sexta-feira, 28 de agosto de 2015

cozinhando com o Coveiro 3 - gol da Alemanha


Cozinhando com o Coveiro 3 – gol da Alemanha

 

           

Uma das características que mais gosto no povo brasileiro, do qual me incluo com muito orgulho, é a capacidade de rir de suas próprias mazelas. Tá certo que podíamos rir menos e agir mais, mas de todo modo, temos ao menos o começo. Transformamos em piada quase tudo que nos aflige e com o futebol não seria diferente. Diante da última recordação acachapante da nossa seleção, resolvi contar-lhes uma receita com o título engraçadinho de “gol da Alemanha” por ter origem germânica e por ser uma goleada de sabores. Segue a homenagem:

            Vamos começar pela batata que é mais demorada. Pegue alguns tubérculos e descasque. Depois os corte finamente. Mas fino mesmo. Use um cortador tipo mandolin porque com certeza não vai conseguir a espessura que precisamos. Unte um refratário com óleo e coloque a primeira camada de batatas. Salpique sal, ervas finas (bem anos 90 esse termo) e noz moscada. Regue com um pouquinho de leite. Agora abro um parêntese para contar o tipo de leite que usei na minha receita. Leite de castanha do Pará. Nada germânico, mas chique no último. Feitio complicadíssimo. Presta atenção para não errar. Pega uma xícara de castanhas do Pará e três xícaras de água e bata tudo no liquidificador. Coe a mistura com um pano limpo. O líquido é o leite de castanhas. O sólido guarde para fazer biscoitos ou acrescentar na tapioca. Fica show de bola. Não é difícil a receita? Esse leite só tem uma desvantagem. O financeiro. Mas vale demais a pena pelo sabor que agrega ao prato. Além dos pontos que você ganhará com os amigos naturebas. Bem então voltemos às batatas. Vá montando camada a camada. Batata, sal, ervas, noz moscada e leite. Ao final regue tudo com o restante do leite de castanhas, cubra com porção de queijo parmesão ralado (de boa qualidade senão solta muita gordura) e leve ao forno médio por aproximadamente 40 minutos, ou até que a batata esteja cozida. O nome dessa batata? Não sei. Podemos batizá-la de batata Klose em homenagem ao atacante alemão que roubou o recorde de gols em Copas do Mundo do Ronaldo Fenômeno. Nominada a batata vamos à Bratwurst, ou salsicha para os íntimos. Pode ser uma weisswurst (salsicha branca de vitela) ou uma Viena ou ainda uma Frankfurter. Ou melhor ainda, uma de cada. Coloque-as em água fervente um prazo mínimo para darem uma inchada. Nada mais que dez minutos. Reserve. Quando as batatas estiverem no ponto tire-as do forno e deixe descansar por uns cinco minutos. Isso deixa a “torta” mais firme para ser cortada. Quando você não aguentar mais de fome com aquele aroma esfregando no seu nariz, coloque uma porção generosa da nossa batata Klose no prato. Junte uma porção também generosa de chucrute. Não invente de faze-lo em casa. Compre pronto que é mais vantagem. Tem ótimas marcas no mercado. Coloque também as nossas salsichas e sobre elas uma porção nada menos que generosa de mostarda Brewer Chef. Aí o negócio começa a ficar sério. Diante desse trio genuinamente alemão o que vamos usar para harmonizar? Heim? Uma cerveja típica alemã! Uma Weiss. Cerveja de trigo. Para essa qualidade de prato nada pode destoar, então abra uma Lion Fish Weiss e coloque suavemente na taça não esquecendo aquela balançadinha final na garrafa para captar a levedura que se depositou no fundo do vasilhame. Não deixe de abusar do colarinho cremoso. Os toques de laranja, cravo da Índia e coentro da Lion Fish Weiss e os de mel, malte e lúpulo da mostarda Brewer Chef entrarão em orgia com o sabor da Bratwurst, do chucrute e da batata Klose. Aí é só saudar: Prost! Ou se preferir: Saúde!   

