Sobre
heróis
Já
começo essa crônica afirmando que perderei metade dos meus leitores. Fui
acometido de um surto de sinceridade. E esses rompantes costumam magoar algumas
pessoas que em represália cortam os vínculos de leitura e comentários. Mas não
posso, nesse momento singular da vida do país, deixar de expressar minha
opinião verdadeira. Estão preparados? Vamos lá.
O
juiz Sergio Moro não é um herói.
Pronto
falei. Mas antes de abandonarem o sincero
cronista peço o crédito de escutarem, ao menos, as justificativas. Tenho visto,
nos últimos tempos, manifestações de apreço e muitas vezes endeusamento do
magistrado. Nada contra o juiz. Pelo contrário. Entendo que na maioria
das vezes (grifo meu) ele tem agido de maneira coerente com sua função. Tem
ajudado descortinar para a nação o câncer que carregamos desde o nosso
descobrimento pelos portugueses. Doença essa que vem evoluindo e crescendo e
que fatalmente levaria o país a falência se por esse caminho continuar a seguir.
Mas daí a considerar o juiz como um semideus, salvador da pátria, curandeiro,
santo ou qualquer coisa que o valha, é de um exagero profundo. Hoje noto um
ufanismo exagerado nas redes sociais e nas manifestações que me deixam receoso.
Da mesma forma que entendo ser uma evolução impar em nosso país quando pessoas
que eram alheias a política começam a se interessar por tal, preocupa-me que
tendam a resolver a situação histórica de maneira simplista. O problema da
corrupção no nosso país é uma situação complexa e requer medidas do mesmo
porte. A escolha de heróis e salvadores da pátria é um caminho errado. Não
precisamos deles. Não os queremos. Necessitamos sim de cidadãos que cumpram
seus deveres e cobrem seus direitos. Precisamos de funcionários públicos que
cumpram a suas funções. Digo isso para retornar ao cerne da crônica. O juiz
Sergio Moro tem cumprido sua função. O Ministério Público, com algumas ressalvas,
tem cumprido sua função. Mas isso de forma alguma alça-os à categoria de suprassumo
e isentos da lei. Pelo contrário. Devem ser cumpridores da lei. Porque de
heróis já estamos fartos. De salvadores da pátria muito mais. Precisamos de
cidadãos.
Guilherme
Augusto Santana
Goiânia, sexta feira 02 de dezembro de
2016
Suas palavras são as minhas!! Perfeito!! Muitos "heróis" estão fazendo somente o que o cargo que assumiram lhes pedem! Somente isto! Que aliás são muito bem pagos! Heróis são os trabalhadores, pais de famílias, que driblam o salário entre sobreviver e pagar os impostos! Me dá um certo medo destas manifestações à favor dos supostos "heróis"!
ResponderExcluir