sexta-feira, 12 de setembro de 2014

11-09


11-09

 

           

Era uma manhã de mais um dia de setembro. Estava eu preparando minhas coisas para voltar a Goiânia. Passava o miolo da semana em Brasília cuidando dos interesses da empresa junto aos órgãos públicos. Televisão ligada enquanto tentava colocar as roupas muitas na mala pouca. De repente comecei a ver imagens de prédios em chamas no centro de NYC. Nada de novo visto que nove entre dez imagens do cinema americano mostram destruição na Big Apple. Mas desta feita era real. CNN. Uma confusão de aviões, fogo, desabamentos, bombeiros e principalmente de desespero. Parei estarrecido diante da TV e a ficha não caia diante de imagens que pareciam irreais. Nova Iorque, Pentágono e Pensilvânia. Qual seria o próximo? Chegamos a cogitar a possibilidade de não voltar a Goiânia. Não sabíamos até o momento as extensões dos ataques. Hipóteses vão, hipóteses vêm, resolvemos pegar a estrada. No caminho o rádio ligado todo o tempo nas notícias da tragédia. No trajeto de aproximadamente duas horas, ficamos sabendo das primeiras estimativas de mortos, da autoria do atentado e das possíveis represálias do Presidente Americano. Tal qual o assassinato do Arquiduque Francisco Fernando da Áustria e a invasão da Polônia por Hitler deram origem as primeira e segunda guerras mundiais consequentemente, naquele momento temi estar presenciando o início da terceira. Enganei-me no temor. Isso aconteceu há 13 anos.

 

            Era uma tarde de mais um dia de setembro. Estava eu, mais uma vez, retornando a Goiânia depois de um dia na capital federal. Os mesmos ofícios e as mesmas preocupações. Escutava as notícias pelo rádio como de costume. Entre novidades requentadas sobre a política brasileira o Presidente Americano Barak Obama fazia um discurso inflamado sobre o combate ao terrorismo. Nada de novo. A bola da vez era o Estado Islâmico. Que de Estado e de Islâmico não têm nada assim como a Al Qaeda de outrora. A motivação era a decapitação de dois jornalistas. Tudo postado na internet no maior sangue frio. Lembrei-me que estávamos no dia 11 do mês de setembro. Tal qual aquele outro dia. E as ameaças pareciam às mesmas feitas pelo então Presidente Bush. Similaridade de posições entre Democratas e Republicanos. Também sem novidades. No mesmo momento vieram à mente imagens das invasões ao Iraque e Afeganistão, da caça a Saddam Hussein e posteriormente sua execução e da caça a Osama Bin Laden e também posterior execução. Diferentemente do outro 11-09, não senti pelo início de uma guerra mundial. Talvez já esteja anestesiado. Isso aconteceu ontem. E penso que continuará acontecendo nos próximos treze anos. E nos próximos treze subsequentes. No fundo os papéis só mudaram de interlocutores. Bushs, Obamas, Osamas, Sadans e Abrantes. Tudo como dantes.       

  

             

 

 

Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 12 de setembro de 2014

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