50 tons de Felizes para
Sempre?
Dois fatos chamaram minha atenção
nesse começo de mês carnavalesco, fora os usuais escândalos brasileiros (não
que essa crônica não possa fazer alusão a eles também). É sempre o vício do
cronista tentar ver relação em tudo. E muitas vezes fatos que aparentemente não
tem ligação. Será?
Depois da minissérie global “Felizes
para Sempre?”, o Vaticano deve estar estudando com muita justiça, a assunção da
cidade de Brasília ao mesmo status de Sodoma e Gomorra. Porque olha... os sete
pecados capitais foram retratados em HD para nosso deleite estupefato. Toda
trama girando em torno de uma família aparentemente normal e feliz.
Aparentemente. Um mix de orgia, drogas, dinheiro, traição, poder e corrupção.
Logicamente que tudo levado ao extremo como um BBB dos fatos que
corriqueiramente e lentamente acontecem na capital federal (não só na capital).
Tudo colocado em uma panela de pressão com as pitadas artísticas das
coincidências televisivas. Pessoas falíveis corroídas por seus defeitos e perturbações
cometendo todo tipo de delito justificável ou não. Visão do mais fraco do ser
humano que muitas vezes evitamos saber. Como sujeira jogada para debaixo do
nosso tapete psicológico. Nada mais que a ficção. Nada além da verdade. Seria a
arte imitando a vida?
As filas que se formam para assistir
os 50 tons na telona poderiam ser retratadas também em filme. Fenômeno de
bilheteria. Todos e principalmente todas ansiosas para ver Mr. Grey e sua
pupila Anastasia. Se não bastassem as vendas estrondosas de livros da trilogia,
veremos recordes caírem nas salas de cinema. Não estamos aqui para analisar a
qualidade literária do “pornosoft” que mistura os livros românticos da série
Sabrina e Bianca à obra controversa do Marques de Sade. Não, não faremos isso
apesar da língua coçar. Mas nos ateremos ao fenômeno que isso causou nas mentes
femininas e nos lares puritanos do nosso conservador país. Olha que o que eu já
escutei de testemunho de marido que admitiu melhora na relação matrimonial pós
50 tons não está no gibi. Diria e profetizaria que estamos passando pela
segunda revolução feminista. Um fenômeno que não ocorre em praça pública com a
queima de sutiãs, mas entre quatro paredes. E seria o fenômeno provocado pela
romântica estória da menina pobre que se apaixona pelo empresário rico? Ah
quanto engano. Iguais a esse tema já vimos um sem par de produções literárias e
cinematográficas. O que dá o diferencial é a expressão do fator sexual
“arrojado” a trama que fez com que os ávidos olhos femininos se prendessem as
folhas do livro e agora se prenderão a tela do cinema. Nada mais que a verdade.
Nada além da ficção. Seria a vida imitando a arte?
No fim das contas, as estórias e
histórias se confundem num misto de realidade e ficção onde não conseguimos
identificar onde começa uma e termina a outra. É como se esbarrássemos com Dany
Bond ao caminhar pelo mercado do bairro ou encontrássemos Christian Grey furtivamente
na cama da vizinha. Todos nós personagens. Da ficção ou da vida real.
Guilherme Augusto
Santana
Goiânia, sexta feira 13 de fevereiro de 2015
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