sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

quem remove montanhas?

Aperitivo para a festa santa e profana que se aproxima.

Todo ser carrega o bem e o mal dentro de si.




Quem remove montanhas?

 

            Na crônica de hoje narro duas histórias de vida distintas com um ponto em comum. Vou me abster temporariamente dos nomes para não incorrerem em análise precipitada dos fatos. Sem mais delongas vamos a elas.

 

            Senhor X (que não é Eike Batista) nasceu na esfuziante capital brasileira na década de 40. Não me enganei de capital, pois é do Rio de Janeiro que estou falando. Filho de família de classe média e com nome tradicional na sociedade, o cidadão teve oportunidades inerentes a sua classe social. A ele foram disponibilizados todos os meios educacionais, como ingresso nos melhores colégios da cidade, quiçá do Brasil. Educação de primeira, tanto em casa como fora dela. Senhor X foi expulso ou convidado a se retirar, o que dá no mesmo, de três colégios dos quais havia ingressado. Notas pífias. Foi considerado burro para os padrões vigentes à época. Os pais tentaram de tudo para colocar o filho no caminho da retidão. Em vão. Foi internado a primeira vez em uma casa de recuperação (eufemismo de manicômio) com suspeitas de necedade e desvio sexual (achavam que o menino era homossexual). Das outras duas vezes que foi internado na mesma instituição de saúde foi por surto psicótico mesmo. Havia quebrado todo o quarto e provocado uma confusão sem par. Foi submetido a inúmeras seções de eletrochoque.  Fugiu da casa de recuperação duas vezes. Fugiu de casa um sem número de vezes. Viveu perambulando pela zona do baixo meretrício muitos anos, fazendo uso dos serviços de homens e mulheres que ali buscavam fazer a vida. Fez um pacto com diabo. Usou drogas de todos os tipos. Abusou.

 

            Senhor Y coincidentemente nasceu na mesma época de Senhor X e no mesmo local. As condições familiares e sociais foram as mesmas. Resumidamente, um princípio igual. Porém Senhor Y queria ser escritor. Aliás, ele queria ser o maior escritor do mundo. Com essa ideia em mente ele se embrenhou pelos caminhos tortuosos da arte. Foi ator, diretor, roteirista, produtor teatral. Foi criticado mais vezes que ovacionado. Escreveu fiascos e também Best Sellers. Publicou cerca de 17 livros dos quais atingiu a marca de mais de 100 milhões de exemplares vendidos em 150 países. Seus livros foram traduzidos em 66 línguas diferentes. Foi considerado o escritor de língua portuguesa mais lido de todos os tempos. Ocupa a cadeira número 21 da Academia Brasileira de Letras. Foi nomeado pela ONU “Mensageiro da Paz”. Abusou.

 

            O que esses dois indivíduos tem em comum? Simples. São a mesma pessoa. O escritor Paulo Coelho. Interessante não? As conclusões que podemos tirar dessa análise são muitas. Amplas. Profundas. Mas vou me ater a uma somente. Um desejo que Paulo expressou por toda a vida. Retratada em sua biografia escrita por Fernando Morais. Ele sempre quis ser um grande escritor. Sempre acalentou esse desejo. O de ser o maior. Eis ai o resultado. Sem entrar nos méritos da sua qualidade literária, não podemos negar o lugar aonde ele chegou. O topo. E aí eu me pergunto: A fé remove montanhas ou a vontade remove montanhas?

      

 

Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 08 de fevereiro de 2013

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