Deus
a bordo
Min
Sakura era dedicada. Vivia em função de suas duas paixões: o pequeno Yun e a
profissão de aeromoça. Desde muito nova acalentava esses desejos. Ser mãe e
voar. Dos aviões tratou logo de começar. Sob protesto de seus pais que queriam
que ela fosse médica, logo que foi possível, se inscreveu em um curso de
aeromoça em Tóquio. Mudou-se para capital para seguir seu sonho. Morava na casa
de uma tia. Sua rotina era estudar e estudar. Só pararia quando estivesse
trabalhando nos ares do mundo. Uma escala repentina na vida lhe apresentou Jun.
Lindo. Dizia que era piloto de Boeing. Ela acreditou. Ele era mecânico. Ali na
sala de aula do curso de instruções aéreas foi concebido Yun. Um baque. Balde
de água fria nas pretensões da jovem ex aeromoça. Teria que parar tudo para
cumprir o destino de criar um filho. Tomou como antecipação de seu sonho
materno. Assim que tivesse condições voltaria ao ar. Assim o fez. Assim seu
esforço foi recompensado com a profissão. Agora estava oficialmente no ar.
Começou com as rotas mais atrapalhadas. Aquelas que ninguém queria. Ela queria.
Foi subindo. Sempre que descia em terra seu tempo era para o pequeno Yun. Como
ele crescia. Parecia que chegaria às nuvens. A mãe se desdobrava. Por vezes
levava o filho em suas viagens só para não se desgrudar de sua educação.
Determinada época, apareceu uma oportunidade imperdível. Um curso fora. Um
salto na sua carreira. Mas precisava se ausentar dos cuidados do filho. Pesou
todas as argumentações e com a culpa inerente às mães, resolveu abraçar o pulo
profissional. Fez e foi recompensada. Promoção. Chegou na casa da tia, que
havia cuidado de Yun em sua ausência, sedenta do filho. Abraçou, beijou e sem
menos esperar escutou do pequeno um palavrão. Um palavrão! Aquilo lhe feriu a
alma. Nunca tinha proferido sequer uma palavra atravessada em toda a sua vida e
agora seu filho de pouco mais de oito anos falava aquelas atrocidades. Um
punhal desferiu um golpe mortal em seu peito. Desnorteou. A culpa da ausência
lhe matou. O que faria? No momento não podia fazer muito pois tinha que
embarcar em voo para Manila nas Filipinas. Pensou rápido e ligou para uma amiga
da companhia. Arrumou uma passagem para o filho. Não desgrudaria dele. Sob
protestos a criança embarcou junto com a mãe. Ela trabalharia, mas de olho no
pequeno sentado na poltrona. Matutava o que fazer. Como proceder para educar o
filho que se desviara para um caminho inesperado. Inaceitável para sua criação
rígida. Eis que no meio da viagem, pela madrugada, bateu-lhe uma ideia. Aproveitou
que todos dormiam, menos o pequeno que se encontrava imerso no IPad, e resolveu
atuar. Ligou o microfone de bordo sorrateiramente e começou a falar tentando
deixar a voz mais grave: “Você que está sentado aí. Estão me ouvindo? É Deus
quem fala. Estou muito descontente com os palavrões que anda falando”. O
pequeno Yun se espantou. Olhava para todos os lados procurando o autor da voz.
A mãe vendo que estava causando efeito continuou: “Se você não parar
imediatamente com esses palavrões eu vou derrubar esse avião!”. Mais uma vez
ela olhou para o filho, que não conseguia vê-la, e observou seu aceno positivo
com a cabeça como se concordasse com o que a voz lhe ordenara. Pronto. Estava
resolvido. Seguiu até o fim da viagem satisfeita com o resultado. Chegando em
Manila esperou que todos desembarcassem para sair com o pequeno. Estampava um
sorriso no rosto de missão cumprida. Nunca mais escutaria um palavrão da boca
do filho. O que era uma pequena mentira, perto de um bem tão grande, não é?
Quando desceu as escadas do avião passou por um aglomerado de pessoas que
parecia estar em uma entrevista coletiva com alguém que descia do avião. Pensou
que não teve disposição nem vontade de verificar se havia alguém importante no
voo, devido à preocupação com o caso do filho. Diante disse desviou-se da turba
que se amontoava em torno do cidadão e de mão dada com o filho seguiu feliz com
seu broche de mãe estampado no peito.
* essa
é uma estória de ficção
Manila, 28 out (EFE) - O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, prometeu parar de usar palavrões em seus discursos
após ter recebido instruções de Deus, segundo informou nesta sexta-feira a
imprensa local.
“Estava olhando para o céu quando Ele veio aqui. (...) Uma voz disse: 'se você não parar, vou derrubar este avião’, narrou Duterte, em uma coletiva de imprensa, ontem à noite, no retorno ao seu país após uma viagem oficial de três dias ao Japão.
“Estava olhando para o céu quando Ele veio aqui. (...) Uma voz disse: 'se você não parar, vou derrubar este avião’, narrou Duterte, em uma coletiva de imprensa, ontem à noite, no retorno ao seu país após uma viagem oficial de três dias ao Japão.
‘E eu perguntei 'quem fala?'. Certamente era Deus. Eu disse
para Ele que não falaria mais gíria e nem palavrões", afirmou o presidente
filipino, de acordo com a emissora "ABS-CBN". (UOL notícias)
Guilherme
Augusto Santana
Goiânia, sexta feira 28 de outubro de
2016