Um desabafo de um cidadão indignado
Indignação
Hoje não teremos um tema abordado. Teremos um desabafo. Um desabafo de indignação. Indignação do verbo indignar. Tradução: “v.t. Excitar, provocar indignação. Causar repulsão a; revoltar, indispor. v.pr. Sentir indignação. Zangar-se, revoltar-se.”. Nesse ponto vocês poderão perguntar: “Porque tamanha indignação?”. E eu respondo. Porque é comigo mesmo. Nada pior. Reconhecer as próprias falhas e saber que resta muito a evoluir às vezes te dá a sensação de impotência. Lentidão. Antes que eu inicie o processo da autoflagelação deixe-me explicar melhor.
Muitas pessoas já me falaram que não gostam quando escrevo de política. Por isso, hoje, quero deixar bem claro que não tratarei sobre esse assunto. Na verdade a política torna-se o pano de fundo para uma questão individual e de cunho pessoal. Mas não fiquem vocês achando que a coisa é só comigo e que estão livres desse ônus. Não é bem assim não, afinal somos muitos que padecemos desse mal. Qual? O mal do comodismo político. Não se esqueçam de que não estamos tratando de política e sim de comportamento. Mas é preciso tocar em alguns pontos para ser mais bem compreendido. Sequer citarei nomes. Não por omissão ou por receio, mas por não ser necessário ao desenvolvimento do tema. Porque nossos representantes políticos não conseguem fazer o que a eles foi designado? Porque tem que se envolver com esferas que não lhe dizem respeito? Será que nosso conceito de “coisa certa” é tão rígido assim que ninguém se encaixa nele? Será que nosso sistema político é tão errado assim que não conseguimos ver os autores em outro lugar senão nas páginas policiais? É compra de voto, prevaricação, corrupção, envolvimento com crime organizado, mentira. Mentira! A pior delas. Uma das poucas coisas que me ferve o sangue e faz perder o senso de educador é quando meus filhos mentem para mim. Parece que se perde o elo de ligação de seres humanos. E escutamos isso todos os dias de nossos políticos. Declarações mentirosas e omissas que beiram o ridículo. Será que alguém ainda acredita em alguma palavra proferida em alguma tribuna brasileira? Eu estou custando a ouvir, quanto mais acreditar. Chamem-me de palhaço. Isso é mais digno. Mais sincero. E eu faço a pergunta: “serei o único palhaço dessa história?”.
Como disse no começo, trata-se de um desabafo. Desabafo indignado. Indignado por compactuar com esse cenário político que nos mancha. Indignado por não conseguir fazer algo de concreto para mudar esse pensamento coletivo. Indignado por muitas vezes pensar como o coletivo. Será que não somos todos “farinha do mesmo saco?”. Sempre desenvolvi a tese de que a corrupção está no sangue do brasileiro. Sei que muitos discordam dessa tese, mas isso é um tema profundo para ser discorrido em poucas linhas. E aqui estamos para discutir um caso pessoal. O meu. Um cidadão indignado por não ter forças e meios para colaborar de maneira contundente para um problema crônico da nossa história. E tenho certeza que muitos se sentem assim. Palhaços. Mas não quero recriminar ninguém. O que posso fazer? Pensar e educar. Pensar e expor minhas fraquezas, esperando que outros se indignem junto comigo. Educar meus filhos todos os dias. Ensinar a não mentir. Como preceito intrínseco do ser humano. Caráter como dizia meu pai. Espero que eles aprendam. Só assim serão cidadãos menos indignados. Menos palhaços.
Guilherme Augusto Santana
Goiânia, sexta feira 30 de março de 2012