sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Habemus Mater?

segue análise de um qualquer.


Habemus Mater?

 

            O assunto do mês que não posso me furtar em comentar é a renúncia do Papa Bento XVI. Tentarei fugir do meio comum e entrar por um ponto de vista diferente. Não sou Ilze Scamparini que acompanha o Pontífice de perto, nem teólogo que emenda mil teorias sobre seu afastamento e muito menos fiel cego que acredita piamente na Santa Madre Igreja. Portanto terão a análise de um qualquer. Alguém que tenta ver sobre outro ponto de vista. Teorias muitas têm surgido para calçar a saída do chefe máximo da Igreja Católica. Questões ligadas a sua saúde, ligadas ao seu conservadorismo, ligadas à omissão e acobertamento de casos de pedofilia dentro da igreja, ligadas a golpes e tentativas de tomada do poder, ligadas ao Banco do Vaticano e sua ingerência e possível lavagem de dinheiro. Ou seja, questões que povoam o imaginário popular. Ninguém precisa ser especialista para lançar sua opinião. Nos bares, praças e igrejas, todo mundo tem uma teoria sobre a renúncia. Isto posto, a distância que estamos de sabermos o que realmente acontece intramuros no Vaticano. Aliás, diga-se de passagem, a maioria dos brasileiros (e aí penso que a maioria dos católicos do mundo se encaixa) tem uma visão do Papa muito distante. Forante a voz da Ilze e as missas rezadas na Praça de São Pedro, não sabemos nada do Pontífice. Nada mesmo. E como advenho da crença cristã católica, passando por quase todos os sacramentos (batizado, primeira comunhão, crisma, matrimônio), tive a oportunidade de perceber a distância que a Igreja Católica teve de seus fiéis nos últimos séculos. Haja vista a evolução corrente das religiões de origem protestantes arrebanhando fieis por se imiscuir mais profundamente nos anseios dos mesmos. Pude presenciar crises de identidade e críticas vorazes ao conservadorismo e falta de adaptabilidade aos ditos “tempos modernos” e perceber a morosidade e peso de uma instituição que caminha a passos lentos e calculados. E ai culminamos numa situação em que a Igreja não passava há mais de seis séculos. A renúncia de um Papa. E aí percebemos uma comoção geral pela figura de Ratzinger. Todos abraçaram o Papa como se estivesse à beira da morte. Discursos inflamados sobre sua atuação e o legado que vai deixar. Citações sobre a coragem e a bravura diante da renúncia. O Papa é nosso! A instituição Igreja é nossa! Escondamos as sujeiras debaixo do tapete (que não são poucas) e proclamemos nossa fé inabalável na Santa Sé! Isso me faz lembrar uma tese que minha avó defendia com unhas e dentes. “Sei todos os defeitos do meu filho, mas ele não deixa de ser meu. E o defenderei com unhas e dentes, mesmo sabendo de seus erros e suas falhas.” Essa é a representação máxima do instinto materno. Aquele que defende a cria independente da situação. E a Igreja, assim como outras religiões, é cria do homem. Foi forjada e pensada por mentes humanas. Com o objetivo sim de alcançar Deus, mas concebida humanamente. E aí me vem o questionamento. Será que não estava na hora de pararmos de agir como mães instintivas e passáramos a agir como mães racionais e sensíveis? Não estou dizendo para abandonarmos a cria, mas para fazermos uma análise profunda sobre seu comportamento e sua atuação. A Igreja Católica, tal como está hoje (e aí coloco todas as religiões e crenças de maneira geral), passaria por esse crivo de racionalidade e sensibilidade materna? Habemus Mater?       

 

 

 

 

Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 22 de fevereiro de 2013

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