sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

onde está Wally?


Onde está Wally?

 

 

            Sabe aquelas estórias que só vemos nas telas de cinema? Pois essa semana a estória se transformou em história. Real. Pensa se não parece roteiro de filme. Um professor de ciências biológicas de Gana ganha uma bolsa para estudar medicina em Georgetown, capital da Guiana. Um pequeno país que fica ali entre os Estados de Roraima e Pará. Feliz e contente ele deixou os quatro irmãos mais novos de quem é o responsável, pois são órfãos de pai e mãe, para seguir o sonho de cursar medicina na América. Eis que em uma conexão no aeroporto de Guarulhos, ao comprar a passagem, o jovem ganês se expressou mal ou foi mal compreendido, e adquiriu um bilhete para a cidade de Goiânia. Dentro do Estado de Goiás por conseguinte. Há uns bons três mil quilômetros de distância do seu almejado objetivo. O cidadão então, chegando ao seu destino errôneo, entra em um taxi e pede ao motorista que o leve ao endereço da faculdade apontando para um folheto. Nesse momento o professor descobre que não está em Georgetown e sim em Pequilândia. Aí começa uma reprise de sessão da tarde com “O Terminal” estrelado por Tom Hanks. Logicamente o cidadão estava com o dinheiro contado e não tinha condição de consertar a rota. Os passantes do aeroporto juntamente com um repórter se sensibilizaram (logicamente que o repórter fez uma matéria sobre o caso) e fizeram uma mobilização para tentar resolver o problema do jovem. Felizmente o auxílio foi eficaz e o jovem conseguiu embarcar para seu destino primaz em um voo com escala no Panamá (ainda bem que não confundiram com Paraná).

           

Numa dessas fico imaginando o susto que o cidadão levou ao descobrir o erro. E diante disso não pude deixar de locupletar sobre situações em que poderia ocorrer o mesmo dramático fato. Imaginem comigo.

           

Um jovem ator eslovaco que tinha o sonho de morar em Beverly Hills para atuar em um filme de Hollywood de repente desembarca em Bela Vista, Goiás. Vai no máximo comer queijo porque acho que a cidade nem cinema tem.

 

            Um japonês que conseguiu juntar dinheiro em seus longos anos de trabalho na Europa tenta retorna a Osaka e acaba em Osasco, São Paulo. Melhor ele esticar até a capital e morar no bairro da Liberdade.

 

            Um refugiado russo fugindo da guerra nos Balcãs que pretende se asilar no Curdistão e desembarca na cidade paulista de Cubatão. Olha que não sei qual é pior.

 

            Um italiano amante de corridas de carro que guardou as economias de uma vida para assistir uma corrida na capital americana da velocidade Indianápolis se vê na Avenida Brasil na cidade goiana de Anápolis. E olha que lá ele nem vai poder correr de carro porque a cidade é cheia de pardais de velocidade.

 

            Um americano que tinha o sonho de infância de conhecer os resquícios do muro de Berlim se vê chegando à mineira cidade de Betim. O jeito é comprar um carro na fábrica da Fiat e voltar dirigindo.

 

            Um pai turco que foi incumbido de comprar o enxoval de seus trigêmeos na cidade americana de Orlando e de quebra aproveitar para dar uma escapadinha na Disney se encontra agora na cidade paulista de Holambra. Ao menos pode levar flores para esposa na volta para a Turquia.

 

            Um fiel cristão filipino que pegou empréstimo com um agiota malaio para financiar sua viagem à cidade santa de Jerusalém e se viu chegando à cidade goiana de Jesúpolis. Nesse caso ele pode sentar e rezar, porque olha...

           

Depois desse passeio errante pelo globo, voltemos ao caso do professor ganês. Seria trágico se não fosse cômico. Mas felizmente culminou em um final feliz. Apesar de que pensando aqui com meus botões, acho que ele teria feito melhor negócio se tivesse permanecido em Goiânia. Sem bairrismos.       

    

 

           

 

Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 27 de fevereiro de 2015

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