A
política e a educação
Voltando
da escola com os meninos para o almoço nos apegamos a uma estação de rádio que
falava sobre o assunto da semana. O impeachment da Presidenta da República. Eu
escutava displicentemente o debate pois tratava-se de assunto requentado, e
supunha que as crianças estavam entretidas com os gibis que carrego no carro
para esse fim, quando a filha mais velha me perguntou do que se tratava. Primeiro
que quando uma criança faz uma pergunta tem-se toda uma tática para responde-la.
Faz-se uma repergunta para saber exatamente qual a dúvida para evitar de
responder em excesso ou errado. Mas não teve jeito. Como explicar para uma
criança de dez anos toda a complexidade do processo político brasileiro? Como
fazer isso sem ser tendencioso no raciocínio? Como fugir para as colinas? Pois bem,
passada a vontade de fingir de morto comecei explicando o significado da
palavra impeachment e discorri sobre o rito que esse processo ensejaria.
Expliquei os motivos alegados para o afastamento e aproveitei para linkar com
um conceito que ela dominava: O valor da palavra. Expliquei que as acusações tinham
a ver com o não cumprimento da palavra por parte da acusada. Tudo muito simples
para não complicar e nem criar fantasmas naquela mente em formação. Foi quando
ela perguntou, em caso de afastamento do Presidente, quem assumiria o cargo.
Expliquei que era o Vice Presidente e foi então que veio a indagação mortal:
- Papai, mas o Vice Presidente cumpre
o que ele promete?
Bem... olha... não é bem assim... veja
bem meu bem... E nessa hora não soube se a minha resposta seria bem aceita ou
compreendida. Desviei do foco principal e procurei leva-la a refletir que isso
servia de exemplo para sua conduta e o valor que dava nas palavras proferidas.
E mais uma vez entendi que apesar de ser o maior clichê, a educação continua
sendo nossa única esperança. Quando nos deparamos com tamanha cena de caos
moral em nossa humanidade tenho cada dia mais certeza que só as gerações vindouras
poderão alentar o mundo. Mas cabe a nós, que temos essa nova geração nas mãos,
educa-la e infundir em suas mentes férteis conceitos de bem. Sempre escutei que
os jovens são a geração do futuro e a esperança de dias melhores para a
humanidade. Mas se não os educarmos para isso, se portarão exatamente como as
atuais gerações se comportam. Não tenham dúvida do poder do exemplo.
Guilherme
Augusto Santana
Goiânia, sexta feira 04 de dezembro de
2015
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