Será que as notícias mudam em 60 anos?
espero que gostem.
Épocas passadas
Semana passada dei-me um descanso.
Pescaria no meio do estado do Tocantins. Daquelas com contatos mínimos com a
civilização e máximos com a natureza. Externa e interna. Saindo da bela cidade
de Palmas, paramos para abastecer o carro e no folhar as revistas da loja de
conveniências, uma me chamou a atenção. Tinha a foto do ex Presidente Getúlio
Vargas na capa. Era uma edição da revista Época comemorativa dos 60 anos da
Editora Globo. Não me contive. Comprei. Já que ficaria o fim de semana sem
internet, ao menos as informações impressas. Lei de Compensação. De uma maneira
muito interessante, os editores da revista dividiram a mesma em duas partes. A
primeira metade com conteúdos do ano de 1952 e a outra metade com conteúdos de
2012. Um prato cheio para quem gosta de história (que é o caso desse que vos
fala). Deparei-me com assuntos que eram tratados na época como a criação da
Petrobrás e a tentativa do governo Vargas de insuflar o orgulho nacionalista
sobre o ouro negro. A frase “O petróleo é nosso” era estampada nas manchetes e
dava ao Brasil uma perspectiva de lugar ao sol no cenário global. Qualquer
coincidência com o pré-sal ou qualquer coisa que o valha, nesse caso, não é
coincidência. Outra notícia que chamou muita a atenção no ano de 52, foi sobre
as enchentes na cidade de São Paulo e os problemas de mobilidade urbana nas
grandes metrópoles. Destaco um trecho da reportagem: “Para quem acredita em
destino, um alento vem dos astros: de acordo com o calendário chinês, 1952 é o
Ano do Dragão de Água. Desastres naturais são esperados nesse período. A sorte
é que o próximo ano do Dragão de Água será apenas em 2012, quando certamente já
teremos superado o problema das enchentes.”. Não dá vontade de rir? E parece
que foi há tanto tempo! Olha outra nota interessante da década de 50: “O jogo
do bicho se imiscuiu entre os parlamentares. Uma parte da bancada fluminense se
tornou cliente das bancas de Magé. A outra aposta com os bicheiros de
Teresópolis. Vai dar zebra.”. Fora a palavra “imiscuiu” a nota poderia se
encaixar perfeitamente nos moldes da política nacional atual, só que dessa
feita se alastrando além de fronteiras fluminenses. Reparem nessa: “O governo
quer que os industriais paulistas reduzam em 30% o consumo de energia nos
horários de pico. As medidas fazem parte de um pacote de racionamento. Pede-se
às donas de casa que apaguem as luzes e evitem pegar o elevador no começo das
manhãs e no final das tardes.”. E até hoje não conseguimos resolver o problema
energético do Brasil. Passados 60 anos a notícia está atualíssima! E para
terminar o apanhado de notas, cito uma que provocará risos (ou lágrimas):
“Zumbe no Maranhão o advogado José Sarney. Com apenas 22 anos, ele chegou à
Academia Maranhense de Letras. O caminho foi aberto com versos feitos para sua
musa, Marly, com quem se casou em julho, em São Luiz. Ativo na política, Sarney
faz ferrenha oposição ao governo local. Esse ainda vai dar trabalho.”. Sem
palavras. Além de todas essas pérolas da década de 50, encontra-se uma
belíssima crônica da escritora Raquel de Queiroz sobre o feminismo que aconselho
a todas as mulheres lerem. Entrevistas simuladas com Carlos Lacerda e Nelson
Rodrigues e reportagens internacionais sobre a morte de Evita Perón e a
coroação da Rainha Elizabeth II fazem da revista uma leitura leve e
contemporânea.
Mas vamos ao cerne da questão, pois não
é minha intenção relatar aqui todo o conteúdo da publicação e sim chegar a uma
conclusão sobre ela. Espero que os que tiverem oportunidade de ler a revista,
que o façam. No mínimo poderão fazer essa análise que ora realizo. Será que em
60 anos os problemas da sociedade brasileira e mundial foram solucionados? Ou
ao menos mudados? Ou ao menos amenizados? A princípio, para quem lê as notícias
dos idos de 50, pode chegar à conclusão que não. Tudo leva a crer que não
evoluímos nada nesses 60 anos de história. Mas dou aqui a minha opinião. A vida
de certa forma é cíclica e se move em forma de espiral. Sempre para cima. Por
mais que tenhamos a impressão de estar passando pelas mesmas situações, essas
estão em um patamar superior. Sempre evoluindo. De forma lenta e gradual. O
segredo está em olhar para a parte de baixo da espiral e utilizar as
experiências passadas para solucionar os problemas atuais. Tentar ao máximo
dilatar a distância entre as voltas da vida. Porque a vida, impreterivelmente,
dá voltas. Só não podemos permitir que as voltas terminem no mesmo lugar que
começaram. Assim eu penso.
Guilherme Augusto
Santana
Goiânia, sexta feira 15 de junho de 2012
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