sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

sobre heróis


Sobre heróis

 

 

          Já começo essa crônica afirmando que perderei metade dos meus leitores. Fui acometido de um surto de sinceridade. E esses rompantes costumam magoar algumas pessoas que em represália cortam os vínculos de leitura e comentários. Mas não posso, nesse momento singular da vida do país, deixar de expressar minha opinião verdadeira. Estão preparados? Vamos lá.

          O juiz Sergio Moro não é um herói.

          Pronto falei.  Mas antes de abandonarem o sincero cronista peço o crédito de escutarem, ao menos, as justificativas. Tenho visto, nos últimos tempos, manifestações de apreço e muitas vezes endeusamento do magistrado. Nada contra o juiz. Pelo contrário. Entendo que na maioria das vezes (grifo meu) ele tem agido de maneira coerente com sua função. Tem ajudado descortinar para a nação o câncer que carregamos desde o nosso descobrimento pelos portugueses. Doença essa que vem evoluindo e crescendo e que fatalmente levaria o país a falência se por esse caminho continuar a seguir. Mas daí a considerar o juiz como um semideus, salvador da pátria, curandeiro, santo ou qualquer coisa que o valha, é de um exagero profundo. Hoje noto um ufanismo exagerado nas redes sociais e nas manifestações que me deixam receoso. Da mesma forma que entendo ser uma evolução impar em nosso país quando pessoas que eram alheias a política começam a se interessar por tal, preocupa-me que tendam a resolver a situação histórica de maneira simplista. O problema da corrupção no nosso país é uma situação complexa e requer medidas do mesmo porte. A escolha de heróis e salvadores da pátria é um caminho errado. Não precisamos deles. Não os queremos. Necessitamos sim de cidadãos que cumpram seus deveres e cobrem seus direitos. Precisamos de funcionários públicos que cumpram a suas funções. Digo isso para retornar ao cerne da crônica. O juiz Sergio Moro tem cumprido sua função. O Ministério Público, com algumas ressalvas, tem cumprido sua função. Mas isso de forma alguma alça-os à categoria de suprassumo e isentos da lei. Pelo contrário. Devem ser cumpridores da lei. Porque de heróis já estamos fartos. De salvadores da pátria muito mais. Precisamos de cidadãos.            

 

 

 

Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 02 de dezembro de 2016

Um comentário:

  1. Suas palavras são as minhas!! Perfeito!! Muitos "heróis" estão fazendo somente o que o cargo que assumiram lhes pedem! Somente isto! Que aliás são muito bem pagos! Heróis são os trabalhadores, pais de famílias, que driblam o salário entre sobreviver e pagar os impostos! Me dá um certo medo destas manifestações à favor dos supostos "heróis"!

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