organização, de planejamento, de autoconhecimento? A IA, nesse sentido, seria um novo tipo de “bebê reborn” digital, preenchendo lacunas que talvez devessem ser preenchidas por nós mesmos, por meio do afeto, da simplicidade, do altruísmo.

E por falar em afeto, me pergunto se essa crescente dependência da inteligência artificial não estaria, de alguma forma, atrofiando nossa capacidade de lidar com a falta, com a imperfeição, com o que é genuinamente humano. Se a IA nos oferece respostas prontas, soluções rápidas e um mundo de conveniências, onde fica o espaço para o erro, para a busca, para a descoberta que nasce da carência? Será que, ao delegarmos cada vez mais tarefas e decisões a algoritmos, não estamos nos tornando seres mais rasos, menos empáticos, menos capazes de enfrentar as complexidades da vida real? A humanidade, afinal, não é feita de certezas, mas de dúvidas, de tropeços, de recomeços. E o autoconhecimento, essa jornada árdua e solitária, não pode ser terceirizado para uma máquina, por mais inteligente que ela seja. A IA pode nos dar informações, mas a sabedoria, essa, ainda é um atributo exclusivamente humano, forjada na experiência, na dor, no amor e na capacidade de se relacionar com o outro, com o diferente, com o imperfeito.

Penso nos adolescentes de hoje, imersos em um universo digital onde a comunicação é mediada por telas e algoritmos. Se, como pai, já enfrento o desafio de fazê-los levantar os olhos do celular para uma conversa real, o que será quando a IA se tornar ainda mais onipresente? Será que a capacidade de escutar sem julgamento, de oferecer amparo e de se importar genuinamente, qualidades que tanto prezo na educação dos meus filhos, não se tornarão obsoletas em um mundo onde a máquina “escuta” e “responde” com uma eficiência que o humano jamais alcançará? O perigo não está na IA em si, mas na nossa tendência de nos afastarmos do que nos torna humanos, de terceirizarmos a nossa própria humanidade. A IA é um espelho, e o que vemos nele reflete mais sobre nós do que sobre a máquina. Se ela nos mostra um mundo de conveniências e respostas prontas, talvez seja porque, no fundo, é isso que estamos buscando, esquecendo-nos da beleza da jornada, da riqueza da imperfeição, da profundidade do afeto.

No fim das contas, a inteligência artificial, por mais avançada que seja, é apenas um algoritmo. E a alma, essa, ainda é um mistério, um emaranhado de emoções, de contradições, de anseios que nenhuma linha de código pode replicar. Talvez o grande desafio do nosso tempo não seja criar máquinas mais inteligentes, mas sim, nos tornarmos humanos mais conscientes, mais empáticos, mais presentes. Que a IA nos sirva como um lembrete constante da nossa própria essência, da nossa capacidade de amar, de criar, de nos conectar. Que ela seja um catalisador para a nossa evolução, e não um vírus que nos destrua. Pensemos sobre isso.

 

Guilherme Augusto Santana (e um pouco de Manus AI)

Goiânia, 11 de agosto de 2025

santanagui@hotmail.com

 

ps. O texto “o algoritmo e a alma” foi criado por IA tendo como base os meus textos publicados no blog Diário de um Coveiro https://santanagui.blogspot.com/. Confesso que relutei um tempo em fazer essa experiência, primeiro por receio de perder a inspiração para escrever, segundo por pavor de que a IA escrevesse meus textos melhor do que eu. Ao final gostei da experiência, apesar de achar que faltou um pouquinho de espírito ao resultado. Realidade ou recalque eu não sei. Só sei que ainda temos algumas coisas que a IA não consegue nos responder com certeza e uma delas são os mistérios humanos.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário