O Papa é Pop
Inevitável quando se aproxima o fim
do ano, são as listas daqueles que se destacaram mais ao longo do mesmo ou os
assuntos mais comentados. Ou os dois juntos. Para não ser diferente da corrente comum vou
aqui fazer uso desse artifício, porém não com listas, mas com um eleito só. Sem
dúvida nenhuma, para esse que vos escreve, a unanimidade do ano foi o Papa
Francisco. Jorge Mário Bergoglio assumiu o papado em março de 2013 em
substituição ao taciturno Papa Bento XVI e começou escolhendo um nome bem mais
suave e fraternal: Francisco. Quem nessa face da terra já não escutou falar do
santo da humildade e dos animais? Já a alcunha Bento não sei dizer nada sobre.
E olha que já tivemos 15 antecessores. Outras duas coisas que o tornaram impar
foram os ineditismos do primeiro Papa jesuíta e latino americano. Confessamos,
nós brasileiros todos, a ponta de decepção pelo fato da escolha ter recaído
sobre a Argentina, afinal tínhamos grande chance no certame, mas querer que o
Papa e Deus sejam brasileiros é muito egoísmo né não? Pois sei que o homem
entrou de sola no cargo. A começar por seu sorriso aberto (bem diferente do
Papa Ratzinguer) e suas atitudes franciscanas. Entrou na garagem do Vaticano e colocou
a venda os veículos de luxo, mostrando o viés de humildade que norteia sua
conduta. Chamou ao diálogo as religiões que vivem se engalfinhando
secularmente, mostrando a visão de coexistência pacifica entre os homens. Defendeu
os homossexuais e excluídos chamando-os à igreja, colocando o preceito da
tolerância e inclusão. Disse até que os cachorros iam para o céu! Pensa bem! Um
Papa que no contexto geral parece agradar gregos e troianos. Talvez não se faça
tão agradável à parte da Cúria Romana, visto que tem pisado no calo de muitos conservadores
da Igreja Católica, mas nem por isso deixa de chamar a atenção das “cabeças
coroadas”, como fez essa última semana quando citou as 15 doenças que acometem
a direção da igreja. E isso tudo no verbo rasgado. Em latim e demais línguas
entendíveis pelos cardeais, bispos e demais membros da igreja. Uma literal
lavada de roupa suja em público. Sem papas na língua (perdoem-me o trocadilho
infame). Para fechar com chave de ouro o ano papal, por ordem de seu
aniversário no dia 17 de dezembro, o Presidente Obama anunciou o reatamento das
relações diplomáticas com Cuba e o possível fim do embargo econômico à ilha dos
irmãos Castro. Tal atitude foi em grande parte atribuída à intervenção
diplomática do Papa Francisco. Sinal de sua capacidade de conciliação e
vanguardismo. A única mancha que fica nesse ano de glória de Francisco é a
derrota de seu time, o San Lorenzo, na final do campeonato mundial de clubes da
FIFA (apesar da vitória inédita da Copa Libertadores da América). Mas também
ganhar do Real Madri com essa bola que estão jogando ultimamente é papel para
uns três papas e dois santos juntos. De qualquer forma talvez sua intervenção
com o Divino tenha feito com que o seu time argentino só perdesse por dois
gols. Quase um milagre nas atuais circunstâncias futebolísticas. Agora, para colocarmos
o laço de fita no presente, só falta o Pontífice declarar Humberto Gessinger
como profeta da Igreja, haja vista sua profecia ter se cumprido. Afinal o Papa
é Pop. Literalmente.
Guilherme Augusto
Santana
Goiânia, sexta feira 26 de dezembro de 2014