quinta-feira, 20 de abril de 2017

sobre baleias e outros animais



Sobre baleias e outros animais

 

          Esses dias atrás assisti novamente um filme que versa sobre os Beatles, onde um pai escandalizado, força o filho a cortar o cabelo por entender que aquele “visual” não era de gente séria. Na verdade, o cabelo imitava o corte do quarteto que arrasou o mundo do rock e arrastou multidões. Naquela época os garotos de Liverpool, segundo os mais conservadores, eram um mau exemplo para seus filhos e tudo que remetesse a eles deveria ser expurgado como má influência. Percebam bem, aos olhos estupefatos de hoje, o quão retrógrado e sem noção seria associar o rock e os Beatles a ruina da juventude. Percebem? Mas a maioria dos pais daquela época não percebeu e com isso viram em uma banda de rock a perdição de seus filhos.

          Várias coisas travestiram-se de ruina da juventude em determinados momentos da humanidade. Assim foi com o aparecimento das drogas e overdoses que ceifaram vidas tenras, levando pais a histeria coletiva e monitoramento constante. Foi assim também com o aparecimento da AIDS e a demonização dos grupos de risco e do suposto ganho do “amor livre”. E assim as gerações vão passando com seus jovens, que acham que os pais exageram, andando no limiar do risco e os pais, que acham que os filhos não têm responsabilidade, buscando cada vez mais mecanismos de controle.

          O que difere essa geração das demais é só uma coisa: a velocidade com que as novidades aparecem. A bola da vez é o tão propagado jogo da baleia azul. Já foi o saco na cabeça e já foi também a asfixia até o desmaio. E serão outros para frente. Esse fator diferencial, ou seja, a velocidade, que talvez leve os pais a maior desespero. Quando estão armando uma contraofensiva para derrotar o “mal”, aparece outro completamente diferente que exigirá outro esforço para buscar o antídoto. Sabem a causa disso? Do porque essa é uma batalha perdida? Pelo simples fato que estamos tratando as consequências e não as causas. Crianças que não tem conceitos, torna-se jovens suscetíveis e adultos incapazes. Como trataremos de um “inimigo” que reside dentro de nós e não fora? Porque ideias ruins sempre existiram na humanidade e não cessarão tão cedo. E a resposta está, no meu entendimento, na educação de nossas crianças e jovens. Dando a eles conceitos firmes e corretos. E não estou aqui falando de nada religioso e ideológico. Estou falando de conceitos universais como da família, do afeto, de Deus, de humanidade, de vida, de evolução. Conceitos que podem atuar como defesas mentais em nossas crianças e evitar que se deixem levar por qualquer fato estúpido e que atente contra seus princípios. Fora isso é enxugar gelo. Enquanto ainda estivermos preocupados em caçar baleias, continuaremos sendo caça do mundo cão.       

         

 Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 20 de abril de 2017

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