sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

prometo que essa é a última


Prometo que essa é a última

 

           

* papel encontrado enrolado dentro de uma garrafa de espumante barato, semi enterrada na areia da praia de Copacabana, juntamente com um bolo de apostas da Mega Sena, logo após a virada de ano:

 

 

“Prometo, nesse ano que entra, perder aqueles 7 quilinhos (talvez 14) que me acompanham há uma dezena de anos. Mas sem beber aqueles shakes horrorosos que me deixaram no trono igual um rei quase metade do ano passado. Também não farei dieta da proteína porque prende.

 

Prometo, nesse ano que entra, comer menos gordura e açúcar. Não se incluem nessa promessa aquela picanha maravilhosa que meu cunhado faz e nem aquele pudim de leite condensado divino da minha avó. Porque aí é crueldade.

 

Prometo, nesse ano que entra, fazer mais exercícios. Vou correr na rua (andar é melhor por conta do meu joelho bichado) e começar a academia. Como promessa adicional dessa promessa especificamente, não farei aqueles combos anuais da academia porque sei que com a minha perseverança é jogar dinheiro fora.

 

Prometo, nesse ano que entra, controlar mais minhas finanças. Se não fosse meu irmão ajudar... tudo culpa daquele maldito carnê das Casas Bahia. Acho que não precisava ter comprado aquela bicicleta ergométrica. Pelo menos agora não preciso mais comprar cabide.

 

Prometo, nesse ano que entra, ser mais paciente e tolerante. Menos com a minha cunhada que tem uma língua maior que a boca e vive apontando meus quilinhos a mais. Até parece que ela é a Gisele Bunchen. Vaca.

 

Prometo, esse ano que entra, viajar mais. Estou até pensando em comprar aqueles esquemas tipo Bancorbrás para poder ir naqueles hotéis que tem toboágua. Tem até um esquema de dividir com outra pessoa que meu irmão está propondo. O duro é dormir no mesmo quarto da vaca. Não tenho vocação para indiana.

 

Prometo, esse ano que entra, ser mais consciente politicamente. Essas paradas das manifestações de rua mexeram muito comigo. Quero ler assim umas publicações mais isentas como Veja e Carta Capital (adoro aquelas colunas de fofoca da alta sociedade). Esse ano de 2015 votarei consciente. Vamos eleger o que mesmo esse ano?

 

Prometo, esse ano que entra, ir mais a igreja. Mas não aquela que minha amiga Creuza me levou. O povo grita demais parecendo que Deus é surdo. Vou naquelas de cura porque essa dor nos quartos está me matando. De qualquer forma não esqueci as flores de Iemanjá. Vai que ela se ofende.

 

Prometo, esse ano que entra, não gastar meu décimo terceiro todo em bilhete da Mega Sena da virada. Todo ano é a mesma coisa. Não faço nem terno. Aí não sobra dinheiro para comprar uma espumante de classe para a virada do ano. Talvez eu aposte no bolão da turma do escritório. Mas tem a menina do RH que eu não suporto. Vaca também. Vou pensar no caso.

 

Prometo, esse ano que entra, dar um ultimato no Zezão. Ou eu ou a cachaça. Tenho medo que ele escolha a cachaça. Melhor assim. Antes só do que mal acompanhada. Até porque o Mané da padaria tem tempo que está querendo bulir comigo. E ele não bebe. Mas fuma. E tem ex-mulher. Uma vaca.

 

Prometo, esse ano que entra, não fazer mais lista de promessas. Não adianta mesmo. Essa é a última. Só espero que o Zezão não leia isso.

 

Feliz 2015.”   

 

 

(baseado na série dos bilhetes do Dr. Carlos Magno de Melo)

 

 

Guilherme Augusto Santana

Goiânia, 02/01/15

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