sexta-feira, 22 de junho de 2012

Sustentabilidade

Caros leitores amigos

Banda Eva diz assim:

"Meu amor, olha só hoje o sol não apareceu
É o fim da aventura humana na Terra
Meu planeta adeus,
Fugiremos nós dois na arca de Noé
Olha bem meu amor no final da odisséia terrestre"


Será?


Sustentabilidade

Nunca se falou tanto essa palavra pelo mundo afora. Sustentabilidade. É sustentabilidade para cá, é sustentabilidade para lá e o termo vai se popularizando e ao mesmo tempo, se desgastando em seu real sentido. No meu tempo (não precisamos aqui explicitar o quanto isso representa em décadas), se chamava preservação. Foi também uma palavra muito utilizada nos meios acadêmicos e populares. Preservação da fauna, da flora, dos animais em extinção, da natureza de uma maneira geral. Junto com a palavra preservação veio uma outra. Radicalização. “Se é para preservar não podemos fazer mais nada”. Temos que estagnar os processos produtivos para resguardar o que ainda temos de recursos naturais. Incluem-se nisso a estagnação do crescimento populacional terrestre. Muito simples. Se precisamos preservar, não podemos consumir e consequentemente não podemos crescer. Aí percebemos um erro de conceito. O homem estava incluído na natureza. Como não percebemos isso antes?  Como preservar excluindo o ser humano? Impossível. Passamos anos acreditando que a palavra certa era preservação. Foram décadas perdidas em embates. Despertamos o monstro da radicalização por entendermos errado os problemas do mundo. Mas será que realmente foram perdidos os esforços? Será que a coexistência meio ambiente/homem não se beneficiou de forma nenhuma desse embate? Penso que tivemos ganhos. Só de conseguirmos entender com profundidade que o homem faz parte da natureza umbilicalmente, no meu ponto de vista, já é um ganho enorme. Afinal somos a única espécie pensante sobre a face da Terra. Cabe a nós o gerenciamento do boteco, mas sem esquecer que nós também fazemos parte dele. No mesmo barco em que estão a Floresta Amazônica, o mico leão dourado e a baleia jubarte, estão o Seu Zé, a Dona Joana e seus filhos. Entendido a verdadeira relação de participação no meio, surgiu o atual termo significativo que dá nome a crônica: Sustentabilidade. Habilidade de sustentar ou suportar algo. Permitir a permanência por um determinado tempo. Aí encontramos uma palavra que apimenta a relação. Tempo. Teremos tempos para implantar a tão famosa Sustentabilidade? Estamos à beira do colapso e a velocidade das mudanças é aquém das necessidades de sustentação? Seria o fim da aventura humana na Terra?

            É nesse meio de palavras da moda, palavras do passado e dúvidas que se realiza a Rio + 20. Conferência de Meio Ambiente e Sustentabilidade. Como o próprio nome diz, vinte anos depois da irmã mais velha Rio 92. Chefes de Estado, burocratas, ambientalistas, preservacionistas, ONGs, cidadãos comuns todos tentando conversar sobre o assunto. Tentando jogar a culpa em alguém. Tentando passar a responsabilidade para alguém. Como se a mesma não fosse compartilhada. Todos cobrando resultados e velocidade. Todos dando desculpas e justificativas. Todos não se entendendo sobre os conceitos. Será que conseguiremos avançar diante desse cenário? Não consigo responder essa pergunta. Consigo sim dar minha opinião. Pode ser que muitos achem que o que vou dizer aqui é retórica, mas a História está a meu favor. As mudanças de conceito no mundo são lentas. Graduais. Não adianta querermos imprimir uma velocidade que não se sustenta. Acabei de dar esse exemplo na substituição da palavra preservação por sustentabilidade. E isso levou décadas para ocorrer e mesmo assim ainda não descobrimos como implantar. As mudanças vêm com o passar das gerações. Paulatinas. A colheita vem depois do plantio e nem sempre na velocidade que desejamos. Se ainda temos tempo? Não posso garantir. Prefiro sempre o otimismo. Se estou sentindo a mudança? Estou. Sinto-a todos os dias com meus filhos. A minha palavra era preservação. A deles já é sustentabilidade. Tenho certeza que a geração deles terá maior conhecimento e consciência para comandar nosso planeta. Assim estamos plantando. Assim espero que colham.

Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 22 de junho de 2012

Um comentário:

  1. No meu tempo escolar( dos três anos aos vinte ), nunca tive uma aula de meio ambiente, mas minha mãe já nos ensinava a não jogar lixo pelas janelas, agora passados +40 as crianças ouvem falar de preservação, sustentabilidade desde o jardim da infância até em intervalo na tv, tenho certeza que isto fará a diferença no futuro, sim nos temos tempo, mais e as baleias jubartes e outros animais em extinção terão tempo também? Ver uma baleia nadar livremente, brincar com seu filhote, foi uma das maiores emoções da minha vida. Gostaria que todos pudessem ter esse privilégio. Criei uma campanha a favor da criação de áreas de proteção marinha em Abrolho:
    http://www.avaaz.org/po/petition/Criacaoampliacao_de_areas_de_protecao_do_ambiente_marinho_na_regiao_dos_Abrolhos/?fuXMObb&pv=

    ResponderExcluir