Veja bem
Veja bem. Vamos lá.
Devido ao grande fluxo de reclamações em relação à situação atual do país, nós
fomos convidados a participar com a solução. Faz de conta que assumimos o papel
de juiz supremo. Toda decisão depende de nós. Tipo Todo Poderoso. Prontos para
o exercício? Primeiramente vamos destituir a Presidenta. Ela anda muito
esquecida, teimosa e condescendente com a corrupção (para não dizer
participante). E ainda tem os discursos catastróficos e as frases de efeito
negativo. Nosso ouvido não é penico. No lugar dela assume o Vice do PMDB. Que
não é unanimidade nem dentro do próprio partido. Além de que se pensarmos bem,
o PT, saindo da cadeira de Presidente passa a fazer jogo duro. E isso o PT sabe
fazer como ninguém. Pensem na governabilidade. PMDB que não une em torno do
Vice e o PT em debandada geral. Não funciona. Passemos a cadeira para o próximo
na linha sucessória. Presidente da Câmara. Acusado de corrupção. Quase um
déspota (as vezes usarei eufemismos para não fazer juízo de valor e tentar não
polemizar). Presente na lista dos dez mais odiados do país. Melhor não. Anda a
fila. O próximo a assumir a cadeira seria o Presidente do STF. Sabem quem é né?
Pois é. Alguém o quer? Não né. Então quem é o próximo? Nova eleição?
Intervenção militar? Melhor não. Vamos deixar a Presidenta na cadeira e tentar
achar uma outra solução. Pois bem o país precisa resolver a questão do déficit.
Leia-se arrecadar mais que gastar. Partimos pelo mais difícil. Cortar gastos.
Vamos cortar o número de Ministérios ao meio e mandar metade dos comissionados
para o olho da rua. Nesse caso perderemos o apoio de todos os partidos da base.
Além de que se fizermos as contas isso não refresca muito o rombo. O grosso do
gasto público está em investimentos, previdência, programas sociais, educação e
saúde. Sendo que esses dois últimos são verbas carimbadas. Então deixemos de
lado e partamos para os outros. Cortaremos os gastos da previdência e programas
sociais. Então seremos conhecidos como carrascos dos pobres e desafortunados,
além de usurpadores de velhinhos aposentados. Seremos enforcados em praça
pública. Melhor não. Então cortemos investimentos. Nesse caso o país para de
vez. Sem infraestrutura, sem produção, sem exportação, sem empregos, sem
vendas, sem recolhimento de impostos. Menos faturamento maior déficit. Não
resolve. Opa! Aumentar a base de tributação! Precisamos incentivar o consumo.
Carros, linha branca e construção civil. Linha de crédito e juros baixos. O
povo consome muito e a indústria vende muito e nós arrecadamos muito imposto.
Mas como não temos investimento em infra e formação de pessoal as indústrias
não conseguem produzir o suficiente. Muita gente para comprar com poucos
produtos a disposição. O que acontece? Inflação. Melhor não. Então vamos
aumentar os impostos! Pronto! Solução simplista e rápida. Igual na época de Tiradentes.
Derrama. Se bem que nossa carga tributária está bem superior ao quinto instituído
pelo Rei de Portugal. Aumenta os impostos aumenta o que? Sonegação. Aumenta o
que? Informalidade. Diminui o que? Arrecadação. Vixe. E agora? E agora que
entra o cerne da questão. Veja bem. Não existe solução única, simplista e mágica.
Ao invés de querermos todos dar pitaco em assuntos que muitas vezes não
dominamos, façamos a nossa parte. A decisão depende só de nós. Consciência
política para colocar as pessoas certas para nos governar. Cobrança veemente em
cima dos nossos representantes. Trabalhar e produzir riquezas. Formar cidadania
nas gerações futuras. Simples? Não. Extremamente complexo. Mas ou é isso ou
vamos de Raul:
“A solução pro
nosso povo eu vou dá
Negócio bom assim ninguém nunca
viu
Tá tudo pronto aqui é só vim
pegar
A solução é alugar o Brasil!...”
Guilherme Augusto
Santana
Goiânia, 11/09/15
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