           

 

ps. Onde achar o molho mostarda Brewer Chef e a Lion Fish Weiss? www.reinodomalte.com.br    

 

 

Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 28 de agosto de 2015


 

 

Quer ver a cara da bratwurst e mostarda Brewer Chef harmonizando com a Lion Fish Weiss?

sexta-feira, 21 de agosto de 2015


Cozinhando com o Coveiro 2 – a costelinha

 

 

            Aos amigos e amigas que me leem nesse momento e coincidentemente estão com fome, já peço as devidas desculpas porque o negócio hoje vai ser pesado. Da série “cozinhando com o coveiro” chegamos a melhor parte do nosso amigo porco. A costela. E aí nos rendemos aos nossos vizinhos americanos e damos a ela um toque agridoce. Segue o procedimento.

 

            Peça ao açougueiro para retirar uma costelinha de porco no capricho. Não me venham com coisa light tipo mandar retirar a gordura. Gordura é vida. Pelo menos para o porco. Aí pega uma forma metálica (que já sirva para ia ao forno), coloca a costela e besunta a mesma com sal e alho. O alho é primo da carne de porco como diria Master Chef Erick Jacquin. Enquanto isso prepare a marinada. Água (pode substituir por vinho branco seco de boa qualidade. Não use aquele que veio na cesta de natal que você ganhou da empresa), folhas de louro e de sálvia (melhor se frescas) e o molho Barbecue. Quer o melhor? BBQ Brewer Chef. Olha... com adição de malte e lúpulo que irão casar perfeitamente com a bebida que harmonizaremos mais para frente. Não adianta que não vou contar qual bebida ainda. E nem pode olhar mais para frente no texto. Larga de ser curioso. Pois pegue tudo isso e misture bem. A água (vinho) servirá para diluir o molho barbecue que é muito denso e com isso ajuda a penetração do molho na carne. Faça pequenos furos na costela com uma faca e regue-a a vontade com a marinada. Esfregue com gosto. Massageie a carne. Cubra com plástico filme. Papel alumínio pode? Vou contar um segredo que já aconteceu comigo. Não sei que reação química acontece entre o molho e o papel alumínio que começa um processo de corrosão do alumínio. Não é muito bonito de se ver então prefira o plástico filme. Logicamente que se essa marinada for feita de véspera dará maior sabor e tempero a nossa costela, então prefira realizar o procedimento um dia antes. Pois bem estando no dia seguinte, leve a costela ao forno bem baixo. Ela leva cerca de 2 horas para assar. Não tenha pressa. Nesse interim você prepara os acompanhamentos. Pense nisso. Batatas miúdas com casca, cebolas miúdas sem a casca, dentes de alho sem a casca. Nesses regue com azeite, sal moído na hora e alecrim. Agora pegue a abóbora cabutiá e corte em lâminas finas. Um dedo de espessura dá. Sal moído na hora e um fio de mel. Isso mesmo. Mel de abelha. Pode ser melado de cana também que fica legal. Não acabou não! Lance mão de um repolho e corte-o ao meio. Corte novamente cada metade em 4 no sentido longitudinal (como uma talha de melancia). Salpique queijo parmesão ralado. Generoso. Aí sim. Coloque todos os seus vegetais numa assadeira e leve ao forno junto com a costela. Logicamente que na segunda hora de cocção senão elas vão derreter. Se quiser facilitar as coisas cozinhe de leve as batatas e as cebolas. Adianta o processo. Estando tudo pronto você retira a costela (de preferência na cor dourada), que nesse momento deve estar cheirando pela casa toda, e leve a assadeira ao fogo com o caldo restante do cozimento. Acrescenta uma colher de manteiga de leite (como se não tivesse gordura suficiente) e uma dose de cerveja Lion Fish Stout. Pronto descobriram a bebida que harmoniza. Eu e minha boca grande. Pois reduzam a mistura até ter consistência de molho. Arrume tudo numa travessa ou tábua. Costela, vegetais assados e molho. Derrame suavemente sua Stout em uma taça (deixando o cremoso colarinho de um dedo) e corra para o abraço. Os toques de café, toffe e chocolate da cerveja praticamente copulam com o barbecue. Coisa de louco. Se não gostar pode sair direto para um hospício.

