Paraíso
astral
Sempre
gostei de festas. Os que são mais chegados sabem bem disso. As datas festivas
trazem um astral diferente e proporcionam uma quebra no cotidiano muitas vezes
desgastante pelo qual passamos. Minha data de aniversário, então, sempre foi
aguardada com ansiedade. Com festa ou sem festa, nunca deixei de alegrar-me com
esse evento. O problema dessa data sempre foi, exatamente, o período próximo a
ela. Uma irritabilidade pulsante aparecia do nada e fazia da minha semana
anterior um inferno. Se fosse só com a minha pessoa estava fácil de resolver
mas existe uma máxima desse inferno astral antes das datas de aniversário que
ronda a humanidade. Eu, logicamente, sentia os efeitos desse mal agouro e
sofria enormemente com o fato. Na verdade, sofriam os mais próximos que tinham
que conviver com essa tensão pré aniversário. Nunca questionei esse fato com
muita profundidade e tocava a vida conformado que isso fazia parte da minha
vida, como também o fazia da vida de muitos. Determinado tempo atrás a inquietude
pululou em minha mente e comecei a raciocinar sobre as causas do fato. Seria um
desejo instintivo de não envelhecer? Seria medo da morte? Seria ansiedade? Seria
influência dos astros e outros esoterismos mais? Seria influência cultural?
Seria pura besteira? Não sei se alguém que está lendo esse texto sofre desse
mal (e espero que sofra porque senão vou me sentir maluco), e também não sei se
já se pegaram analisando as causas, mas no meu caso a resposta foi cabal.
Determinante. Revelador. Era um pensamento de massa. Aquele que instituem não
sei de onde e grande parte da humanidade adota como próprio. Um misto de
superstição com ciência popular e um pingo de quem não tem nada para fazer e
fica inventando coisas para atrapalhar a vida dos outros. Descoberto isso
fiquei mais aliviado. Não precisava mais seguir aquela “tradição”. Senti-me
desobrigado de ficar emburrado e irritado nas vésperas do aniversário. Podia
envelhecer sossegado. Mas confesso que de vez em quando esse pensamento piolho
volta a infestar minha mente. Então paro com os meus botões e abro um sorriso.
Dessa vez não rapazinho! Aqui você não se cria mais. E sigo meu caminho. Por
que no fundo quem escolhe se a vida é um inferno ou um paraíso sou eu.
Guilherme
Augusto Santana
Goiânia, sexta feira 15 de julho de 2016
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