sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Azar, crendice e outros acessórios mais

Amigo leitor mando-lhe a dessa sexta feira 13.
Se não ler vai dar azar!



Azar, crendice e outros acessórios mais



         Não teria tema mais relevante para se falar nessa sexta feira 13 do que o azar. Alias a primeira data desse tipo nesse ano que principia. Todas as redes sociais ficaram inundadas de referências e principalmente piadinhas a respeito do fato. E é interessante pensar como as pessoas ainda têm receio dessas crendices em pleno século XXI. Na era da globalização de informações e vendo a desinformação tomar conta do âmbito popular como se ainda vivêssemos na era da pedra. O que leva o homem a se deixar levar por esse tipo de crendice nos dias atuais? O que leva a informação ser suplantada pela crença? Essas são perguntas que a humanidade tenta responder desde que se entende por gente. E pelo que vejo ainda não conseguiu responder e muito menos achar antídoto para seus malefícios.

         Há alguns dias estava trocando umas lâmpadas aqui em casa e para isso lancei mão de uma escada alta. Coloquei-a bem no rumo da entrada para facilitar o serviço de maneira que a passagem ficava interditada. O único caminho a se percorrer seria passar por baixo dela. Entrou uma pessoa para conversar algo que não me lembro mais e ficou ali, na entrada, parada. Estática. Só percebi que estava assim um tempinho depois. Perguntei se ela não passava debaixo de escada. A resposta foi assertiva. Achei um pouco engraçado e retirei a escada para dar passagem a ela. Fiquei refletindo depois o que leva uma pessoa a achar que um simples ato de passar debaixo da escada trará má sorte. O que se passou pela mente divina para estabelecer alguns fatos aleatórios como causadores de intempéries para os pobres seres humanos? Imagino-o, o Criador, pensando: “Deixe-me ver... gato preto é uma boa. Espelho! Esse é bom. Sete anos de azar. Escada também é legal, mas subir nela? Não! Passar debaixo!”. Seria como trazer Deus para o patamar humano com suas deficiências e inseguranças. Um quase semideus grego. E esse mal que padecemos não é de agora. Desde os primórdios que o homem sofre com as crendices. O fogo e a lua foram alvos de explicações mil que envolviam temor e imaginação. Depois que descobrimos que não passavam de elementos naturais, muitas de suas crenças viraram lendas. Esse é o fato que diferencia a crença do real. O conhecimento. Quando os navegadores singraram os oceanos descobrindo que a terra era redonda, caiu por terra o mito das fossas abissais no fim dos mares. Mas precisaram navegar para descobrir. Assim também funciona nos dias de hoje. Precisamos obter o conhecimento para suplantar a crença. Senão estamos fadados a continuar achando que a terra é chata e que o fogo é arte de maus espíritos. Esse é o nó da sabedoria humana. O conhecimento. Dele depende nossa evolução como espécie.

         Voltando a nossa data emblemática, hoje quando acordei estava no hospital. Não se apavorem ainda. Estava de acompanhante para a esposa que havia feito uma pequena intervenção. Sexta feira 13 e eu um coveiro. Se fosse para dar azar, ali seria campo fértil. Mas não. O dia transcorreu normal como transcorrem todos os outros, sujeitos às intempéries naturais. Provavelmente porque quando acordei bati três vezes na madeira. Brincadeirinha.   





 



Guilherme Augusto Santana
Goiânia, sexta feira 13 de janeiro de 2012

Um comentário:

  1. Acho que bateu na madeira 3 vezes sim... rs...brincadeirinha...Ótimo texto! Como sempre!
    Abraço a você e a toda família!

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