 

ps. Onde achar o molho BBQ Brewer Chef e a Lion Fish Stout? www.reinodomalte.com.br    

 

 

Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 23 de janeiro de 2015




sexta-feira, 14 de agosto de 2015

a ave e a Barbie


A ave e a Barbie

 

           

Quando li essa semana a notícia do caso da bela moça que aplicava golpes pela internet bateu-me uma imensa vergonha alheia. Para os que não estão cientes explico em poucas palavras. Trata-se da prisão de uma gatuna que aplicava golpes de venda de celulares e outros pela internet. Nada de novo não se tratasse de uma meliante acima da média de beleza das mulheres brasileiras e que se utilizava desse artifício para facilitar a atuação danosa. Não que as belas estejam incólumes ao mal feito e que a culpa seja sempre das feias. Até apelido a moçoila tinha. Barbie. Não quero aqui me ater aos detalhes dos delitos, mas a vergonha que senti expressa no começo do texto. Mania que nós goianos temos de levar golpes sô! Parece que fazem fila para ludibriar os pobres habitantes do Planalto Central. Aí de imediato lembrei-me de uma crônica escrita no final do ano de 2005 que versava sobre o golpe do avestruz e tinha o título “Ave struz cheia de graça”. Resolvi transcreve-la para que os leitores possam tirar suas próprias conclusões:

 

            “Há alguns meses (quase ano) atrás, chegou um empresário Português da cidade do Porto a nossa cidade e levei-o para almoçar e conversar sobre os negócios da terra. Ele, observando a dinâmica da arquitetura, notou o avestruz. Questionou-me então se aquele negócio havia chegado ao Brasil, e eu mais que prontamente respondi que era o negócio da moda. Ele mais prontamente ainda me informou que o mesmo negócio tinha aportado em terras Lusitanas, anos atrás, e tinha deixado rastro de quebradeira. Mudamos de assunto, mas um questionamento dele ficou em minha mente: Raciocina comigo. Quem no mundo come avestruz? Aqui no Brasil se come esta ave? Então para quem eles vão vender? Ainda mais a um preço exorbitante... mas como eu não havia investido, pouco interesse tinha na conversa. Passamos a conversar sobre vinho do Porto, assunto bem mais interessante.

 

Hoje vendo todo este caos em torno da inofensiva ave, lembro-me do conterrâneo português, que aquela época já nos informava da barbárie do negócio. Também não posso deixar, de como sempre, analisar a influência do lusitanismo português, sempre no sentido sarcástico e nunca ofensivo, na formação do povo brasileiro. Porque será que este negócio da China (nem sei se chinês come avestruz) conseguiu terras férteis logo em países coirmãos? E logo em países descendentes de Camões? Algo há! Será que nas raízes da cultura portuguesa a “ingenuidade” e a propensão ao fácil são mais arraigadas? Enquanto escrevo esta crônica escuto “Pecado Capital” na voz de Paulinho da Viola e, por uma coincidência de fatos, a música é o retrato do malandro brasileiro a procura do dinheiro fácil. “Dinheiro na mão é vendaval, na vida de um sonhador... “. Aí podemos entender que a ingenuidade do português se associou a malevolência do negro africano e a “pouca vontade” de trabalhar do índio Tupi-Guarani e tudo se misturou no caldeirão da miscigenação surgindo a alegria do brasileiro, e é claro, a malandragem. Para ter certeza desta teoria aguardemos os próximos países na rota do avestruz. Caso seja Timor Leste, Angola e Macau... bingo!

