Onde está Wally?
Sabe aquelas estórias que só vemos
nas telas de cinema? Pois essa semana a estória se transformou em história. Real.
Pensa se não parece roteiro de filme. Um professor de ciências biológicas de
Gana ganha uma bolsa para estudar medicina em Georgetown, capital da Guiana. Um
pequeno país que fica ali entre os Estados de Roraima e Pará. Feliz e contente
ele deixou os quatro irmãos mais novos de quem é o responsável, pois são órfãos
de pai e mãe, para seguir o sonho de cursar medicina na América. Eis que em uma
conexão no aeroporto de Guarulhos, ao comprar a passagem, o jovem ganês se
expressou mal ou foi mal compreendido, e adquiriu um bilhete para a cidade de
Goiânia. Dentro do Estado de Goiás por conseguinte. Há uns bons três mil
quilômetros de distância do seu almejado objetivo. O cidadão então, chegando ao
seu destino errôneo, entra em um taxi e pede ao motorista que o leve ao
endereço da faculdade apontando para um folheto. Nesse momento o professor
descobre que não está em Georgetown e sim em Pequilândia. Aí começa uma reprise
de sessão da tarde com “O Terminal” estrelado por Tom Hanks. Logicamente o
cidadão estava com o dinheiro contado e não tinha condição de consertar a rota.
Os passantes do aeroporto juntamente com um repórter se sensibilizaram
(logicamente que o repórter fez uma matéria sobre o caso) e fizeram uma
mobilização para tentar resolver o problema do jovem. Felizmente o auxílio foi
eficaz e o jovem conseguiu embarcar para seu destino primaz em um voo com
escala no Panamá (ainda bem que não confundiram com Paraná).
Numa dessas fico imaginando o susto
que o cidadão levou ao descobrir o erro. E diante disso não pude deixar de
locupletar sobre situações em que poderia ocorrer o mesmo dramático fato.
Imaginem comigo.
Um jovem ator eslovaco que tinha o
sonho de morar em Beverly Hills para
atuar em um filme de Hollywood de repente desembarca em Bela Vista, Goiás. Vai no máximo comer queijo porque acho que a
cidade nem cinema tem.
Um japonês que conseguiu juntar
dinheiro em seus longos anos de trabalho na Europa tenta retorna a Osaka e acaba em Osasco, São Paulo. Melhor ele esticar até a capital e morar no
bairro da Liberdade.
Um refugiado russo fugindo da guerra
nos Balcãs que pretende se asilar no Curdistão
e desembarca na cidade paulista de Cubatão.
Olha que não sei qual é pior.
Um italiano amante de corridas de
carro que guardou as economias de uma vida para assistir uma corrida na capital
americana da velocidade Indianápolis
se vê na Avenida Brasil na cidade goiana de Anápolis. E olha que lá ele nem vai
poder correr de carro porque a cidade é cheia de pardais de velocidade.
Um americano que tinha o sonho de
infância de conhecer os resquícios do muro de Berlim se vê chegando à mineira cidade de Betim. O jeito é comprar um carro na fábrica da Fiat e voltar
dirigindo.
Um pai turco que foi incumbido de
comprar o enxoval de seus trigêmeos na cidade americana de Orlando e de quebra aproveitar para dar uma escapadinha na Disney
se encontra agora na cidade paulista de Holambra.
Ao menos pode levar flores para esposa na volta para a Turquia.
Um fiel cristão filipino que pegou
empréstimo com um agiota malaio para financiar sua viagem à cidade santa de Jerusalém e se viu chegando à cidade
goiana de Jesúpolis. Nesse caso ele
pode sentar e rezar, porque olha...
Depois desse passeio errante pelo
globo, voltemos ao caso do professor ganês. Seria trágico se não fosse cômico.
Mas felizmente culminou em um final feliz. Apesar de que pensando aqui com meus
botões, acho que ele teria feito melhor negócio se tivesse permanecido em
Goiânia. Sem bairrismos.
Guilherme Augusto
Santana
Goiânia, sexta feira 27 de fevereiro de 2015
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