11-09
Era
uma manhã de mais um dia de setembro. Estava eu preparando minhas coisas para
voltar a Goiânia. Passava o miolo da semana em Brasília cuidando dos interesses
da empresa junto aos órgãos públicos. Televisão ligada enquanto tentava colocar
as roupas muitas na mala pouca. De repente comecei a ver imagens de prédios em
chamas no centro de NYC. Nada de novo visto que nove entre dez imagens do
cinema americano mostram destruição na Big Apple. Mas desta feita era real.
CNN. Uma confusão de aviões, fogo, desabamentos, bombeiros e principalmente de
desespero. Parei estarrecido diante da TV e a ficha não caia diante de imagens
que pareciam irreais. Nova Iorque, Pentágono e Pensilvânia. Qual seria o
próximo? Chegamos a cogitar a possibilidade de não voltar a Goiânia. Não
sabíamos até o momento as extensões dos ataques. Hipóteses vão, hipóteses vêm,
resolvemos pegar a estrada. No caminho o rádio ligado todo o tempo nas notícias
da tragédia. No trajeto de aproximadamente duas horas, ficamos sabendo das
primeiras estimativas de mortos, da autoria do atentado e das possíveis represálias
do Presidente Americano. Tal qual o assassinato do Arquiduque Francisco Fernando
da Áustria e a invasão da Polônia por Hitler deram origem as primeira e segunda
guerras mundiais consequentemente, naquele momento temi estar presenciando o
início da terceira. Enganei-me no temor. Isso aconteceu há 13 anos.
Era uma tarde de mais um dia de
setembro. Estava eu, mais uma vez, retornando a Goiânia depois de um dia na
capital federal. Os mesmos ofícios e as mesmas preocupações. Escutava as
notícias pelo rádio como de costume. Entre novidades requentadas sobre a
política brasileira o Presidente Americano Barak Obama fazia um discurso
inflamado sobre o combate ao terrorismo. Nada de novo. A bola da vez era o Estado
Islâmico. Que de Estado e de Islâmico não têm nada assim como a Al Qaeda de
outrora. A motivação era a decapitação de dois jornalistas. Tudo postado na
internet no maior sangue frio. Lembrei-me que estávamos no dia 11 do mês de
setembro. Tal qual aquele outro dia. E as ameaças pareciam às mesmas feitas
pelo então Presidente Bush. Similaridade de posições entre Democratas e Republicanos.
Também sem novidades. No mesmo momento vieram à mente imagens das invasões ao
Iraque e Afeganistão, da caça a Saddam Hussein e posteriormente sua execução e
da caça a Osama Bin Laden e também posterior execução. Diferentemente do outro
11-09, não senti pelo início de uma guerra mundial. Talvez já esteja
anestesiado. Isso aconteceu ontem. E penso que continuará acontecendo nos
próximos treze anos. E nos próximos treze subsequentes. No fundo os papéis só
mudaram de interlocutores. Bushs, Obamas, Osamas, Sadans e Abrantes. Tudo como
dantes.
Guilherme Augusto
Santana
Goiânia, sexta feira 12 de setembro de 2014
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