           

Não querendo ser precursor do Apocalipse nem aproveitador da desgraça já ocorrida, mas eu bem que avisei! Também não tenho certeza se dei meu alerta por convicção do imbróglio em que se metiam os investidores ou porque tinha inveja da coragem que tinham de arriscar em causa tão perdida, e faturar unzinho na maciota. Mas ao final prevaleceu a lógica, porque esta é uma lei inexorável da natureza. Por alguns instantes pode parecer que as coisas se portam ilogicamente, mas ao final tudo tende ao equilíbrio. Lei Natural. E aos meus conterrâneos, especificamente, um aviso com cara de puxão de orelha: deixemos de nos portar como os bugres que viviam nos Goyazes que se impressionavam com os bandeirantes paulistas que ateavam fogo em cachaça se fazendo passar por Deuses que colocavam fogo em água. Deixemos de endeusar forasteiros que chegam em Ferraris gastando mundos e fundos, dando festas de arromba, e levando vida de marajás às nossas custas. Esta época em que nós, índios, éramos enganados pelo Anhanguera já passou. Raciocinemos que rendimentos de 11% ao mês nem prostituição e drogas, só mesmo a venda do Eldorado aos incautos.

           

Ao fim uma palavra de esperança aos que compraram o sonho de se tornarem ricos sendo cowboys de avestruzes. Boa sorte. É o que resta. Ao fim de toda lógica violada só resta a sorte, de que as aves sejam em número suficiente para serem distribuídas irmanamente. E o que fazer com elas? Sinceramente não tenho esta resposta. Só uma ideia. Ao invés de peru este fim de ano porque não... Avestruz?”

 

 

Quem compartilha da minha vergonha (mais uma vez) ponha o dedo aqui.

 

 

Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 14 de agosto de 2015

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

pirão de sardinha


Pirão de sardinha

 

 

           

Se tem uma coisa que acho interessante é saber o real significado e a origem histórica dos ditados populares. Principalmente aqueles que foram carcomidos pelo tempo e se olhados de perto não estampam sua grafia original como “quem não tem cão caça com gato” ou “batatinha quando nasce se esparrama pelo chão”. Ambos com erro de grafia como que falados ao longo de um telefone sem fio de séculos. Muitos desses ditados são de caráter regional como “cidadão sem eira nem beira”, mesmo mundiais como “quem tem boca vai a Roma” ou vieram com a colonização lusitana como “puxando a brasa para minha sardinha”. Esse último que citei me causa um especial fascínio e por isso procurei saber sua motivação. Durante as pesquisas descobri várias versões, aliás, como a maioria dos ditados populares, mas a que mais chamou a atenção tem a ver com a origem dos cortiços em Portugal. Reza a lenda que os trabalhadores que moravam nos cortiços recebiam o pagamento pelo trabalho muitas vezes em sardinhas. Sim, o peixe. E por vezes utilizavam as brasas dos fogareiros que serviam para iluminar a área comum dos cortiços para assar tais sardinhas. Muitas vezes isso provocava a extinção do fogo que fazia às vezes de benefício coletivo e, por conseguinte uma confusão entre os moradores. Daí teria surgido o sentido da frase em que, por motivos individuais, a pessoa subjuga o sentido coletivo. Mais ou menos como um egoísmo com causas justificada. Ou não. Se a história é uma estória eu não saberia precisar e nem vem muito ao caso, fora a curiosidade, pois na verdade vale o sentido do ditado. Além do sentido, vale seu uso cotidiano. E por coincidência da raiz lusitana, ou não, penso que o brasileiro se adaptou bem ao drama da sardinha. O retrato do país hoje basicamente se resume a puxar brasa para seu lado. Estamos em crise, isso ninguém nega. Ou pelo menos os que têm sanidade mental preservada. Temos que contingenciar. Isso é certo. Temos que cortar na carne. Isso também é certo. Executivo, Judiciário, Legislativo e cidadão. Todos juntos numa cruzada. Opa! Mas não mexam com o meu. Meu reajuste de salário é justo. Meu benefício é previsto em lei. Minha verba é sagrada. Minha viagem para Miami é remédio. O do meu vizinho tem que cortar, mas o meu é devido. A minha sardinha tem que assar. E para não dizer que só falei de sardinha, falo de farinha também, porque se ela é pouca, meu pirão primeiro.    

 

Guilherme Augusto Santana

Goiânia, sexta feira 07 de agosto de 2015