sexta-feira, 20 de julho de 2012

ei você aí, me dá um dinheiro aí?

Seu salário já está na internet?


Ei você aí, me dá um dinheiro aí?





Quanto você ganha de salário? Você mesmo servidor público! Estou falando com você! Não adianta olhar para o lado e disfarçar. A resposta à sociedade terá que ser dada! E a polêmica está no ar. Fruto da Lei n. 12.527/2011 que foi sancionada pela Presidente Dilma. A famosa lei de acesso a informações públicas. Cento e oitenta dias foram dados para que todos os brasileiros pudessem ter acesso aos rendimentos dos funcionários dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Entre cumprimentos e descumprimentos, o fato é que “nunca antes nesse país” se falou tanto sobre os salários do funcionalismo público. E junto a isso, logicamente, nunca se falou tanto em transparência versus invasão de privacidade. E você que está lendo nesse momento? É a favor ou contra a divulgação dos proventos dos funcionários públicos? Acha que é direito do cidadão brasileiro, como pagador, saber essas informações? Ou acha um descabimento total? O fato é que entre desculpas e argumentações, muitos cumpriram a determinação. E ai entram os jeitinhos brasileiros travestidos de erro de informação. “Mas olha que esse é o salário bruto! Tem a retenção do Imposto de Renda que come quase metade do salário!”. “Gratificação não conta como salário!”. Tudo na tentativa de esconder o real provento a que são agraciados os trabalhadores públicos. O pessoal do Judiciário então... Nunca se buliu no Poder Judiciário. Bastião da integridade e retidão. Falar em dinheiro é quase uma blasfêmia. E aí surgem os pensamentos errados no imaginário popular. “Imagina se meu vizinho descobre quanto eu ganho?!?! Vai querer me pedir dinheiro emprestado.”. “Se divulgam meu salário, meus filhos correm risco de serem sequestrados.”. “Todos vão achar que ganho muito e trabalho pouco.”. Aí entra o cerne da questão. O ponto onde o cronista queria chegar com toda essa prosopopeia. Sendo sincero, não acho que os servidores públicos recebam excessivamente. Não vejo essa disparidade de proventos que tanto se alardeia na mídia. Conheço vários profissionais liberais, empresários e executivos que recebem tanto quanto ou mais que muitos funcionários públicos de alto escalão. Acho que muitos cargos deveriam receber ainda mais como Prefeitos, Delegados e Juízes. São funções extremamente desgastantes e que muitas vezes colocam a própria vida em risco. E afinal de contas a maioria deles prestou concurso para estarem ali ou foram eleitos de forma popular. O que me causa indignação é a maneira como muitos se portam no trato público. O conceito de corrupção arraigado no âmago do brasileiro que leva o funcionário público a cair em tentação e sujar as mãos na lama do crime. Do colarinho branco ou não. O que me causa indignação é a ideia esdrúxula de que passou em um concurso, não terá que trabalhar mais nunca na vida. Pode viver de pernas para ar, afinal estabilidade é meu nome. Pelo contrário! Deveria fazer jus ao provimento pago pelo cidadão brasileiro. Assim como em todo emprego. Vestir a camisa. Cumprir com suas obrigações. O que me causa indignação é a cultura imbecil de que a coisa pública não é de ninguém. Pois sim. É sim. É minha e sua e de todo povo brasileiro. Se os salários estão ou não na internet, pouco me interessa como cidadão. O que me interessa de verdade é que cumpram suas funções. E sejam dignos delas.   









Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 20 de julho de 2012

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