sexta-feira, 2 de março de 2012

O artista vai onde o povo está

Amigos leitores

Segue um pequeno desabafo de um brasileiro preocupado com o que estão fazendo com nossos artistas.

ps. Leio Cora e Cecília e escuto Chico.

abs


O artista vai onde o povo está



         Hoje quero abordar um assunto que há muito vem me chamando a atenção. Nada de política, economia ou assuntos da moda. Um movimento que tenho percebido nas redes sociais e que vem transbordando para a vida off line. Apesar de parecer um assunto de menor importância, vem tomando uma proporção que me preocupa. Estamos manchando nossa história. Se acharem o autor exagerado, no mínimo estamos cometendo injustiça com alguns artistas pelo famoso pensamento de massa. Não estão entendendo nada né? Mas explico logo em seguida.

         É interessante notar como as redes sociais migram de estágio. Parece que os interesses vão mudando de acordo com a maturidade das mesmas. Quando ingressei no twitter, por exemplo, via tipos de textos e manifestações que já não vejo mais na atualidade. Pessoas também veem e vão. Personagens perdem força e outros surgem para ocupar seu espaço. Aquele cara que era engraçado ano passado, hoje se tornou chato. Isso tudo fruto da velocidade das informações e das novidades. E tudo aquilo que vem rápido, por conseguinte, vai rápido. Digo isso porque no início das redes sociais, via muitas citações de artistas brasileiros. Poetas, compositores e artistas em geral. Vi muita citação das poetisas Cora Coralina e Cecília Meireles e do autor e músico Chico Buarque. Isso só para citar alguns. Logicamente que a internet é uma caixa de ecos e até aqueles que nunca tinham lido uma estrofe de poesia, começaram a reverberar os textos. Motivos mil. Por achar que era Cult, por não querer ficar de fora da onda ou até por simplesmente ter gostado do texto ao qual deu publicidade. Dez, cem, mil seguidores e os textos tomam proporções imensas. Milhares de pessoas “retuitando” Cora, Chico e Cecília. Aí chegamos ao ponto que gostaria de expor. Com o movimento de massa pró-artista, surgem as vozes do contra. Movimentos que procuram expor suas opiniões anti massa. “Cora está morta”. “Eu não gosto de Cecília”. “Chico é um chato”. Que fique bem claro que cito esses três nomes por amostragem. Sinceramente, não tenho nada contra quem não gosta de determinado artista. Gosto é individual de cada um. Assim como também não sou contra quem goste do mesmo determinado artista. Livre arbítrio. Sou contra, e aí exponho minha opinião, aqueles que de ambos os lados exageram em suas opiniões desrespeitando o lado oposto. Aliás, não devia nem ter lado oposto, porque não deveria ter discussão de gosto. Eu gosto de Chico e você de Justin. Pronto. Ou o ideal seria: Eu escuto Chico e Justin. Também não exageremos né?  

         Mas de tudo isso que coloquei, o que mais me incomoda, e aí entendo que fazemos um mal à cultura brasileira, é jogar os nomes de nossos artistas na vala comum sem ao menos conhecer com profundidade suas histórias e suas contribuições para o cenário nacional. Li a biografia da poetisa Cora Coralina e eu que já era seu apreciador, passei a ser seu fã. Uma mulher guerreira que enfrentou o machismo de uma sociedade republicana e conseguiu ser reconhecida por seus belos textos. Brejeira sim, porque assim era ela. Com certeza teve suas máculas, assim como todos nós seres humanos, mas isso não nos dá o direito nem de endeusá-la e nem de rechaça-la como vejo muitos fazendo nas redes sociais. Tratem-na como ela o foi. Uma mulher a frente do seu tempo com uma produção literária digna de enriquecer a literatura brasileira. Ou simplesmente não a leiam se não for de seu agrado. Simples assim. E assim tratem também Cecília, Chico e outros. Nada contra a velocidade e o frescor da internet, mas não esqueçamos que um país que não trata suas riquezas, e falo das culturais, padecerá de um vazio imenso no futuro. Não deixemos que isso aconteça.    

Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 02 de março de 2012

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