Os anais da História
Diante desse reboliço
político econômico que vivemos na atualidade brasileira, as vezes me pego
pensando como isso será escrito na História daqui um tempo. Perco-me em
imaginar o que os filhos dos meus filhos lerão nos livros, ou tablets, ou o que
valha na época, sobre esse período histórico efervescente. Poucas pessoas
conseguem se abstrair do presente e valorar com precisão o real impacto dos
fatos no futuro. A operação Lava jato é um exemplo disso que falo. Muito se
escuta, inclusive proferido pela minha boca, que se trata de algo sem
precedentes na História do país. Mas conseguimos auferir o real tamanho do impacto
disso nas gerações futuras. Será que no ano de 2090 alguém lerá nos livros que
metade da população do país foi presa por envolvimento direto ou indireto nessa
operação? Ou lerá que a grande maioria das empreiteiras foi levada a falência e
com isso a taxa de desemprego beirou os 50%? Ou pode ser lido que o índice de corrupção
se adequou aos níveis dos países nórdicos. Por que não? Pode ser também retratado
que o país devido ao sistema político falido tenha voltado ao regime monárquico.
Ou ao regime parlamentarista. Ou ainda ao regime anárquico. Tudo é possível.
Será que associarão a fase pós Real como a ascensão do país ao olimpo da
economia mundial ou compararão a uma ilha de otimismo que foi na era JK? E quanto aos protagonistas do nosso cenário nacional?
O que será escrito sobre eles? Joaquim Barbosa e sua capa de Batman ou o
ostracismo numa lápide de cemitério? Sérgio Moro e sua espada justiceira ou mais
uma vítima da espada da justiça? A primeira Presidenta brasileira e sua volta
por cima ou mais um Presidente a sofrer o impeachment? Será o último Presidente
da República? Não sei. Porém de todos esses personagens o que me detenho em
maior curiosidade é o ex Presidente Lula. Gostaria de ter uma máquina do tempo
para saber o que será escrito sobre ele daqui a um século. De vilão a
esperança. De esperança a redentor. De redentor a vilão. E daqui a 100 anos? Nem
imagino. Infelizmente, ou felizmente, não temos essa capacidade precisa de futurologia.
E talvez se tivéssemos não nos esforçaríamos tanto em raciocinar sobre a nossa
postura e nossas atitudes. Bastaria então saber o que demandaria no futuro e
corrigir o rumo do presente. Fácil demais. Nesse ponto a sabedoria divina é “pleonasticamente”
sábia. Sendo assim tratemos, pois, de escrever o presente com a inteligência
que nos foi franqueada pelo Criador, para que nossos herdeiros tenham a oportunidade
de ter futuro. É o que nos resta. É o que nos compete.
Guilherme Augusto Santana
Goiânia, sexta feira 26 de fevereiro de 2016
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