sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

50 tons de Felizes para Sempre?


50 tons de Felizes para Sempre?

 

 

            Dois fatos chamaram minha atenção nesse começo de mês carnavalesco, fora os usuais escândalos brasileiros (não que essa crônica não possa fazer alusão a eles também). É sempre o vício do cronista tentar ver relação em tudo. E muitas vezes fatos que aparentemente não tem ligação. Será?

           

Depois da minissérie global “Felizes para Sempre?”, o Vaticano deve estar estudando com muita justiça, a assunção da cidade de Brasília ao mesmo status de Sodoma e Gomorra. Porque olha... os sete pecados capitais foram retratados em HD para nosso deleite estupefato. Toda trama girando em torno de uma família aparentemente normal e feliz. Aparentemente. Um mix de orgia, drogas, dinheiro, traição, poder e corrupção. Logicamente que tudo levado ao extremo como um BBB dos fatos que corriqueiramente e lentamente acontecem na capital federal (não só na capital). Tudo colocado em uma panela de pressão com as pitadas artísticas das coincidências televisivas. Pessoas falíveis corroídas por seus defeitos e perturbações cometendo todo tipo de delito justificável ou não. Visão do mais fraco do ser humano que muitas vezes evitamos saber. Como sujeira jogada para debaixo do nosso tapete psicológico. Nada mais que a ficção. Nada além da verdade. Seria a arte imitando a vida?

           

As filas que se formam para assistir os 50 tons na telona poderiam ser retratadas também em filme. Fenômeno de bilheteria. Todos e principalmente todas ansiosas para ver Mr. Grey e sua pupila Anastasia. Se não bastassem as vendas estrondosas de livros da trilogia, veremos recordes caírem nas salas de cinema. Não estamos aqui para analisar a qualidade literária do “pornosoft” que mistura os livros românticos da série Sabrina e Bianca à obra controversa do Marques de Sade. Não, não faremos isso apesar da língua coçar. Mas nos ateremos ao fenômeno que isso causou nas mentes femininas e nos lares puritanos do nosso conservador país. Olha que o que eu já escutei de testemunho de marido que admitiu melhora na relação matrimonial pós 50 tons não está no gibi. Diria e profetizaria que estamos passando pela segunda revolução feminista. Um fenômeno que não ocorre em praça pública com a queima de sutiãs, mas entre quatro paredes. E seria o fenômeno provocado pela romântica estória da menina pobre que se apaixona pelo empresário rico? Ah quanto engano. Iguais a esse tema já vimos um sem par de produções literárias e cinematográficas. O que dá o diferencial é a expressão do fator sexual “arrojado” a trama que fez com que os ávidos olhos femininos se prendessem as folhas do livro e agora se prenderão a tela do cinema. Nada mais que a verdade. Nada além da ficção. Seria a vida imitando a arte?       

           

No fim das contas, as estórias e histórias se confundem num misto de realidade e ficção onde não conseguimos identificar onde começa uma e termina a outra. É como se esbarrássemos com Dany Bond ao caminhar pelo mercado do bairro ou encontrássemos Christian Grey furtivamente na cama da vizinha. Todos nós personagens. Da ficção ou da vida real.   

           

 

 

 

 

Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 13 de fevereiro de 2015

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