O
Rio de Janeiro continua (Não entendi esse título, papai)
Tem
uma pequena de onze anos aqui em casa, que descobriu que o pai escreve
crônicas. Resolveu que quer escrever uma em conjunto. Sendo uma boa ideia,
resolvido está. Então não estranhem qualquer coisa que saia do contexto a que
estão acostumados, porque o que se segue está escrito a quatro mãos. Uma
crônica em dueto.
Lembro-me como se fosse hoje
a primeira vez que desci no Rio de Janeiro. Até porque não tem muito tempo.
Pouco menos de duas décadas. Assim que a aeronave se aproximou da cidade
começou a tocar o “samba do avião” do Tom e uma luz diferente invadiu as
minúsculas janelas do aparelho. A visão do Cristo Redentor, `Pão de
Açúcar, Ponte Rio-Niterói e os incontáveis recortes de costa e mar serpenteados
pelos morros, faziam jus as inúmeras canções que tinha ouvido sobre a cidade.
Realmente ela era bela. De perder o folego de tão bela. O piloto do avião
parecia, numa liberdade poética, achar o mais lindo ângulo para pousar,
enquanto as máquinas fotográficas tentavam captar um átimo daquela embasbacante
beleza. Ainda hoje não consigo deixar de ficar estupefato quando desço no
Galeão ou Santos Dumont. Penso que os portugueses quando chegaram àquelas
terras pela primeira vez (logicamente que
não de avião), devem ter sentido o mesmo que eu senti e que muitos
brasileiros e estrangeiros também.
Essa semana estive lá
novamente. Estivemos lá. Passeio em família. Pegamos dias nublados e chuvosos.
Nada que encubra a beleza da cidade (Não
pudemos ir à praia infelizmente). Estando sem praia, o jeito é improvisar. Museu
de História Natural na Quinta da Boa Vista para uma injeção de História (os meninos adoraram). Museu do Amanhã na
Praça Mauá e uma ode de Santiago Calatrava ao futuro. Feijoada no Bar do Mineiro
em uma das ladeiras estreitas de Santa Tereza. Teatro infantil itinerante
(divertido) no Museu das Ruinas. Passeio
do revitalizado bondinho nos arcos da Lapa (parece mais montanha russa).
Café da manhã de barão no Parque Lage (com
direito a todas as comidas do cardápio. Uma delícia). Não bastasse a
quantidade de opções de beleza natural a se visitar, encontramos uma profusão
de história, tradições, gastronomia, cultura, tudo misturado num caldeirão e
temperado com o bom humor do carioca.
Fico imaginando aqui com
meus botões (não sei o que significa essa
expressão) como foi difícil a mudança da capital para Brasília. Imagino
também o emburro (risos) que os
funcionários públicos, habituados ao mar, ficaram ao se deslocar para o
planalto central seco e quente. Como é difícil abandonar aquela cidade. Ainda
mais depois de uma olimpíada que cuidou tão bem do Rio (mas teve muita coisa que não mudou). Mas, em contraponto, temos que
convir que eles vivem por lá em uma dicotomia diferente do restante do país. A convivência
com o tráfico de drogas e a contravenção é mais constante. Mais próxima. Faz
parte do cenário. Tudo se mistura. E também não contamos aqui, as inúmeras
administrações populistas e experimentais que colocaram a cidade em maus
lençóis. Há tempos sofrem com isso. Pensando bem tinha tudo para dar errado. Mas
parece que ao final tudo de bom e ruim se mistura. Tudo se apazigua. Tudo acaba
sendo abençoado e perdoado pela estátua branca de braços abertos sobre a
Guanabara. E o Rio continua lindo.
ps.
Entre parênteses estão as impressões da coautora. Riscado estão os trechos que a
coautora vetou por achar chato. Ela queria que encaixassem as palavras
“unicórnio” e “coxinhas” no texto, mas não achei onde.
Guilherme Augusto Santana e Helena Costa
Santana
Goiânia, sexta feira 07 de outubro de
2016
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