sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Baianidade, um estado de espírito

amigos e amigas
Direto da única lan house de Cumuruxatiba-BA, envio a crönica de sexta. (desconsiderem os possíveis erros de portuguës)

Feliz ano novo a todos


Baianidade, um estado de espírito
Estou eu aqui sentado na varanda da casa de praia, o corpo quente pelo sol drenante, escutando o barulho das ondas do mar a lamber a areia branca. Somente sentado por obrigação da crônica de sexta. Em respeito aos meus fiéis leitores, porque a vontade tenta impedir-me. Repele-me do computador. As palavras entram num emaranhado estranho como se embaralhadas estivessem e embaralhadas quisessem continuar. Lembro-me que já senti isso outras vezes. Aliás, todas as vezes que venho à Bahia. Aí o pouco que resta de raciocínio me faz entender que só pode ser alguma coisa relacionada a essa terra. Alguma coisa que eles colocam na água, na comida, no ar... Algo como um estado de espírito. Baianidade. Uma entidade. Um orixá. Saravá!
Diz o ditado que baiano não nasce, estréia. Penso que quem escreveu isso era um sábio. O baiano é um artista por natureza. Na literatura, na política, na cozinha. Na arte de não se preocupar com o dia de amanhã. Aliás, nem de se preocupar com o dia de hoje. Quer alguma coisa rápida? Esquece. E o pior é que ele te convencerá da desnecessidade da urgência. Para que essa pressa, meu rei?! Vai tirar o pai da forca?! Melhor se sentar e trocar um dedo de prosa antes de fazer qualquer pedido. Uma conversa jogada fora. Coisa de amigos que recém se conhecem. Alias, nisso você verá um fenômeno. Aquele baiano se tornará seu amigo para o resto da vida. O melhor amigo. Contará seus maiores segredos. Suas aflições, que são poucas e suas pretensões que são poucas também. Depois de trocadas as confidëncias, peça aquilo que principiou a conversa. Se lembrar claro. Perceberá que terá qualquer coisa que pedir. Logicamente se não exigir muito esforço do cidadão.
A culinária aqui é um caso a parte. Uma paixão a parte. Nunca vi baiano falando que sua comida é ruim. Aliás, nem mais ou menos. Ela é sempre porreta. “Rapaz, você nunca comeu nada mais gostoso!”. E tudo numa simplicidade impar. Nada que de muito trabalho. Azeite de dendê, leite de cöco, tomate, cebola, cheiro verde (bastante coentro) e um peixe ou fruto do mar. Arrume tudo numa panela e coloque em fogo brando. Pronto. Simples. Vai tentar fazer você para ver. Não sai nem perto. Falta a mão do baiano. E falta a pimenta também. No máximo um arroz branco a e farinha amarela. Essa necessária em qualquer prato. Pronto. Não dispensa nunca uma bebida forte para guiar. Depois uma cerveja gelada. Se não tiver vai morna mesmo, porque gelada aqui é quase impossível. Prá que né meu rei?
Ainda sentado na mesma varanda, penso que o tempo passa mais devagar nessa terra. Ele quase se arrasta. Fico imaginando como foi o primeiro contato dos portugueses com as maravilhas do cenário do sul da Bahia. Devem ter ficados extasiados, não só pela beleza cênica, mas pelo tempo de isolamento em alto mar. É o que sinto toda vez que piso nessas areias. Hoje aqui funciona um parque nacional. Parque do Descobrimento. Próximo de onde estou escrevendo existe um rio. Rio Cahy. Esse foi o primeiro lugar onde as caravelas de Cabral aportaram no Brasil. Água doce era o objetivo. Erro fatal. Beberam da água da Bahia. Nunca mais conseguiram esquecer essa terra. Eu disse que tinha alguma coisa nessa água! Eu avisei!
Guilherme Santana
Cumuruxatiba(ex Ilha de Vera Cruz)
 30-12-11
santanagui@hotmail.com

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